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A história dos Contratos Futuros

O primeiro especulador com contratos futuros da história

A primeira referência sobre negociações a futuro da história ocorreu entre 625 – 558 a.C. com Tales de Mileto - matemático, astrônomo e filósofo grego. Bastante questionado sobre a utilidade de sua profissão, Tales previu com nove meses de antecedência uma excelente colheita de azeitonas.

Tendo pouco dinheiro para investir no plantio de azeitona, Tales decidiu reservar todos os depósitos de azeitonas existentes em Mileto. Tales também procurou todos os donos de prensas de azeitonas, utilizadas para transformar azeitonas em azeite de oliva, e fazer uma oferta pela exclusividade de uso dessas prensas durante a próxima colheita. Estabelecendo um paralelo com o mercado de futuros moderno, Tales celebrou um contrato futuro para utilizar os depósitos e as prensas de azeitona durante a colheita da próxima safra. Apesar da população pensar o contrário, Tales – como bom astrônomo – previu a chegada de uma ótima safra de azeitonas.

“Tales sabia pelos seus conhecimentos das estrelas, ainda no inverno, que ocorreria uma grande colheita de azeitonas no ano seguinte”. (Aristóteles)

Como ninguém acreditava que Tales pudesse prever a próxima colheita com tanta antecedência, os donos das prensas e dos depósitos aceitaram sua oferta, pois, assim, também poderiam se proteger e garantir algum lucro caso a próxima colheita fosse fraca. Tales conseguiu pagar taxas bem baratas porque não haviam outros interessados no mercado de azeitona durante o inverno. Sob os olhos do mercado, Tales estava especulando. Os donos das prensas e dos depósitos, por sua vez, executaram uma operação de hedge.

Uma colheita abundante e uma grande demanda por depósitos e prensas de azeitonas provaram que as previsões de Tales estavam corretas. Tales alugou os depósitos e as prensas pelo preço que desejou, obtendo um grande lucro. Utilizando a terminologia do mercado de futuros, Tales depositou uma margem de garantia pelo uso das prensas e dos depósitos de azeitona e, revendeu sua posição, obtendo um grande lucro no futuro.

Tales foi um filósofo pré-socrático, considerado, segundo a tradição, o primeiro físico grego, isto é, o primeiro a investigar as questões referentes à natureza. Foi considerado um dos sete sábios da Grécia. De acordo com várias fontes, este pensador teria previsto o eclipse total do sol, em 585 a.c. Tales também teria desviado o curso do rio Hális, de modo que o exército de Creso, do qual fazia parte, pudesse prosseguir viagem.

Segundo Aristóteles, Tales nunca teve interesse em acumular riquezas. Entretanto, após ter sido censurado por alguns concidadãos por causa de sua pobreza, alegando que esta era uma prova da pouca valia da filosofia, Tales decidiu utilizar os seus conhecimentos para provar ser fácil a um filósofo enriquecer, se assim desejar.

 

Os primeiros mercados futuros da história

Os contratos futuros nasceram, originalmente, para melhorar as condições de negociação das commodities agrícolas e, somente muito tempo depois, começaram a ser utilizados na negociação de ativos financeiros.

Há relatos de negociações de contratos futuros desde o século XII. Na época, a preocupação com o preço dos ativos agrícolas já era bastante grande, e nas feiras espalhadas por toda a Europa medieval já havia pessoas interessadas em arbitrar negociações para uma data futura. A celebração de um contrato futuro sempre fez bastante sentido para todos os participantes: os vendedores – normalmente os produtores das mercadorias agrícolas – conseguem garantir que seus produtos serão vendidos após a colheita; e os compradores – distribuidores e demais intermediários – conseguem garantir a compra dos produtos a um valor dentro de suas expectativas e planejamento.

 

As especiarias orientais

As negociações a futuro na Europa medieval não restringiam-se apenas às commodities agrícolas e seus produtores. A história do último milênio foi marcada pela admiração dos europeus a determinados produtos importados do oriente. Durante séculos, Constantinopla – atual Istambul, capital da Turquia – funcionou como o elo de ligação mercantilista entre oriente e ocidente.

Na Europa, a partir das Cruzadas, desenvolveu-se o consumo das especiarias oriundas da Ásia – em especial, ervas aromáticas e temperos. Para atender a essa demanda, ampliou-se o comércio entre os dois continentes através de várias rotas terrestres e marítimas, que uniam não apenas a Europa internamente (mais especificamente, suas diversas feiras), mas esta à China (rota da seda) e à Índia (rota das especiarias). A dinâmica dessas rotas variou ao sabor das guerras e conflitos ao longo dos séculos. A partir da criação do Império Mongol, entre os séculos XIII e XIV, o comércio entre a Europa e o Oriente conheceu um período de prosperidade.

No entanto, em 29 de Maio de 1493, a tomada de Constantinopla pelos otomanos passou a dificultar o acesso dos europeus aos produtos asiáticos, pois as rotas de comércio dos principais condimentos passaram ao controle turco, ficando, assim, bloqueadas as atividades dos mercadores cristãos. Na tentativa de contornar o problema, Portugal e Espanha organizaram expedições para exploração de rotas alternativas - um caminho marítimo para o Oriente. O projeto português previa um ciclo oriental, contornando a África, enquanto que o projeto espanhol apostou no ciclo ocidental, que culminou no descobrimento da América.

Tais expedições eram bastante dispendiosas e perigosas. Eram, em sua maioria, financiadas por mercadores interessados em lucrar com a comercialização das tão desejadas especiarias. Na prática, funcionavam da mesma maneira que os contratos futuros atuais. Os mercadores – financiadores das expedições – apostavam no sucesso da exploração para obterem seus produtos no futuro. Pagavam o custo das expedições para tentar lucrar com a venda dos produtos importados da China e da Índia. Eram, no entanto, investimentos de altíssimo risco dada a alta taxa de insucesso dessas excursões.

 

Tulipamania: o primeiro crash da história

A Tulipamania, considerada por muitos como a primeira bolha do mercado financeiro, é o primeiro relato documentado das consequências que os contratos futuros podem gerar quando são utilizadas como instrumentos financeiros de especulação.

Introduzida no mercado holandês pelos turcos, em pouco tempo, as tulipas tornaram-se um símbolo de status entre a aristocracia holandesa do século XVII. Naquela época, para se comprar um único bulbo da flor eram necessárias 24 toneladas de trigo. Em 1624, uma tulipa do tipo Semper Augustus custava o preço de uma casa ampla no centro de Amsterdã. A valorização sem precedentes do mercado de tulipas fez com que produtores e intermediários passassem a negociar contratos de opções e de futuros de tulipas.

Não demorou muito para que esses contratos passassem a ser negociados livremente apenas de forma especulativa, uma vez que, com a forte valorização das tulipas, esses contratos também passaram a valer mais. Os intermediários especuladores passaram a preferir repassar os contratos a terceiros, vendendo-os com lucro, ao invés de exercerem seus direitos de compra das tulipas.

Quando o mercado percebeu que as tulipas não valiam o preço pela qual estavam sendo negociadas, a bolha especulativa do mercado de tulipas estourou. Os intermediários passaram a vender os seus contratos a preços cada vez mais baixo, amargando um grande prejuízo. Os especuladores que não conseguiram vender seus contratos, não tiveram como honrar seus compromissos junto aos produtores, espalhando a crise para diversos setores da economia holandesa.

Enquanto os contratos futuros eram negociados como forma de proteção do ativo-objeto, tanto para o comprador quanto para o vendedor, o risco para as partes envolvidas no negócio eram baixos e controlados. Quando esses contratos passaram a ser negociadas de forma especulativa, os intermediários deixaram de lado a relação com o ativo-objeto e passaram a se preocupar em revendê-los com lucro, sem considerarem as obrigações que tais contratos estabelecem.

As futuros não foram criadas para serem instrumentos especulativos, mas sim, para serem um instrumento de proteção contra grandes variações de preços.

 

CBOT: a primeira bolsa de mercadorias e futuros da história

A criação da Chicago Board of Trade (CBOT) em 1848 marcou o desenvolvimento e o profissionalismo da atividade de negociação de contratos futuros.

As preocupações dos produtores americanos em garantir a venda de seus produtos, bem como dos usuários finais em assegurar a disponibilidade dos mesmos produtos para industrializá-los, resultaram na criação dos contratos futuros. Inicialmente, o principal entrave à efetivação destes contratos foi o risco de crédito. Com o objetivo de trazer mecanismos de proteção ao mercado de grãos do centro-oeste dos Estados Unidos, um grupo de empresários criou a mais antiga e mais importante bolsa de commodities agrícolas do mundo. Inicialmente, a CBOT negociava apenas commodities agrícolas tradicionais como milho, soja e trigo. Aos poucos, novos contratos futuros de commodities agrícolas foram inseridos e, desde 1973, a Bolsa de Chicago passou a negociar contratos baseados em ativos financeiros. Atualmente, o corpo social da bolsa é composto por mais de 3.600 membros que negociam mais de cinquenta diferentes contratos de futuros e opções em pregões viva voz e eletrônico.

 

A primeira bolsa de mercadorias e futuros do Brasil

No Brasil, a história do mercado futuro só teve início em 1917, quando foi criada a Bolsa de Mercadorias de São Paulo para a negociação de contratos futuros de algodão. Em 1991, a Bolsa de Mercadorias de São Paulo fechou um acordo com a Bolsa Mercantil & de Futuros, que tinha sido fundada em 1985 e negociava contratos financeiros. EM 1997, com a celebração de um acordo com a Bolsa Brasileira de Futuros (BBF), a BM&F consolidou-se como o principal centro de negociação de derivativos da América do Sul.