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Palavras: declarações do governo não seguram forte queda do Ibovespa e nova alta do dólar

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Rio de Janeiro, 18 de Fevereiro de 2014 – O que você faria se, no meio da noite, o gerente de seu banco te ligasse dizendo que você tem um terço de chance de ter a sua linha de crédito pessoal reduzida?

Pois foi o que aconteceu ontem a noite com a divulgação de mais um relatório da agência de risco Standard & Poor’s, criticando o excesso de gastos públicos do governo tupiniquim e o risco da alta e crescente inflação.

Desta vez foi apenas um aviso, mas não custa se prevenir, não é mesmo?

Não é nem preciso dizer que pro seu gerente se dar ao trabalho de te ligar numa situação dessas, é por que ele sabe que você realmente precisa, e utiliza, a tal linha de crédito…

 

Gerente de banco???

 

Não, a Standard & Poor’s – S&P para os íntimos – não é um banco nem qualquer tipo de instituição financeira. É, na verdade, uma agência de classificação de risco de investimento em países e empresas.

O grau de investimento fornecido por esse tipo de agência chancela um país ou uma empresa a receber bilhões de dólares em investimentos. A perda desse grau de investimento relega um país ou uma empresa ao título de investimento de risco, ou seja, ao “dinheiro de pinga” das grandes instituições financeiras e fundos de investimento e de pensões internacionais.

Tudo o que o Brasil não precisa neste momento tão turbulento da economia mundial – ainda em recuperação da depressão pós-crises (crise imobiliária americana e crise de crédito europeia) – é perder o seu grau de investimento.

O dólar está indo embora por osmose desde que a economia norte-americana começou a se recuperar. Os investidores estão tirando dinheiro daqui para realocá-lo no porto-seguro-mor. O fluxo cambial negativo se intensificou desde que o Federal Reserve (Fed) começou a fechar a torneira.

A balança comercial vai mal, obrigado. Perigou fechar o ano passado com déficit, tendo que lançar mão de manobras contábeis para manter o indicador no positivo.

Sem o grau de investimento, o Brasil verá a entrada de dólares desabar: a paridade Dólar x Real vai disparar, pressionando a inflação, prejudicando o crescimento econômico e diminuindo ainda mais a confiança do investidor.

Ciclo vicioso do mal!

 

Guido Mantega falou, Guido Mantega avisou

 

Mas você acha que o governo brasileiro vai ouvir isso tudo calado, sem reagir?

Calado não. Sem reagir, possivelmente sim.

Pela manhã, o ministro da Fazenda Guido Mantega retrucou as críticas que o governo vem recebendo das instituições internacionais. Segundo ele, “o Brasil não está entre os países emergentes mais vulneráveis à redução dos estímulos econômicos patrocinados pelo Federal Reserve”. Na cabeça do ministro, todos estão equivocados. Deve ser perseguição…

Ainda segundo o ministro, “a retirada dos estímulos dos Estados Unidos será um pouco dolorosa, representando um parto para o nascimento de um novo ciclo econômico para a economia mundial”.

Só nos resta torcer para que nasça um filho saudável, não é mesmo? Por que bonito, certamente, não será.

 

O problema foi de timing?

 

O presidente do Banco Central do Brasil (BC), Alexandre Tombini, também falou: “O BC tem feito seu dever de casa, combatendo a inflação, que continuará declinando em 2014 e à frente”.

De fato, a taxa básica de juros (Taxa Selic), principal instrumento de controle da inflação, vem em um longo processo de alta. A inflação, se não recuou na amplitude imaginada, não subiu tanto quanto a conjuntura internacional poderia pressiona-la.

A bronca do mercado é que a escalada de alta da Taxa Selic poderia (deveria) ter sido iniciada antes. E não foi por causa de timing. Desde a saída de Henrique Meirelles da presidência do BC, a instituição perdeu sua independência. Ficou a mercê das vontades e das estratégias mirabolantes da presidência.

O mercado não aceita esse tipo de intervenção.

 

Cobertor curto

 

Além de aumentar a taxa de juros, o governo não tem muito mais o que fazer. Pelo menos não agora.

Teremos eleição! Não é do feitio político ser austero em ano eleitoral.

Teremos Copa do Mundo! Ainda tem muito papagaio voando por aí.

Teremos Olimpíadas! Afinal, o show tem que continuar.

Não podemos esquecer também de um problema mais urgente: Como pagar o custo das usinas termelétricas?

O governo ainda não definiu uma solução para os custos extras de acionamento das térmicas – que aumentou desde o final de 2012. A solução é aguardar até que fique mais clara a situação dos reservatórios das hidrelétricas no Sudeste e Centro-Oeste para que uma decisão seja tomada.

Segundo o governo, no Orçamento de 2014, esta garantido um repasse de R$ 9 bilhões do Tesouro para cobrir parte dos custos extras no setor elétrico. Esse valor, porém, não é suficiente nem mesmo para bancar os gastos previstos para este ano com programas federais, como o Luz para Todos, e com as indenizações a concessionárias.

Como vocês sabem, o mercado odeia este tipo de indefinição.

 

Que venham as Águas de Março… Pelo amor de Deus!

 

Os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste estão hoje com 35,36% da sua capacidade. Portanto, para que cheguem ao final de abril com 43%, será necessário que, nos próximos 2 meses, recebam água suficiente para uma elevação de 8 pontos.

O armazenamento médio de água em 43% da capacidade total dos reservatórios seria suficiente, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), para garantir o fornecimento de energia no país ao longo de 2014 e também 2015.

Por via das dúvidas, o governo já determinou o acionamento da usina termelétrica de Uruguaiana, localizada no Rio Grande do Sul, para reforçar a geração de energia térmica no país. No ano passado o governo já havia acionado Uruguaiana para reforçar a geração de energia em meio à queda no nível dos reservatórios das hidrelétricas.

 

Enquanto isso, na terra do sol nascente…

 

Já sabendo que o mercado abriria de má vontade por conta do relatório da Standard & Poor’s, o investidor madrugou para acompanhar o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária do Japão, que avaliaria os resultados do programa de estímulo econômico adotado pelo Banco Central local.

E para felicidade geral da nação, o BC japonês decidiu reforçar o estímulo para que as instituições financeiras fomentem o consumo e a reconstrução do país via crédito.

Ótima notícia! As ações negociadas na Bolsa de Valores de Tóquio dispararam e o índice Nikkei 225 fechou em alta de 3,13%.

Pena que o alívio durou pouco! As demais bolsas asiáticas fecharam em baixa, realizando os sólidos ganhos das últimas sessões. As perdas foram particularmente ruins na China, após o banco central do país drenar liquidez do sistema financeiro por meio de uma operação compromissada. O índice Xangai Composite teve queda de 0,77%, fechando cotado a 2.119,07 pontos.

 

Queima Total

 

Na esteira das notícias ruins, a Bolsa de Valores de São Paulo amargou uma terça-feira de queda generalizada no valor de mercado de suas empresas. Apenas sete das setenta e três ações que compõem o Ibovespa fecharam no azul. O principal índice da Bovespa encerrou a sessão em forte queda de 2,05%, cotado a 46.599 pontos.

O pior é que desta vez não há nem o que ou quem culpar. Ao que parece, o índice apenas seguiu sua inexorável marcha.

Sabe quem também manteve-se fiel a sua tendência atual?

 

O dólar

 

O dólar avançou 0,37% nesta terça-feira frente ao real, negociado a R$ 2,3975 na venda. De novidade, apenas a valorização generalizada da moeda norte-americana em relação às demais moedas emergentes após o feriado nos Estados Unidos da véspera.

Onda global de mau humor em relação aos ativos de países em desenvolvimento? Pode ser…

Fato é que o Banco Central brasileiro deu continuidade às intervenções diárias, vendendo a oferta total de até 4 mil swaps cambiais tradicionais. A autoridade monetária também ofertou swaps para 01 de agosto, mas não vendeu nenhum.

Qual seria o impacto na cotação dólar se o governo parasse de intervir no câmbio, deixando-o fluir naturalmente?

 

Tesouro Direto

 

As declarações do presidente do Banco Central nesta terça-feira acabaram contribuindo para que os juros futuros passassem a recuar nesta sessão. Alexandre Tombini afirmou que o BC tem vários instrumentos para lidar com a inflação e para combater a volatilidade do dólar, destacando em particular as reservas internacionais brasileiras.

O mercado financeiro interpretou a declaração como uma indicação de que o ritmo atual da política monetária pode ser reduzido agora.

Desde abril passado o BC tem elevado a Taxa Selic para combater a inflação elevada. Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne novamente e, pela curva dos juros futuros, a maioria das apostas passou a indicar agora que a taxa básica de juros será elevada em 0,25 ponto percentual, para 10,75% – num ritmo mais lento que o registrado nos encontros anteriores, quando os juros subiram 0,50 ponto percentual.

Confira a performance diária do mercado brasileiro de títulos públicos.

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