A moeda norte-americana emplacou mais uma sessão de baixa nesta sexta-feira, com os investidores brasileiros, mais uma vez, confiando no discurso do presidente do banco central, Alexandre Tombini, de que os juros não devem ser reduzidos neste ano. Mesmo assim, o dólar ainda continuou cotado acima de quatro reais.

Em 2016, após trinta e três pregões, o dólar acumula uma alta de 1,89% ante o real. Já no segundo mês do ano, após treze pregões, a moeda acumula uma leve baixa de 0,04%.

Dólar Hoje

O dólar caiu 0,65% ante o real nesta sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016, negociado a R$ 4,0217 para compra e a R$ 4,0227 para venda. Ao longo do dia, a cotação da moeda norte-americana oscilou entre R$ 4,0217 (valor mínimo) e R$ 4,0597 (valor máximo).

Cenário Internacional

No cenário externo, os preços do barril de petróleo voltaram a cair. Isso faz com que investidores evitem alocar recursos em negócios de maior risco.

Além disso, o governo norte-americano divulgou nesta manhã que a inflação do país em janeiro ficou estável. Porém, o núcleo da inflação, que exclui os itens alimentícios e de energia, subiu 0,3%, constituindo-se na maior alta desde agosto de 2011.

A estabilização da economia nos Estados Unidos pode permitir que o banco central norte-americano eleve a taxa básica de juros do país gradualmente ao longo deste ano. Juros mais altos atrairiam para os EUA recursos atualmente investidos em mercados de maior risco, caso do Brasil.

Cenário Nacional

No cenário local, a volatilidade da cotação do dólar vem sendo acentuada por preocupações com a possibilidade do governo decidir recorrer ao afrouxamento da política fiscal para combater o crescente enfraquecimento da economia.

Nesta tarde, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão anunciou que o governo federal autorizou um bloqueio de gastos na ordem de R$ 23,4 bilhões no Orçamento de 2016.

Este corte nos gastos públicos está bem aquém do necessário para estabilizar as finanças públicas, que devem continuar em déficit, ou seja, com as despesas maiores que as receitas. Assim, os investidores continuam preocupados com a situação das contas públicas brasileiras, em meio a dúvidas sobre a capacidade do país de cumprir a meta fiscal do ano.

O pessimismo foi reforçado pelo novo rebaixamento da nota brasileira pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), na quarta-feira. A S&P foi a primeira a retirar o selo de bom pagador do Brasil, em setembro do ano passado.

Além do anúncio de corte no Orçamento, o Palácio do Planalto também piorou a projeção sobre o (de)crescimento da economia brasileira em 2016: de -1,9% para -2,9%.

Banco Central

Na parte da manhã, o Banco Central (BC) promoveu mais um leilão para rolagem dos contratos swap cambial com vencimento em março, vendendo a oferta total de 11,9 mil contratos. Ao todo, a autoridade monetária já conseguiu rolar US$ 6,969 bilhões, ou cerca de 70% do lote total, que equivale a US$ 10,118 bilhões.

Por meio dos contratos de swap cambial, o BC realiza uma operação financeira que equivale à uma venda de moeda no mercado futuro (derivativos), o que reduz a pressão sobre a alta dessa moeda.

Os swaps são contratos para troca de riscos: o BC oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento desses contratos, o investidor se compromete a pagar uma taxa de juros sobre o valor deles e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período.

Esses contratos servem também para proteger os agentes que têm dívida em moeda estrangeira – neste caso, quando o dólar sobe, eles recebem do BC o valor dessa variação.

Variação da Cotação do Dólar Comercial em 19 de Fevereiro de 2016