Os reflexos da Operação Lava Jato proporcionaram mais um semana de grande volatilidade no mercado de câmbio brasileiro. A décima primeira semana do ano começou com duas fortes altas do dólar, puxadas pela boataria de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria sido convidado para integrar um dos ministérios do governo de Dilma Rousseff. Nos dois pregões seguintes, no entanto, a moeda norte-americana registrou três baixas em sequencia. Mesmo com a confirmação de que Lula integraria o ministério da Casa Civil, o preço da divisa dos Estados Unidos derretou após o juiz Sérgio Moro divulgar uma série de áudios, gravados diretamente dos telefones de Lula. As gravações mostram conversas de Lula com Dilma e com seu advogado. As gravações deixam claro que a real intenção da nomeação de Lula para ministro seria lhe conceder foro privilegiado para se defender das acusações de corrupção e tráfico de influências. Os áudios geraram uma série de protestos nas ruas e a deflagração do processo de impeachment na Câmara dos Deputados. Agora, a presidente Dilma tem até dez sessões da Câmara para apresentar sua defesa.
Em 2016, após cinquenta e três pregões, o dólar acumula uma queda de 9,28% ante o real. São vinte e três pregões de alta contra trinta de baixa. No ano passado, a divisa dos Estados Unidos fechou cotada a R$ 3,9470 para compra e a R$ 3,9480 para venda.
No mês atual, após catorze pregões, a moeda norte-americana acumula uma desvalorização de 9,49%. São onze pregões de baixa contra três de alta. No último pregão de fevereiro, o dólar fechara cotado a R$ 4,0012 para compra e a R$ 4,0035 para venda.
Variação diária do dólar na décima primeira semana de 2016
Data | Compra | Venda | Variação % | Variação |
18/03/16 | 3,5802 | 3,5817 | -1,96% | -0,0716 |
17/03/16 | 3,6505 | 3,6533 | -2,30% | -0,0858 |
16/03/16 | 3,7367 | 3,7391 | -0,64% | -0,0239 |
15/03/16 | 3,76 | 3,763 | 3,03% | 0,1106 |
14/03/16 | 3,6515 | 3,6524 | 1,71% | 0,0614 |
O dólar em 14 de Março de 2016, segunda-feira
Nesta segunda-feira, a moeda norte-americana fechou em alta, interrompendo uma sequência de quatro baixas consecutivas, após forte queda recente abrir espaço para ajustes e com investidores avaliando os desdobramentos políticos após as manifestações contra o governo na véspera que também marcaram críticas à oposição. O mercado também repercutiu rumores sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vir a assumir um ministério do atual governo, o que poderia tirar força de eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O dólar em 15 de Março de 2016, terça-feira
O preço da moeda norte-americana subiu forte pelo segundo dia consecutivo, reagindo com pressão à notícia de que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva deve aceitar a oferta de se tornar ministro do governo da atual presidente Dilma Rousseff. Com isso, ele teria foro privilegiado e não poderia mais ser julgado pelo juiz Sérgio Moro. Como os investidores, nas últimas semanas, têm baseado suas escolhas de investimento única e exclusivamente no desenrolar dos acontecimentos da Operação Lava Jato, já era de se esperar que a cotação do dólar se valorizasse com a notícia, que supostamente prejudicaria as investigações sobre o símbolo máximo do Partido dos Trabalhadores (PT) e o processo de impeachment da atual presidente.
Dólar volta a subir forte nesta terça-feira, reagindo a idéia de que Lula pode se tornar ministro
O dólar em 16 de Março de 2016, quarta-feira
A moeda norte-americana fechou em leve baixa nesta quarta-feira, reagindo positivamente à decisão do Federal Reserve, banco central norte-americano, de manter a taxa básica de juros dos Estados Unidos inalterada. Isso acalmou um pouco os investidores, que sofriam com a escalada do dólar ao longo de todo o dia, provocada pela confirmação do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva como o novo ministro da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff.
Dólar cai em dia de decisão do Federal Reserve e de confirmação de Lula com ministro
O dólar em 17 de Março de 2016, quinta-feira
A moeda norte-americana voltou a fechar em baixa nesta quinta-feira, registrando a maior desvalorização percentual do ano. A forte queda ocorre um dia após o Federal Reserve anunciar que o aperto na política monetária nos Estados Unidos será mais tênue que o anunciado anteriormente. Os investidores ficaram bem mais calmos com a notícia, uma vez que aumentos – mais leves e menos frequentes – na taxa de juros da maior potência econômica mundial, tendem a diminuir o fluxo de saída cambial de países de economia mais fraca, detentores de ativos de maior risco, como o Brasil. O banco central brasileiro também gostou da notícia, anunciando uma redução em sua política de rolagem de swaps cambiais – contratos equivalentes a venda futura de dólares. Com a medida, a autoridade monetária visa reduzir seu estoque de contratos de swaps, com a esperança de diminuir a dívida bruta e o déficit nominal acumulados no ano passado com este tipo de operação. O dia também foi marcado pela posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil, nomeação suspensa pouco depois por decisão da Justiça do Distrito Federal.
O dólar em 18 de Março de 2016, sexta-feira
A moeda norte-americana fechou em forte baixa pelo terceiro pregão consecutivo, atingindo a sua menor cotação nos últimos sete meses e em 2016. Mais uma vez, a aposta da maior parte dos investidores na saída de Dilma Rousseff da presidência da República deu o tom no mercado de câmbio brasileiro nesta sexta-feira. Em um dia em que as demais moedas do mundo registraram leves perdas ante o dólar, um provável reajuste ante a forte valorização na véspera, o real fechou o dia em forte alta.
Dólar atinge novo valor mínimo no ano, fechando a semana cotado a R$ 3,58