O PIB deve cair 4,2% no ano

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Há um imperativo dos mercados do qual é sempre difícil fugir: “os mercados sobem no boato e caem no fato”. E é isso o que está acontecendo hoje, com Petrobras (-4,7%) e Vale (-3,8%) derretendo e dólar e juros subindo forte. É possível que o otimismo com o impeachment tenha sido todo antecipado e hoje estamos vendo uma realização. Colabora a queda dos futuros em Nova York, puxadas pela queda do Petróleo WTI, que derrete 4,5%, cotado a 36,87 no futuro. Veja o gráfico do petróleo:

O gráfico de seis meses mostra a queda dos US$ 65 para o mínimo de US$ 28,8. Após esse mínimo o petróleo subiu meteóricos 28% em poucas semanas. O movimento foi turbinado pela recuperação das moedas, por notícias relativas à queda do número de plataformas em operação nos EUA, pela possibilidade (nunca confirmada) de conluio para redução da produção global e outros rumores. Mas a oferta nos mercados à vista ainda continua subindo, exercendo uma forte pressão sobre os preços. O mesmo se aplica ao minério de ferro, o que mexe com preços da Vale.

A despeito dessa oscilação global dos preços e dos sentimentos locais do mercado com relação à situação política, foi divulgado hoje o indicador de atividade econômica IBCBr, calculado pelo Banco Central. Um janeiro houve uma queda na atividade econômica de 0,65% em relação a dezembro. Veja o gráfico:

Do máximo do volume apurado pelo BC, em janeiro de 2014, de 148,75, o índice caiu mais de 8,5%. No mês, de janeiro para dezembro, a queda foi de 0,61%, o que mostra aceleração no ritmo de queda da atividade. Em minha opinião, isso pode confirmar a tendência do PIB trimestral, apurado pelo IBGE, ficar em uma contração próxima aos 1,3%. Dentro dessa perspectiva a queda do PIB em 2016 deve se aproximar dos 4,20%.

Segundo o relatório Focus, do BC, os agentes esperam que a queda do PIB fique em 3,54% nesse ano e suba 0,50% no ano que vem. Trabalho com uma que da 4,20% nesse ano e uma alta de 1,50% no ano que vem. Já a inflação para 2016 está em 7,48% para os TOP5 (cinco instituições que mais acertam) e 5,75% par ao ano que vem. Tenho um IPCA menor, de 6,7% para 2016 e de 5,5% para 2017.

Os efeitos da crise política sobre a economia foram e têm sido devastadores e não devem melhorar rapidamente. É possível chamar esse evento, que já ocorreu em algumas circunstâncias no país, de PREDOMINÂNCIA POLÍTICA, se usarmos de alguma liberdade conceitual[1]. O processo de recuperação em um cenário de impeachment ou de cassação da Chapa Dilma-Temer, será lento e pesado para a economia real. Podemos vislumbrar uma recuperação dos mercados acionários, de títulos e do real, apenas como ação das expectativas. A economia real, no entanto, deverá sofrer com os ajustes que, com toda certeza, continuarão a derrubar a demanda agregada e, com ela, os resultados corporativos.


[1] Os economistas já utilizam o conceito de DOMINÂNCIA FISCAL sem que exista um padrão para atribuí-lo a um evento de forma rigorosa. Há pelo menos três formas de utilizá-lo, referindo-se a três situações diferentes. Os momentos em que a política prevaleceu sobre a economia de sorte a desorganiza-la totalmente foram, pelo menos nos últimos trinta anos, a queda do regime militar, metade do governo Sarney e o período Collor-Itamar. Algumas manifestações episódicas como a reeleição de FHC e o mensalão de Lula podem ser colocados no mesmo patamar. As decisões dos agentes ficam paralisadas ao mesmo tempo em que os mercados perdem completamente a direção.

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