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O que esperar dos resultados da Petrobrás?

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Hoje a Petrobrás (BOV:PETR4) divulga o resultado do quarto trimestre de 2015. A média das expectativas coletadas pela Bloomberg é de um lucro de R$ 3,5 bilhões, com uma geração de caixa (EBITDA) de R$ 20,6 bilhões. Vale um breve histórico dessa empresa, que além de pertencer a um setor que está em declínio mundo afora, é o pivô da maior crise política dos últimos tempos.

Os preços do petróleo estão despencando há cinco anos, com aceleração forte a partir do segundo semestre de 2014. Como a empresa vende seus produtos a preços locais, controlados pelo governo, houve momentos de grandes perdas (antes de 2014) e recuperação a partir das quedas do petróleo. Hoje a gasolina vendida no Brasil é uma das mais caras do mundo e isso ajuda a recompor as margens de lucro e o caixa da empresa. Além disso, fortes ajustes patrimoniais que estão sendo levados a cabo pela empresa, tais com o abandono de investimentos de baixo retorno (Refinarias, Camperj, etc), vem’da de ativos (distribuição, gás, gasodutos, etc) e venda antecipada de petróleo para a China, por meio de acordo com o Banco de Desenvolvimento das China. Esses eventos são realizados para tornar o tamanho da empresa adequado à atual situação de mercado (os preços são cerca de 40% do que eram em 2010) e de forma a tornar compatível a geração de caixa ao pagamento da pesada dívida da empresa, que totalizava R$ 506 bilhões em 30.09.2015. Com essa dívida, a relação Dívida Líquida /EBITDA[1] chegou a 5,24, comprometendo seriamente a saúde financeira da petroleira.

Ainda que no mundo, em particular nos EUA, muitas empresas estejam desaparecendo por conta da queda dos preços, a Petrobrás deve sobreviver, mas mudará bastante em relação ao que tinha como projeto delineado nos planos de negócios de anos atrás. Será uma empresa muito menor, com menos funcionários e menos campos de atuação.

A preservação do monopólio de um imenso mercado como o Brasil, a manutenção do patamar dos preços internacionais do petróleo em torno dos US$ 35/40 e a redução do custo de exploração no pré-sal (que hoje está em US$ 19,62) asseguram uma recuperação, ainda que dolorosa para a economia, que vê centenas de milhares de empregos evaporarem nesse ciclo de ajuste. Os gráficos abaixo mostram a evolução dos principais indicadores da empresa:

Note que houve um enorme “rombo” nos gráficos no fim de 2014 e ele está relacionado ao ajuste que a empresa fez para colocar os seus ativos a valores mais próximos aos de mercado. Esse ajuste, denominado impairment, é feito sobre os ativos reais que a empresa utiliza para produzir seus bens e serviços. Ela reavaliou os valores dos equipamentos das refinarias e do Camperj, reduzindo o total do ativo permanente em mais de R$ 44 bilhões. Esse ajuste foi feito para “limpar” os efeitos do superfaturamento produzido pelas empreiteiras em suas obras e pela perda de valor decorrente da queda dos preços do petróleo. Todos os valores são corrigidos pelo IPCA.

A geração de caixa da empresa é, em média, ao redor de R$ 20 bilhões e as receitas sofreram um “tombo” de 20% no final de 2014, basicamente por conta da queda dos preços do petróleo.

Some-se às dificuldades do cenário de mercado, a posição da empresa junto ao mercado é prejudicada pelo rebaixamento de sua nota de crédito (que aumenta demasiadamente os custos de refinanciamento de sua enorme dívida). Além disso, há as constantes investidas de acionistas dos EUA nas cortes americanas em buscas de “reparação” por perdas decorrentes da corrupção.

Se confirmada a expectativa de resultado ao redor de R$ 4 bilhões, essa será uma notícia ruim para uma empresa que precisa pagar juros e amortizações de uma dívida enorme. Ainda que o desenvolvimento da política leve ao impeachment e à total mudança da gesta da empresa, o otimismo deve ser visto com reserva. Para resolver seus problemas estruturais – dívida elevada, redução de preços e aumento dos custos de refinanciamento – a empresa precisará tempo e, sobretudo, da recuperação dos preços internacionais do petróleo. Coisa incerta demais.


[1] Indicador mais importante para análise de crédito da empresa.

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