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Qual é a luz?

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Há uma luz no fim do túnel? Essa é a pergunta que muitos estão formulando neste momento. Vários alunos, amigos, investidores me procuram, até pelas redes sociais, querendo minha opinião sobre o cenário que se avizinha. Afinal, como tenho quase três décadas de experiência profissional, muitos pensam que é mais fácil visualizar o porvir.

Djavan, em belíssima composição (Linha do Equador), canta: “Céu de Brasília, traço do arquiteto, gosto tanto dela assim”.

O quadro político do nosso país é absolutamente tenebroso. Nuvens carregadas tomaram conta do céu de nossa capital faz algum tempo, sem que meteorologistas experientes vislumbrem sinal de dissipação das mesmas. Pelo contrário, a cada dia a Lava-Jato traz mais tempestade, com novas operações da PF, envolvendo mais e mais figurões da política brasileira. Não gosto dela assim, Djavan…

Nesse quadro nebuloso, a comissão de impeachment da Câmara tenta apressar o trâmite para que a votação sobre o impedimento (ou não) da presidente Dilma Rousseff possa ser analisada pelo plenário dos deputados. O chato é que muitos dos juízes desse processo são investigados (incluindo o presidente Eduardo Cunha), o que torna a situação questionável por muitos, sobretudo os petistas aliados da presidente.

Como não sou cientista político nem tenho expertise em política partidária, creio que opinar sobre o que será decidido seria pura adivinhação (ou mero feeling) de minha parte. Não creio que seja de bom tom “chutar” sobre o que ocorrerá, até porque as consequências de Dilma ficar ou sair determinarão o futuro político do país, no curto prazo. Todavia, em relação à economia, não nutro dúvidas sobre o que virá.

Tenho escrito vários artigos, já faz algum tempo, em que venho manifestando meu receio sobre o cenário macroeconômico. Utilizo linguagem metafórica, pois meus alunos a preferem. Por exemplo, numa rede social, expus meu pensamento de que o país seria como um ônibus em alta velocidade, indo se espatifar contra um muro. Ok, uma metáfora um tanto quanto mórbida, reconheço. Entretanto, tenho certeza de que não cabem eufemismos neste momento dramático por que passa a nação.

O problema fundamental é que a concertação da economia será difícil para todos. Não acertaremos os problemas que nos afligem (sobretudo o desarranjo fiscal), sem que políticas contracionistas sejam implementadas rapidamente, de preferência ainda este ano. Reformas profundas (previdência, tributária, administrativa, trabalhista) precisam sair do papel. Como bem escreveu recentemente Samuel Pessoa (Folha de S.Paulo – 03/04/16), o Estado precisa de reformas, e elas serão doloridas. Caso isso não ocorra, passaremos a entrar no rol dos países à beira de um colapso, com implicações seríssimas. Meu maior receio é que sejamos vistos (potencialmente) como uma espécie de “nova Grécia”, o que seria lamentável sob todos os aspectos.

O que quero dizer é que, mesmo que a presidente Dilma seja afastada por impeachment, os desafios serão enormes. Provavelmente, haveria uma melhora das expectativas empresariais, o que já seria um ótimo alento, diante desse ambiente de profunda recessão em que vivemos. Porém, a meu juízo, seria uma melhora efêmera, por causa da debilidade macroeconômica. Contudo, se o diagnóstico for feito de forma adequada e a profilaxia adotada estiver correta, teremos um futuro mais alvissareiro. No caso, entretanto, de Dilma continuar nos governando, temo que a presidente retome com “unhas e dentes” a sua velha “nova matriz” econômica, de Guido Mantega, o que será péssimo. Se a “nova matriz” voltar (espero que ela não mantenha essa mesma política!), os ativos de risco ganharão prêmios exagerados, e o estresse nos guiará até o cadafalso.

Para concluir, a luz no fim do túnel, à qual me referi no início, não está somente relacionada ao resultado do impeachment. Não tenhamos esperanças vãs de que tudo será resolvido como num passe de mágica. Luz sempre há! O problema é que ela pode representar o limiar de uma mudança benéfica ou um trem, vindo na contramão.

Alexandre Espirito Santo – Economista da Órama e prof. IBMEC-RJ

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