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Paternidade não reconhecida

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Enquanto políticos deturpam os dados do passado a seu favor, a economia permanece na mesma. As medidas anunciadas pelo governo mal saíram do papel e o presidente interino, Michel Temer, defende que a queda abaixo do esperado no PIB brasileiro está relacionada ao seu mandato que nem completou um mês. Pitoresca observação, já que o dado anunciado pelo IBGE nesta semana é referente ao período de janeiro a março e Temer assumiu o governo em maio. Do lado da oposição, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) destacou em sua página oficial no Facebook que o golpe aumentou a crise, ao mencionar o desemprego recorde, sem atentar que o dado era de abril.

Os paradoxos não param por aí. Enquanto defende a desvinculação dos gastos e o ajuste fiscal, na receita de austeridade pura, o governo aprova o reajuste dos servidores públicos. O impacto dos projetos somará R$ 53 bilhões até 2018. Em defesa da medida, o ministro interino do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Henrique de Oliveira, declarou que as medidas já estavam em tramitação e que a negociação realizada está dentro da premissa de que as despesas do governo não cresçam acima da inflação.  O impacto nas contas públicas será dividido ao longo dos anos. Serão R$ 7 bilhões em 2016, R$ 19,4 bilhões em 2017 e R$ 26,5 bilhões em 2018, totalizando R$ 52,9 bilhões.

Mesmo que haja defesa para o aumento dado ao funcionalismo, ele não condiz com o discurso de quem afirma que vai sanear as contas públicas. Dado que a nova meta fiscal de R$ 170,5 bilhões de déficit foi aprovada, o momento agora é de ajuste. Mas há outros arranhões que prejudicam o governo de Temer, que recebeu um aval de três meses para dar a “guinada” na economia. A queda de ministros e as acusações de tentativas de travar a Lava-Jato pegam mal.

Há aqueles que acreditam em melhora dos indicadores, num ritmo lento, e que o pior já passou. Tudo, entretanto, resume-se a incerteza. Se a queda do PIB no primeiro trimestre veio abaixo do esperado (0,3% em relação ao quarto trimestre de 2015, contra a expectativa de 0,8%), os dados exibem pouco alento. O desemprego, medido pela Pnad Contínua do IBGE, no trimestre encerrado em abril, atingiu 11,2%, com aumento em relação aos 10,9% registrados no período de três meses fechado em março. Nos últimos dois anos, 4,3 milhões de brasileiros perderam seu emprego, o que tem forte impacto no consumo e na cadeia produtiva e tende a elevar a recessão.

No primeiro trimestre deste ano, o PIB registrou sua quinta queda trimestral consecutiva. Nos últimos quatro trimestres, o recuo acumulado é de 4,7%, o maior desde 1996, início da série histórica. Na comparação com os três primeiros meses de 2015, o PIB teve recuo de 5,4%, sendo a oitava contração seguida. A queda do consumo, que tem o maior peso no PIB e, portanto, praticamente determina o seu desempenho, somou 6,3%. Já os investimentos recuaram 17,5%, a oitava queda consecutiva.

O fraco consumo é provocado pela queda da renda, aumento do desemprego e pela deterioração nominal de 2,1% do saldo de operações de crédito para as pessoas físicas. Soma-se a isso o aumento da Selic, de 12,1% para 14,3% e a alta da inflação. O consumo era a locomotiva do crescimento econômico brasileiro entre 2008 e 2011, mas, diante do desemprego e queda da renda, tornou-se o principal indicador negativo. Sem medidas para reverter o quadro, com um governo endividado ao extremo que não pode valer-se mais de incentivos para estimular a economia, não é difícil esperar um quadro mais grave ainda. Esta coluna, no dia 22 de abril, (“Queda de 4% é piso?”) demonstrava o trágico ciclo negativo formado. Sem consumo, empresas perdem renda, demitem, o que reduz ainda mais a demanda e enxuga o orçamento das famílias… Prever queda do PIB acima de 4% já não mais parece pessimismo.  A própria Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório, estima que a situação econômica do país vá se deteriorar ainda mais, com uma contração de 4,3% no PIB, seguida por uma nova queda, de 1,7%, em 2017. Mas esses indicadores Temer não quer para si.

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