IPCA x IGP-M – O que investir na renda fixa? Comparador Grátis

Aí vamos nós em mais um post em busca de desvendar os segredos do investimento em renda fixa.

Dessa vez nos fizemos a pergunta que você muitas vezes se fez, mas nunca encontrou nada confiável o bastante ou sequer compreensível que poderia ajudá-lo a tomar uma decisão de investimento.

Imagina a situação em que seu gerente do banco ou mesmo seu assessor de investimento oferece a você o seguinte:

– Olá, (seu nome), temos aqui dois títulos de renda fixa pós-fixados bastante atrativos. Um indexado em IPCA e outro em IGP-M. Em tempos de inflação alta, mas com a expectativa de queda, sugiro que você invista nesses títulos.

E agora?

A primeira coisa que precisamos entender (mesmo que minimamente) é o que significa cada índice. Fica tranquilo que já fizemos o trabalho pesado por aqui.

Outra observação preliminar importante é que ambos os índices (IPCA ou IGP-M) se propõem a medir, cada um a sua maneira, a inflação no país, ou seja, quanto os preços sobem ou quanto o seu dinheiro perde poder compra – tanto faz.

No entanto, não podemos afirmar qual dos dois é o certo, porque cada um tem a sua metodologia de medição, fórmula de cálculo e, consequentemente, limitações para reduzir em números a realidade.

Para instigar um pouco a curiosidade, dá uma olhada no gráfico comparativo IPCA x IGP-M desde julho/2000:

Fonte: BCB

Você viu o que eu vi?

Percebeu que o IGP-M se movimenta muito mais que o IPCA? Diz-se que ele é mais volátil. Temos algumas hipóteses para isso.

Vamos juntos.

IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

O IPCA é índice da inflação medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que começou a publicá-lo a partir de 1979.

A ideia desse índice é medir a inflação dos preços dos bens consumidos pelas famílias brasileiras com renda entra 0 e 40 salários-mínimos que residem nas cidades de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, Brasília e Goiânia.

Em 1999, o Banco Central decidiu utilizar o IPCA para acompanhar a inflação e suas metas que devem ser perseguidas pelo BCB e pelo Governo. O IPCA passou a ser então o índice oficial de inflação do Brasil.

IGP-M – Índice Geral de Preços – Mercado

O IGP-M é o índice de inflação medido pelo IBRE (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getúlio Vargas). Até aí todo mundo sabe, mas por que o IBRE/FGV – uma entidade privada, embora fundação sem fins econômicos – publicaria um índice relacionado a inflação?

Porque em 1989 ela foi contratada pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras para calcular a inflação. Mas – insistimos – por que?

Dizem que isso ocorreu com o objetivo de que o IGP-M fosse um indexador com credibilidade e isento de intervenções governamentais em virtude das repetidas alterações nos indicadores da correção monetária e da inflação oficial medida pelo Governo naquela época.

Em tese uma maravilha, não? :)

Ao contrário do IPCA que mede a variação dos preços de bens diretamente consumidos pelas famílias brasileiras, o IGP-M é um índice composto por:

• 60% de preços de bens agropecuários e industriais, nas transações comerciais em nível de produtor;
• 30% pelo setor varejista e pelos serviços destinados ao consumo das famílias (aqui seria mais ou menos o que o IPCA mede);
• 10% pela construção civil.

Diferença prática

Na prática o IPCA mede a variação dos preços apenas de bens consumidos no varejos pelas famílias de classe pobre e média brasileira, enquanto o IGP-M dar um peso muito maior aos preços praticados em atividades produtivas (agropecuária e indústria) antes de chegarem ao varejo.

O que isso pode significar? Vale a pena acrescentar o dólar norte-americano àquele gráfico acima:

Com exceção do período 2008/2009, o IGP-M acaba capturando muito mais o movimento da taxa de câmbio do dólar do que o IPCA.

A primeira parte da minha hipótese (convido nossos leitores a darem suas opiniões) para isso acontecer é:

Como os preços nas atividades agropecuárias e industriais são reflexos de custos de insumos e matérias-primas (commodities), e de bens de produção (equipamentos) importados ou com preço definidos em mercados internacionais, os preços são dolarizados, o que torna compreensível que o IGP-M acompanhe de perto a variação taxa de câmbio.

Por outro lado, ainda resta a pergunta: e por que o IPCA não acompanha o IGP-M na mesma intensidade? Aí vem a segunda parte da minha hipótese:

1. Como grande parte da produção agropecuária e industrial do país vai para exportação, o consumidor final sente um impacto mais suave disso no bolso, e/ou
2. As empresas intermediárias e varejistas acabam absorvendo um pouco desse aumento e tendem a repassar de forma mais suave para o consumidor.

O que você acha? Mande-nos sua opinião!

Investimento

Por fim, você me pergunta: e o que eu faço com meus investimentos? Já deu para perceber que IGP-M é mais negócio, né? Mas vamos aos números.

Fizemos uma simulação que consistiu em um investimento de R$10.000,00 em julho/2000 com um prêmio de 6% ao ano para um título baseado em IPCA e outro em IGP-M, comparando a série histórica dos dois índices. Olha só:

A rentabilidade do título indexado em IGP-M ficou 22% acima do título indexado em IPCA. Ao fim do período o título atrelado ao IGP-M e IPCA bateram respectivamente R$ 89.793,00 e R$73.437,57.

Quer simular seus valores e alterar os prêmios? Receba em seu email gratuitamente a nossa planilha a seguir e altere livremente as células em amarelo. Basta preencher o formulário abaixo.

Post originalmente publicado em: http://desfixa.com.br/ipca-x-igp-m-o-que-investir-na-renda-fixa-comparador-gratis/