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Por que o dólar continua desabando e deve romper os R$ 3,00?

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Em 2012 o dólar bateu R$ 1,52, causando enorme desconforto ao governo Dilma Roussef, sobretudo por conta de seus efeitos sobre a indústria local. A partir daí o BC começou a adotar uma política mais agressiva, na tentativa de segurar a moeda. Fez intervenções comprando dólares no mercado e ofertando swaps que tinham os mesmos efeitos que a compra física da moeda. Veja o gráfico da evolução das Reservas Internacionais:

Como a acumulação das reversas é tida como problemática, por ser custosa[i] aos cofres públicos, o BC passou a trabalhar mais com Swaps, que acabam não tendo os mesmos efeitos políticos que as reservas internacionais. Aparentemente, ao menos até o ano retrasado, era mais “palatável” o Brasil emitir um contrato financeiro em dólares do que emitir dívida.

Porém, primeiro com a mudança dos ventos externos, em 2013, dada pelo processo de início da reversão da expansão monetária dos EUA[ii] e, depois, com o início da crise política, a trajetória de alta do dólar passou a ser sustentada pelas compras que o próprio mercado fazia, perfazendo um ciclo de alta de 170%. Após bater R$ 4,20, em um momento de pânico, o dólar passou a cair, veja o gráfico:

De comprador de dólares, no meio do pânico o BC passou a ser vendedor. Vendeu alguma coisa no mercado à vista (reduzindo as Reservas) e fez swaps para dar proteção às empresas endividadas em dólares. Esses swaps agora representavam vendas de dólares do BC ao mercado. Na alta do dólar os swaps começaram a dar prejuízo ao BC e foram objeto de muitas críticas. Como são contratos com vencimento determinado e o financeiro é liquidado por diferença, o BC passou a pagar regularmente ao mercado, a cada vencimento, pelo fato de estar “vendido” e o mercado “comprado”. Sem considerar os ganhos com a reservas (muito maiores), as críticas barulhentas acabaram por limitar as futuras atuações do BC no mercado de swaps.

À medida que o governo Dilma foi afastado e seu impeachment passou a ser visto como muito provável, o dólar acelerou a sua queda. A partir de então, o BC tentou segurar a queda por meio da recompra dos swaps que estavam com o mercado. E assim a velocidade da queda foi moderada, até que o estoque dos tais swaps chegasse ao seu limite. A partir de então o BC não conseguiu mais segurar o dólar.

O dólar depende muito do diferencial entre os juros internos, pagos nos títulos da dívida interna, e os juros externos, pagos pelo Tesouro dos EUA, por exemplo. Se a diferença é pequena e não compensa os riscos de uma aplicação no país, os estrangeiros e os investidores locais, saem do Brasil e aplicam em títulos do Tesouro do EUA, fazendo a demanda por dólar subir e isso produz sua alta em relação ao real. Quando a percepção de risco diminui, a diferença entre os juros pagos aqui e no exterior aumenta. E é o que está acontecendo desde que tivemos o afastamento da presidente Dilma Roussef.

O dólar caiu 25% e deve cair mais. A diferença entre os juros internacionais e os juros pagos no Brasil é muito grande e o BC está muito limitado para tentar segurar a queda por meio de compras. Nem por meio de swaps, nem por meio de compras de dólares à vista, o Banco Central tem espaço para segurar nossa moeda. A gritaria que ele causa com suas intervenções parece não compensar os resultados das mesmas. Como os juros deverão continuar elevados aqui e muito baixos lá fora, é pouco provável que o dólar pare de cair, mesmo depois dos R$ 3,00. O mais provável é que estejamos mais perto dos R$ 2,90 do que dos R$ 3,46 esperados pelo mercado para o final do ano[iii].

Observações finais:

  • ·         Alguém mais atento observará que há gritaria quando o dólar sobe, já que a inflação explode e as empresas e pessoas endividadas e dólares passam enormes dificuldades. Quando o dólar cai, os empresários do setor industrial saem reclamando por conta da queda de suas receitas de exportações e pelo aumento da competição dos produtos importados. Haverá gritaria sempre e mostra que na economia, cada evento (o subir ou o cair do dólar) produz ganhadores e perdedores. Não há evento só para ganhadores…
  •     Quando o BC compra dólares no mercado, ele vende, automaticamente, títulos do Tesouro Nacional. Esse evento não aumenta a Dívida Líquida do Setor Público (o governo adquire um Ativo, os dólares, e contrai um passivo no mesmo valor, a dívida pública interna). Porém, ele aumenta a Dívida Bruta do Setor Público, que não considera os ativos do governo. Assim, a elevação das reservas internacionais em cerca de US$ 320 bilhões, elevou a dívida pública em mais de R$ 1 trilhão. E esse é o ponto mais criticado pelas compras do BC no mercado à vista: ela aumenta a dívida pública.

[i] Ao comprar dólares no mercado à vista, o BC passa a aplica-los nos títulos do Tesouro dos EUA,

tendendo pouco mais de 1,5% ao ano e, internamente, emite uma dívida que chegou a pagar até 14% ao ano. A diferença entre essas remunerações custa ao tesouro nacional cerca de US$ 12 bilhões para cada US$ 100 bilhões de reservas. Considerando a média de US$ 367 bilhões de reservas, mantê-las custou aos cofres públicos cerca de US$ 200 bilhões.

[ii] O FED parou de emitir dólares no âmbito do programa de estímulos Quantitative Easing e isso causou alguma turbulência para os mercados globais, sobretudo para os países emergentes. À época o Brasil foi incluído entre os CINCO FRÁGEIS da economia global.

[iii] Segundo o relatório focus dessa semana: http://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20160805.pdf

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