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Sinais incipientes

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A indústria demonstra melhora da confiança, mas aumenta as demissões. O governo dá sinais de que o ajuste fiscal está sendo feito, mas nada ainda saiu efetivamente do papel. O fluxo de investimentos internacionais no mercado brasileiro aumentou nos últimos meses, mas nada provocado por mudanças no cenário econômico nacional e sim por conta da manutenção das taxas americanas em níveis baixos. Mais uma vez, fica claro que o lado financeiro tem se sobreposto à economia real e a afeta por todos os lados.

O comportamento do dólar, que acumula este ano queda de quase 20%, nada tem a ver com a conjuntura econômica brasileira. Ainda assim, afeta diretamente o comportamento do balanço de pagamentos. A ampla liquidez tem ampliado o fluxo de capitais para os países emergentes, inclusive para o Brasil, que oferece atrativas taxas de juros. Na última quarta-feira, a divulgação da ata da última reunião do comitê do Fed deixou claro que seus membros estão divididos quanto ao momento de elevar os juros, fazendo o dólar perder força de novo ante a maior parte das moedas.

Pelo fato de os Estados Unidos serem a potência dominante em termos político-militares e a sua dívida pública constituir, de longe, o ativo financeiro mais importante, a moeda americana, através de seus títulos públicos, constitui a principal reserva de valor da riqueza financeira global. A desregulação e liberalização dos mercados financeiros nos países centrais são acompanhadas de uma crescente denominação, em dólar, da maior parte dessas operações, tornando-a a principal moeda dos mercados financeiros globalizados.

Tal fluxo de capitais aprofunda os desequilíbrios em transações correntes e nada tem a ver com fundamentos econômicos. Este é o caso do Brasil hoje. “O cenário internacional oferece hoje um interregno benigno de liquidez ampla e alguma recuperação do crescimento que beneficia no curto prazo as economias emergentes. Acreditamos que devemos ter cautela e não tomarmos a atual situação como necessariamente permanente, pois há riscos à frente que podem ameaçar, de um lado, o atual crescimento modesto e, de outro, a disponibilidade da liquidez global”, declarou o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

A questão essencial é que o aprofundamento das finanças de mercado modifica o comportamento dos vários tipos de agentes, cuja lógica de investimento se transforma e adquire um caráter especulativo. Este tipo de comportamento ocorre de maneira independente da evolução dos fundamentos econômicos, mas ao mesmo tempo, influencia o lado real da produção. O real mais forte perante o dólar piora a competitividade da indústria brasileira no mercado externo no momento em que o mercado interno mostra-se fraco.

É claro que o segundo semestre é sempre mais forte que o primeiro, o que dá certo alento ao empresário, mas é claro que o momento não é de investir e sim reduzir custos. Mesmo demonstrando mais confiança, o empresariado reduziu o número de funcionários. Segundo os dados do IBGE, o número de trabalhadores empregados no setor encolheu em 1,4 milhão entre o segundo trimestre de 2015 e o mesmo período deste ano. Em relação aos três primeiros meses de 2016, o desemprego industrial aumentou 0,5%. De acordo com a sondagem da FGV, no mês de julho deste ano, a utilização da capacidade instalada estava em 73%, abaixo do nível de igual período de 2015 e ainda muito inferior aos padrões históricos do setor (acima de 80%).

Para o empresariado, o momento é de cautela e espera. Não há como fazer planos de longo prazo sem sinais claros de recuperação da economia, ou melhor, sem o mínimo de estabilidade e perspectiva. Do lado do mercado financeiro, o otimismo especulativo prevalece agora, mas não se sabe quanto tempo dura. Os sinais são insipientes para pensar no longo prazo. A especulação mais uma vez supera a realidade.

Ana Borges é diretora da Compliance Comunicação

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