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Certezas e incertezas

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Em economia, uma coisa é certa: não há como prever a repercussão que qualquer decisão vá provocar. Reduzir a taxa básica de juros no momento é uma questão controversa. Diante da redução do consumo e a recessão econômica, é preciso estimular a economia, o que pode ser feito com taxas de juros menores. Entretanto, a inflação, medida pelo IPCA, persiste em ficar acima teto da meta de 6,5%.

A previsão do mercado e do próprio Banco Central é de que o indicador fique em 7,3% neste ano. Apesar de bem mais baixa do que o indicador do ano passado (10,25%), permanece acima do teto, o que prejudica a credibilidade do sistema de metas de inflação. A meta é 4,5%, com limite superior de 6,5%, em 2016. No próximo ano, o teto da meta é 6%. Em 2017, a inflação deve recuar e encerrar o período em 4,4%. Para 2018, a projeção é 3,8%.

Dentre os fatores necessários para a queda da taxa de juros está a necessidade do controle das contas públicas. A sinalização do governo nesse sentido, com a aprovação do ajuste das contas e da reforma da previdência, pode antecipar o corte da taxa Selic, segundo recentes declarações de membros do Copom. A resolução do problema fiscal reduz o nível de incerteza quanto à trajetória da inflação, possibilitando a redução dos juros. Em agosto, o setor público (União, Estados e municípios) registrou um rombo de R$ 22,3 bilhões. Segundo os dados do Banco Central, o resultado acumulado no ano está negativo em R$ 58,8 bilhões, o que demonstra o descontrole das contas. Para este ano, está previsto déficit de R$ 163,9 bilhões (2,6% do PIB).

Na teoria, a taxa de juros é o principal instrumento de controle da inflação. Ao subir ou manter a Selic em nível elevado, o Banco Central busca controlar a demanda e, desta forma, conter a alta dos preços. No entanto, o instrumento parece pouco efetivo neste momento, em que a renda do brasileiro encontra-se em plena queda. O próprio BC destacou a situação em seu relatório de inflação ao explicar que, sob a ótica da demanda, o comportamento recente do PIB evidencia cenário menos favorável para o consumo, quando comparado ao investimento. “Nesse sentido, a retração verificada nos gastos com consumo no segundo trimestre, dados dessazonalizados, mostra-se consistente com a evolução nos últimos meses do mercado de crédito e com as reduções no rendimento médio e na massa salarial real”, diz. Segundo o IBGE, o desemprego ficou em 11,8% no trimestre encerrado em agosto, o maior patamar da série da Pnad, que teve início no primeiro trimestre de 2012.

Dentro deste quadro, a taxa de juros muito elevada parece mais prejudicial do que positiva para a economia, que já patina há vários semestres. Testar a redução em doses homeopáticas poderia dar um ânimo a mais nos agentes sem contaminar a inflação, afetada agora pela alta dos alimentos e não por consumo. Dados do mercado de crédito mostram que as operações permaneceram em desaceleração no trimestre encerrado em julho, em ambiente de elevação do custo médio das contratações, patamar reduzido da confiança dos agentes e estabilidade da inadimplência.

O Copom, entretanto, segue as regras da política de metas e deixa claro que, dentro do balanço de incertezas, dificilmente virá uma redução de juros no curto prazo. Ao contrário de outros países, mantemos a política econômica engessada com a taxa de juros elevada. Mais ousados, os formuladores de política monetária nos Estados Unidos, foram contra a teoria e ampliaram a emissão de moeda, mantendo a taxa de juros em patamar mínimo, o que faria qualquer monetarista ter espasmos e prever inflação alta. Entretanto, as medidas não provocaram a forte alta dos preços e nem a retomada do crescimento. A ousadia mostra que em economia tudo é incerto e ainda há muito a ser testado.

Ana Borges é diretora da Compliance Comunicação

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