Depois de dois dias de fortes altas, dólar volta a cair nesta quinta-feira, retornando ao patamar de R$ 3,30

O dólar fechou em baixa após um pregão de grande volatilidade nesta quinta-feira, com a redução das apostas de aumento dos juros norte-americanos na próxima semana. O dia foi de muita instabilidade, com uma agenda recheada de indicadores nos Estados Unidos e com os investidores atentos ao pronunciamento do ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva, após ter sido denunciado no âmbito da Lava Jato.

Dólar Hoje

O dólar caiu 1,24% ante o real nesta quinta-feira, 15 de setembro de 2016, negociado a R$ 3,3004 para compra e a R$ 3,3017 para venda. Ao longo do dia, a cotação da moeda norte-americana oscilou entre R$ 3,2980 (valor mínimo) e R$ 3,3611 (valor máximo).

Dólar em Setembro

No mês setembro, após dez pregões, a moeda norte-americana acumula uma valorização de 2,24%. São sete pregões de alta contra três de baixa. No último pregão de agosto, o dólar fechou cotado a R$ 3,2281 para compra e a R$ 3,2293 para venda.

Dólar em 2016

Em 2016, após cento e setenta e sete pregões, o dólar acumula uma queda de 16,37% ante o real. São oitenta e um pregões de alta contra noventa e seis de baixa. No ano passado, a divisa dos Estados Unidos fechou cotada a R$ 3,9470 para compra e a R$ 3,9480 para venda.

Cenário Internacional

O dólar continuou sendo influenciado pelas expectativas sobre as taxas de juros nos Estados Unidos. Na semana que vem, o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, se reúne para mais uma decisão sobre os juros no país.

Dados sobre a economia norte-americana reduziram as apostas de que o Fed possa elevar os juros na próxima semana. Juros mais altos nos EUA poderiam atrair para lá recursos atualmente investidos em países onde os rendimentos são maiores, como no Brasil.

A produção industrial dos EUA caiu 0,4% em agosto em comparação a julho, pior que as projeções realizadas pelos analistas financeiros. As vendas no varejo nos EUA caíram 0,3% no mês passado, também mais do que o esperado.

O mercado tem sido influenciado nos últimos dias pelas expectativas em relação à reunião do Fed, na quarta-feira que vem (21 de setembro), mesmo dia em que o Banco do Japão também anuncia sua decisão e pode fazer mudanças em sua política de estímulos.

Pesquisa da Reuters feita com economistas na semana passada apurou que cresceram para 70% as chances de um aumento do juro nos EUA em dezembro. No levantamento anterior, a chance era de 57,5%.

Cenário Nacional

No Brasil, o mercado ainda repercutia a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente Lula, a ex-primeira dama Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e outras cinco pessoas por envolvimento no caso do tríplex do condomínio Solaris, no Guarujá (SP).

O Procurador da República e Coordenador da Força Tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato, Deltan Dallagnol, declarou que o ex-presidente Lula “é o comandante máximo dos crimes de corrupção na Petrobras. Sem o poder de influência de Lula esse esquema seria impossível”.

Segundo Dallagnol, não restam dúvidas de que “Lula era o grande general que comandou a realização e a prática dos crimes, e que coordenava o funcionamento e, se quisesse, a paralisação”.

Os procuradores apresentaram ainda algumas representações gráficas da chamada “proprinocracia” que foi instalada no governo federal, formada por núcleos político, administrativo, empresarial e operacional: “No ápice dessa pirâmide está o núcleo político, e no centro desse núcleo político está Lula”, declarou.

De acordo com o gráfico, Lula tinha poder para distribuir os cargos. Para Dallagnol, Nestor Cerveró foi nomeado na Petrobras para atender aos interesses arrecadatórios do PT. O funcionamento do Mensalão e da Lava Jato dependia não só do poder de Lula como comandante, mas como líder partidário, segundo o procurador.

Banco Central 

O Banco Central brasileiro atuou no mercado de câmbio nesta quinta-feira. No entanto, assim como na sessão da véspera, reduziu pela metade sua oferta de contratos de swap cambial reverso (equivalentes à compra futura de dólares). O BC ofertou 5.000 contratos nesta sessão e todos foram vendidos.

O BC vinha ofertando 10 mil swaps por sessão.

É um sinal de que o BC está reconhecendo o risco de o dólar entrar em trajetória de alta por causa do Fed e eleições, e já está se adequando à medida que o cenário para a moeda está se alterando.

Variação da Cotação do Dólar Comercial em 15 de Setembro de 2016