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Juros baixos em desenvolvidos é tendência para próximos anos

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Na última terça-feira, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, fez uma palestra na Alemanha para explicar por que as taxas de juros na zona do euro estão tão baixas e por que isso aparenta ser mais uma questão estrutural da economia do que apenas uma reação à última crise financeira.

Os comentários de Draghi tiveram pouca repercussão no mercado, que está mais preocupado com questões de curto e médio prazo, como as chances de o BCE prorrogar o programa de compra de títulos de dívida e, com isso, continuar estimulando a inflação e o crescimento econômico na zona do euro, mas merecem atenção porque podem indicar para onde o fluxo de investimentos mundiais será direcionado ao longo das próximas décadas.

De acordo com Draghi e outros especialistas, as taxas de juros em economias avançadas seguem uma tendência de queda há pelo menos 30 anos. Um dos fatores responsáveis por esse movimento seria o declínio no crescimento da produtividade, que reduz a expectativa de retorno sobre o capital investido pelas empresas e, com isso, a disposição das companhias em tomar financiamento a juros mais altos.

Outro fator é o excedente de poupança provocado pelo envelhecimento da população. Nas economias desenvolvidas, as pessoas em geral tomam empréstimos para pagar pela própria educação no início da vida profissional e, a partir do momento em que entram no mercado de trabalho, passam a poupar para quitar o financiamento estudantil e para a aposentadoria, quando gastam o dinheiro poupado.

Essas nações, no entanto, possuem muito mais pessoas na fase de acúmulo de recursos do que nas fases de aumento de dívidas ou de esvaziamento de reservas, o que gera um excedente de poupança agravado pela crise recente, que deixou a população mais temerosa em se endividar e reduziu o incentivo para o investimento e o consumo.

Jason Lu e Coen Teulings, respectivamente doutorando e professor de Economia da Universidade de Cambridge, estimaram em um artigo recente que este ciclo de juros baixos deve durar de 15 a 20 anos, abrindo espaço para bolhas em preços de ativos como resultado da busca por retornos mais altos em investimentos financeiros.

As soluções para este cenário, segundo Draghi, passam pela política fiscal dos países europeus, que deveria se concentrar em medidas para estimular o investimento e aumentar os níveis de produtividade. Para Lu e Teulings, a saída seria aumentar o endividamento dos governos, de forma a enxugar a ampla liquidez proporcionada pelo excedente de poupança.

Uma outra opção seria países amplamente carentes de infraestrutura, como o Brasil, tentarem absorver este capital para desenvolver estradas, portos, ferrovias, sistemas de saneamento básico e outros projetos capazes de aumentar a capacidade e a qualidade do crescimento econômico e, ao mesmo tempo, garantir retorno financeiro aos poupadores insatisfeitos com as taxas de juros baixas.

Para isso, porém, seria necessário um esforço maior por parte do governo para apresentar a esse grupo específico de potenciais investidores esse tipo de oportunidade e para garantir que haverá o mínimo de segurança jurídica para a remuneração do capital investido – coisas que não serão atingidas somente com medidas de aperto orçamentário.

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