Os analistas de ações começam o ano de 2017 com muita cautela, aguardando as definições dos cenários local e internacional, nos quais muita coisa pode acontecer. No Brasil, há as votações das reformas da Previdência e trabalhista, que vão enfrentar forte oposição dos sindicatos e de movimentos populares. Ao mesmo tempo, há o desenrolar da Operação Lava Jato, que volta e meia, de repente, como jacaré na lagoa, dá um bote e pega um homem de confiança do presidente Michel Temer. Lá fora, a situação não é muito melhor, com o também imprevisível Donald Trump assumindo o cargo em 20 de janeiro. A discussão é se o mundo conhecerá a versão “boazinha” ou “malvada” de Trump após a posse.

Apesar de reconhecerem que o desafio da reforma da Previdência e trabalhista é maior que o teto de gastos, já aprovado, analistas veem com otimismo a possibilidade de uma queda maior nos juros, que pode ajudar a reativar a economia, ainda enfraquecida. O Bradesco lembra que as empresas têm se esforçado para reduzir seu endividamento, o que implica em corte de investimentos e outros ajustes, inclusive demissões, o que impacta o desemprego e o consumo. “Nesse cenário, cortes de juros se colocam cada vez mais como a principal ferramenta no curto prazo para estimular a economia”, diz a corretora do banco em relatório aos clientes, apostando que o juro básico vai cair 0,5 ponto na reunião deste mês e 0,75 já a partir de janeiro.

Com tanta incerteza, a opção da maioria das 11 corretoras foi diversificar os riscos. As ações mais indicadas não mudaram em relação dezembro, mas há menos concentração em papéis e mais ações com uma ou duas indicações apenas, mostrando uma diversificação maior. O Portal do Pavini selecionou as nove ações que tiveram até três votos.

As mais votadas continuam sendo Petrobras, com 9 indicações, e Itaú Unibanco, com sete. Já em terceiro lugar, com seis votos, está Raia Drogasil, papel defensivo e ao mesmo tempo ligado ao mercado interno. O mesmo vale para o Banco do Brasil, com 5 votos, empatado com Gerdau e Suzano, papéis ligados ao setor externo e com a proteção do dólar.

Com três votos, CCR pode ser beneficiada pelo avanço das concessões dos governos federal e estadual, ambos em dificuldades financeiras, e que precisarão passar adiante as obras que puderem. Hypermarcas entra na cota da queda dos juros e da recuperação do consumo, enquanto Sabesp, também com três votos, é um papel defensivo, menos exposto à flutuação da economia.

O caso do Bradesco serve de exemplo. A opção foi combinar ações ligadas a setores exportadores, como Klabin, com as sensíveis a cortes dos juros e micro reformas como setor elétrico, concessões e Petrobras. O banco também manteve alternativas mais sensíveis à economia doméstica, como bancos e consumo mais defensivo, como Lojas Americanas e RaiaDrogasil.

Entre as indicações do mês, está um ETF, fundo que segue um índice com cotas negociadas em bolsa, e que reproduz o Standard & Poor’s 500, o IVVB11, indicado pelo Santander. Para o banco, a indicação faz parte da estratégia de aumentar a exposição em ativos dolarizados, que já tinha trazido para a carteira a ação da Suzano Papel. Com o IVV, o Santander espera aproveitar a alta do S&P500 nos Estados Unidos por conta do otimismo com Trump e com o aumento do lucro médio das empresas americanas, de 12% em dólar em 2017. O ETF também serve de hedge natural para uma piora mais forte do mercado brasileiro de ações, ambiente que favoreceria um dólar mais alto.

Já a Ativa Corretora nota que houve uma sinalização política levemente negativa para o governo de Temer em dezembro, principalmente na renegociação das dívidas dos Estados. Mas a corretora diz que segue trabalhando com um cenário de aprovação de um ajuste fiscal suficiente para mudar a trajetória explosiva da dívida pública e permitir um corte mais profundo dos juros. Mas, diante de maiores preocupações com os Estados Unidos e uma eventual alta mais forte dos juros, a corretor reduziu levemente o risco de mercado da carteira deste mês, reduzindo o peso de Itaú Unibanco e aumentando o de Raia Drogasil.

Confira abaixo as ações indicadas pelas corretoras.

Fonte: Corretoras

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