O Índice Bovespa (BOV:IBOV) iniciou o dia em alta, na expectativa da divulgação do aumento dos juros nos Estados Unidos hoje à tarde. A alta dos juros em 0,25 ponto, de 0,75% para 1% ao ano, é dada como certa, mas as atenções estarão voltadas para a nota que acompanhará a decisão e a entrevista da presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Janet Yellen, que podem dar pistas das próximas altas. O mercado trabalha com mais uma alta este ano, mas se houver indicação de que os juros podem subir mais haverá um forte ajuste, com fortalecimento do dólar e queda dos ativos de risco, especialmente de países emergentes, como o Brasil.

Hoje também é esperada a decisão do Tribunal de Contas da União, que pode suspender a venda de ativos da Petrobras, incluindo a BR Distribuidora. E há ainda a repercussão nos meios políticos das denúncias feitas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Lava Jato.

As denúncias envolvem cinco ministros e políticos de todos os partidos e deram início a uma discussão sobre o caixa dois e se ele deve ser considerado crime. Há uma tentativa de isentar os casos de caixa dois quando usado em campanhas e que não tenha origem na corrupção das propinas pagas a políticos para obter vantagens. Há uma reação também no meio político contra a Operação Lava Jato, que ameaça arrasar com boa parte do sistema partidário brasileiro.

Em meio a tudo isso, prosseguem as difíceis votações das reformas da Previdência e trabalhista, alvos de protestos em todo o país hoje. Várias capitais amanheceram sem transportes públicos e diversas categorias prometeram paralisações e protestos contra as reformas, que encontram resistência também entre os políticos. Já o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, negou que o governo tenha adiado a expectativa de aprovação da reforma da Previdência de abril para maio, como noticiou ontem o Valor pro.

O Índice Bovespa subia 0,52% às 10h20, aos 65.041 pontos, recuperando parte da perda de 1,3% de ontem.

A alta era liderada por Vale ON (BOV:VALE3) (papel ordinário, com voto), com 2,34%, enquanto Vale PNA (BOV:VALE5) (papel preferencial, sem voto, série A) ganhava 2,19%. Petrobras também está em alta hoje, de 1,84% o papel PN (BOV:PETR4) e 1,67% o ON (BOV:PETR3). A estatal divulgou ontem um forte crescimento na produção de petróleo no pré-sal. Hoje também há expectativa com o julgamento no TCU que pode permitir à estatal retomar a venda de ativos, paralisada em dezembro para corrigir procedimentos considerados irregulares pelo Tribunal, como a falta de publicidade dos editais. O relator do processo, José Múcio Monteiro, deve propor que apenas dois casos já autorizados extraordinariamente pelo TCU não tenham de recomeçar do zero, os projetos Ópera e Portfólio. Mas a venda da BR Distribuidora pode ter de ser reiniciada, o que pode adiar o processo em um ano e meio, segundo jornais.

Lá fora, o petróleo está em alta, com o tipo WTI negociado em Nova York subindo 1,59%, para US$ 48,48 o barril, enquanto o tipo Brent, de Londres, ganha 1,41%, para US$ 51,64.

As bolsas na Europa sobem, com a recuperação das ações das empresas mineradoras e petrolíferas. O índice Euro Stoxx 50 ganha 0,20%, o Financial Times, de Londres, 0,16%, o DAX, de Frankfurt, 0,16% e o CAC, de Paris, 0,17%.

As atenções na Europa estão voltadas também para as eleições na Holanda. O país pode eleger um candidato de extrema direita, contrário à permanência do país na União Europeia, o que poderia criar o Nexit (união de exit, saída, com Nederlands, de Holanda), em comparação com o Brexit, do Reino Unido.

As maiores altas do dia do Ibovespa (BOV:IBOV) são da Bradespar PN (BOV:BRAP4), com 2,39%, seguidas das ações da Vale e da Petrobras. As maiores baixas são da Rumo On (BOV:RAIL3), com 0,92%, Embraer ON (BOV:EMBR3), 1,78%, BM&FBovespa ON (BOV:BVMF3), 0,53% e BR Malls Participações ON (BOV:BRML3), 0,41%.

Nos Estados Unidos, as bolsas também abriram em alta. O Dow Jones subia 0,22%, o S&P 500, 0,21% e o Nasdaq, 0,08%.

No mercado brasileiro, o dólar comercial apresenta queda de 0,34%, vendido a R$ 3,163. O dólar turismo está estável em R$ 3,30 para venda.