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Perdições da carne

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Numa semana em que parte da lista de Janot aparece com meia dúzia de ministros, as ruas são tomadas por protestos contra a Reforma da Previdência e as duas maiores produtoras de carnes do país protagonizam escândalo, a agência de classificação de risco Moody’s anuncia a melhora da perspectiva para a nota de crédito do Brasil.

Sempre mais otimista que outras agências, a Moody´s foi a última a retirar o grau de investimento do Brasil e agora muda a perspectiva de negativa para estável. “O surgimento no ano passado de um ambiente positivo para as reformas sinaliza a melhora do funcionamento das instituições que darão suporte à implementação da Reforma Fiscal e à aprovação da Reforma da Previdência neste ano”, destaca o comunicado. A agência acredita que as incertezas políticas que pressionavam a nota de crédito do país diminuíram em relação ao ano passado, o que ajudará na aprovação de reformas fiscais. Será?

Mesmo estando mais otimista com relação ao Brasil, a Moody´s faz a ressalva sobre o risco de desarticulação política. Deste lado, o destaque da semana fica com a lista de Janot. Apenas a parte vazada traz seis ministros, além de governadores e parlamentares. A S&P já havia apontado os escândalos políticos como o vento que sopra ao contrário da recuperação e a delação da Odebrecht, que culminou na lista, só reafirma a situação que leva aos protestos populares.

A S&P, primeira a retirar o selo de bom pagador do Brasil, em setembro de 2015, reafirmou no mês passado a perspectiva negativa para o país. Segundo a nota da agência, “apesar do progresso de ajuste fiscal no médio prazo sob o governo Temer, a continuidade de incertezas políticas, maiores pressões fiscais dos governos locais e a fraqueza da economia implicam em um ajuste mais lento e prolongado”.

Não é de se estranhar a contradição das duas perspectivas. Basta observar que os indicadores brasileiros também são paradoxais. Existem sinais de que há recuperação econômica, porém são insipientes para que se vislumbre a saída da crise. Quanto ao lado fiscal, não há clareza suficiente quanto a que tipo de Reforma da Previdência passará. O projeto na Câmara dos Deputados já conta com quase 150 emendas e outras mudanças devem ocorrer, o que reduzirá o seu impacto no orçamento público.

Ao mesmo tempo, o setor produtivo como um todo exibe fragilidades. Outras grandes companhias se veem em novos escândalos. Primeiro foram as construtoras e agora multinacionais do setor de alimentos, acusadas de venda ilegal de carnes pela Operação Carne Fraca. A Justiça Federal do Paraná determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão das investigadas. Tal fato afetará mais uma importante cadeia de produção do País. São cerca de 30 empresas investigadas, incluindo fornecedores.

A cadeia produtiva da pecuária do Brasil movimentou mais de R$ 483,5 bilhões em 2015, quando o PIB era de cerca de R$ 5 trilhões. As perspectivas para o segmento eram positivas antes escândalo. O estudo “Outlook Fiesp 2026 – Projeções para o Agronegócio Brasileiro”, que se refere à expectativa de desempenho do agronegócio brasileiro no período de 2016 a 2026, apostava num crescimento acima da média mundial para as carnes (bovina, suína e frango), o que aumentaria a participação do Brasil no mercado global. Com as novas notícias, resta saber qual país irá querer importar carne brasileira.

Mas nem é preciso estar com a marca estampada em algum escândalo no jornal para exibir problemas. O endividamento dos bancos e empresas brasileiros é tão escandaloso quanto: US$ 73,2 bilhões que vencem até 2021, o equivalente a 36% do total da América Latina, segundo a S&P.

Fazer projeções sobre a economia brasileira diante de fragilidades políticas, éticas e econômicas torna-se uma armadilha que leva às contradições entre economistas, bancos e agências de classificação de risco.

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