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Terrorismo e política esfriam mercados

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A tensão nos mercados internacionais continua hoje, um dia após um atentado terrorista na Rússia. As ações de montadoras lideram as perdas nas bolsas, enquanto o iene se fortalece e o petróleo cai. Esse menor apetite por ativos de risco no exterior tende a afetar os negócios locais, que acompanham os desdobramentos políticos e aguardam novos números sobre a atividade econômica no Brasil.

A cautela com o ambiente político deve crescer nesta terça-feira, dia de início do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da ação do PSDB que pede a cassação da chapa presidencial Dilma-Temer, eleita em 2014. O rito pode causar turbulência aos mercados domésticos e dificultar a aprovação das reformas econômicas no Congresso.

Mas a probabilidade maior é de que o processo se arraste por meses. Um eventual pedido de vista, hoje mesmo, pode adiar o caso, protelando a decisão até o fim do atual mandato. O desfecho também pode ser uma “jabuticaba”, tal qual foi no impeachment…

Por enquanto, estão previstas duas sessões para hoje, a partir das 9h, uma amanhã e a última na quinta-feira. Ontem, ficou nítida a sensação nos negócios locais de que o mercado dá como certo que um ministro do TSE vai pedir vista – se não pela manhã, na sessão extraordinária à noite – e isso tira um risco político de cena.

Ainda assim, o desconforto crescente dos investidores amplia as incertezas quanto à capacidade da equipe econômica de impulsionar a atividade e do apoio da base aliada do governo às propostas de ajuste fiscal. Ainda há dúvida quanto à estratégia do presidente Michel Temer de isolar o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, a fim de esvaziar o novo adversário, após as duras críticas feitas no fim de semana.

Além de comandar um grupo de descontentes, o fato de Renan ter assumido publicamente o rompimento com o governo torna a situação delicada. Ciente de que as medidas impopulares devem pesar nas eleições de 2018, o senador pode conquistar mais parlamentares, abrindo um precedente perigoso na tramitação das reformas.

É bom lembrar que o que vem ditando a melhora dos mercados domésticos são os fundamentos econômicos e a perspectiva de reorganização das contas públicas. No curto prazo, é a dinâmica favorável da inflação combinada com a atividade ainda frágil que tem sustentado o prognóstico de retomada do país, pela via dos juros menores.

Hoje, aliás, o dado da produção industrial (9h) será importante para mensurar alguma recuperação da economia no primeiro trimestre deste ano. As estimativas são de crescimento do setor em fevereiro, em +0,5% em relação a janeiro e em +0,4% no confronto com um ano antes.

Os números oficiais, somados aos dados de inflação (IPCA), que saem na sexta-feira, devem confirmar as apostas de queda mais acelerada, de um ponto, na taxa básica neste mês. A reunião do Banco Central que irá atualizar a Selic acontece na semana que vem, mas o juro real (descontado a inflação projetada) seguirá alto, em torno de 7%, afastando qualquer atratividade por parte dos empresários nos investimentos produtivos.

No exterior, o destaque da agenda econômica é o discurso do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, às 10h30. A fala acontece um dia antes da publicação da ata do último encontro da autoridade monetária e os investidores buscam por pistas sobre a continuidade de estímulos ao bloco.

Logo cedo, serão conhecidas as vendas no varejo na região da moeda única em fevereiro. Já nos Estados Unidos, saem os números de fevereiro da balança comercial (9h30) e sobre as encomendas às fábricas (11h).

Por enquanto, o sinal negativo predomina nos índices futuros das bolsas de Nova York, contaminando a abertura do pregão na Europa, após um desempenho misto na Ásia. Nas moedas, o dólar australiano recua, reagindo à decisão do BC local (RBA) de manter a taxa de juros inalterada, ao passo que o rand sul-africano cai pelo sétimo dia seguido.

O rublo russo ainda repercute em baixa a explosão no metrô em São Petersburgo, causado por homem-bomba. Nas commodities, o barril do petróleo WTI volta a ser negociado abaixo de US$ 50 e o cobre recua. De um modo geral, os investidores estão ajustando suas posições antes dos dados de emprego nos Estados Unidos (payroll) e na véspera da ata da última reunião do Federal Reserve.

Por mais que o rali nos mercados desde a eleição de Donald Trump tenha mostrado resistência, apoiado na perspectiva de um crescimento econômico global mais forte, a expectativa em relação à recuperação da economia pode ter sido superestimada, deixando os investidores vulneráveis. Afinal, os riscos permanecem, seja em relação à implementação da agenda pró-crescimento de Trump, seja por causa da trajetória de taxas de juros mais altas nos EUA.

No Brasil, a maior preocupação é que o julgamento de cassação da chapa eleita em 2014 amplie a instabilidade política e ameace a aprovação do ajuste fiscal. Essa insegurança se dá porque a concretização das reformas e um horizonte mais claro sobre o cenário eleitoral no ano que vem são os fatores primordiais na lista de condições ainda não cumpridas para atrair os investidores, sobretudo estrangeiros.

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