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Benchimol: XP vai concorrer com o Itaú e ser a maior casa de investimentos em 5 anos

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O mais novo bilionário brasileiro Guilherme Benchimol está tendo uma semana corrida após vender para o Itaú Unibanco 49% do capital (30% votante) da XP Investimentos, corretora que ele, apesar de carioca, fundou no Rio Grande do Sul em 2001 e que hoje é a maior empresa independente de investimentos do mercado. Benchimol passou os últimos dias explicando aos clientes e parceiros, o que inclui milhares de agentes autônomos espalhados pelo país, que nada muda na estratégia da XP, de criticar os bancos e se oferecer com alternativa de investimento para o chamado varejo de alta renda.

E o esforço tem dado resultado. Em três dias, a XP bateu recorde de captação, com R$ 750 milhões em novas aplicações. “O impacto inicial é meio ‘mix feeling’, confuso, mas depois, explicando a história, as pessoas entendem e gostam do negócio, essa captação é uma prova disso”, afirmou, pelo celular, do aeroporto, enquanto se preparava para embarcar em um voo.

Segundo o executivo, “não existe pegadinha na operação, a XP sai fortalecida e o Itaú é nosso concorrente, como o Bradesco, o Santander e os outros bancos, e vamos continuar desbancarizando, por mais que a concorrência tente descaracterizar nosso projeto”, promete. E acrescenta: “Construímos uma operação sensacional e, nos próximo anos, vamos nos  tornar a maior empresa de investimento do Brasil”. “Mudamos de patamar, o desafio agora é ser melhor mesmo comparado aos bancos”, diz, acrescentando que a meta para ser a maior do mercado, que era de 10 anos, agora caiu para cinco anos com a chancela do Itaú.

Eliminar a concorrência

Benchimol rejeita a análise de que o Itaú comprou a participação na XP para eliminar um concorrente. “Não faz o menor sentido, a operação é simbiótica, o Itaú não consegue ser o que a gente é e a gente não consegue ter o que eles tem”, afirma, lembrando da “credibilidade e robustez financeira, que o Itaú conquistou após 70 aos de vida e banco”. Ao mesmo tempo, o banco não tem a agilidade e a cultura da XP, que  cresceu em outro ambiente de mercado financeiro, observa. “Começamos como agentes autônomos, criamos uma forma diferente de oferecer investimentos e a XP virou o que virou”, diz.

O negócio, explica Benchimol, buscou isso, a união dessas duas vantagens sem interferência no negócio a XP. “O Itaú não tem o controle, não tem interesses do Itaú nos negócios da XP, tem o interesse em participar do negócio  e o Itaú entra dando credibilidade”, afirma o executivo.

Interferência na gestão

Questionado sobre a fatia de 30% no capital votante, se isso não permitiria ao Itaú interferir em determinadas estratégias da XP, Benchimol é incisivo. “Ele é acionista minoritário, como outros, como a General Atlantic, mas quem decide são os majoritários, eu e os outros sócios”, diz. “O Itaú e os demais são investidores e o risco que eles compram é a diretriz dada pelos controladores”.

Sobre o poder do Itaú na XP, Benchimol explica que, como todo investidor, o banco quer proteger o investimento. “Mas ele não têm poder de veto de negócios”, diz. “Ele tem a participação de dois conselheiros, assim que as autoridades autorizarem a operação, e terá direito a indicar um auditor interno, que vai ajudar a garantir a austeridade da estrutura”, afirma. “Daqui a quatro anos, o banco poderá indicar o diretor financeiro”, diz, acrescentando porém que “todos são subordinados ao CEO, que sou eu, e entrarão na estrutura da companhia.” Não existe, diz Benchimol, a possibilidade de pressão do Itaú para vender produtos ou fazer operações com ele. “A companhia segue independente e vai continuar assim.”

Modelo aberto e com descontos continua

Da mesma forma, para os clientes, a XP deve manter sua linha de atuação, de plataforma aberta, com taxas zero e inovando nas ferramentas digitais. “Estamos investindo para melhorar e caminhar na direção que vínhamos, que é nos tornarmos a melhor casa de investimentos do mercado”, diz.

Para os agentes autônomos, afirma Benchimol, a operação deve ser benéfica. “Além das ferramentas que já oferecemos para nossos parceiros, teremos por trás a chancela do Itaú e seus 70 anos de tradição”, diz. “Não é só um modelo inovador, agora tem uma chancela de um banco sólido que pode tornar os negócios mais fáceis ainda para ganhar a confiança dos clientes”, afirma.

Discurso de independência

Para Benchimol, o discurso de independência da XP e as críticas aos bancos não ficam comprometidos com o negócio. “Só ficariam se o controle for comprometido, mas ele segue na minha mão, na mão dos antigos sócios”, diz. “O Itaú é acionista minoritário, pode pedir para mudar, ser diferente, mas quem manda na companhia, quem responde por ela perante o Banco Central, a Comissão de Valores Mobiliários, e quem decide somos nós”, afirma. “Não temos executivo do Itaú na companhia, não tem pressão e a beleza de operação é essa”, ressalta Benchimol.

Acordo com Setubal e Bracher

E acrescenta: “se houvesse interferência, a operação não teria sido feita”. Segundo Benchimol, “o Roberto Setubal, o Cândido Bracher (presidente do Conselho e presidente-executivo do Itaú, respectivamente) fizeram um acordo de que seria assim, e não um acordo de boca, mas contratual”.  A operação, diz, foi montada nesse espírito, de liberdade total e interferência nenhuma, destacando que “a única interferência é a chancela de qualidade, tendo um auditor interno que garante que toda a qualidade vai ser mantida”.

Máquina digital, Senna e Prost

O executivo compara a XP ao surgimento da máquina fotográfica digital. “É um modelo novo, e o Itaú é tão antenado e à frente que não só enxergou a oportunidade como deu sua chancela”, explica. “E o Itaú é dono do Itaú e acionista da XP, são duas companhias que vão competir entre elas e que vão competir no mercado”, afirma. “É como o Senna (Airton Senna) e o Prost (Alain Prost, piloto francês, grande desafeto de Senna e seu companheiro na McLaren), o Itaú vai querer competir cada vez mais com a XP, nós com eles”, compara. “E a concorrência vai fazer que Itaú e XP ganhem e os concorrentes percam.”

Banco para crédito

Benchimol confirma o projeto de criação de um banco, que deverá permitir à XP entrar no segmento de crédito. “Temos o projeto de construção de um banco que vai ser mais um produto na grade da XP, oferecendo crédito colaterizado (garantido) para o cliente que investe”, explica o executivo, acrescentando que isso é “mais uma prova de que não tem interferência do Itaú”, uma vez que a XP poderia usar a estrutura do novo acionista. “Vamos buscar o interesse da XP, não queremos nenhum tipo de comunicação entre os nossos interesses e os do Itaú.”

Diferente da Ágora

Benchimol rejeita também a comparação com a Ágora, que era a maior corretora independente do mercado e foi comprada pelo Bradesco, perdendo espaço desde então até tornar-se um departamento do banco. “O  que o Bradesco fez com a ágora não tem nada a ver com nossa operação”, diz. “Temos uma associação em que o espirito, os valores da companhia continuam intactos, nem o Setubal, nem o Candido querem interferir em nossa gestão”, afirma. “O Bradesco foi diferente, comprou e assumiu a gestão da companhia, é totalmente diferente pegar algo que funciona e colocar outro gestor, é operação diferente, mais arriscada”, diz.

O executivo destaca a importância que a marca do Itaú pode trazer para a XP. “A chancela de um banco conhecido dos investidores torna as coisa mais fáceis, quem mexe com investimentos como a XP sabe como é importante ter esse selo de qualidade”, diz. “Por mais que você tenha um investimento diferente, bacana, lucrativo, a decisão final das pessoas em investir com você é a credibilidade”, afirma Benchimol, lembrando que há alguns anos era difícil convencer as pessoas a investir em empresas independentes. “Hoje mudamos de patamar, e além disso, para o cliente mais desconfiado, tendo agora a chancela do Itaú, que  projeta mais força, dá mais capacidade para confiar na gente.”

Reação dos agentes

Sobre a reação dos agentes autônomos, Benchimol diz que ela está sendo positiva. “Me reuni semana passada toda com os agentes autônomos e todos compreenderam a operação e entenderam que fizemos a melhor operação possível”, afirma Benchimol. “Não foi uma operação feita pensando só nos interesses dos acionistas da XP, foi feita pensando na companhia e de todo mundo, a XP sai mais forte e com ela seus parceiros, clientes e funcionários”, diz.

Segundo ele, por tudo isso, não faz sentido as informações de que agentes autônomos estariam deixando a XP para procurar concorrentes. “Agora que vai começar a melhor da festa, que as coisas ficam mais fáceis, não tem sentido sair”, diz. “O que vejo é que cada vez mais as pessoas interessadas em trabalhar como agentes autônomos devem nos procurar.”

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