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Mercado feliz, povo deprimido

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Michel Temer completou nesta semana 12 meses de governo. Com apenas 4% de aprovação, 14,2 milhões de pessoas desempregadas (número recorde), denúncias de corrupção, consumo patinando, ociosidade elevada na indústria, investimentos escassos e rombos fiscais insustentáveis, o legado deste primeiro ano de governo Temer ficou muito aquém do desejado.

A população está indignada, a economia não cresce, mas o mercado está feliz. A agenda de reformas do governo Temer compra certa esperança para o futuro. Ainda assim, os preços podem estar mostrando um otimismo exagerado, mas o mercado tem os seus próprios motivos para continuar comprando Brasil.

O movimento comprador em bonds de países desenvolvidos sofreu uma interrupção cerca de um mês atrás. As taxas voltaram a subir, impedindo especulação de curto prazo a favor da curva. Sem poder comprar os títulos soberanos mais seguros do mundo, investidores voltaram a olhar para os ativos de risco em praças emergentes, até porque as moedas fortes também estão se desvalorizando no curto prazo.

Apesar de operar com prêmio apertado, uma nova onda de fluxo comprador jogou o pré-fixado brasileiro de volta ao terreno de 1 dígito, renovando mínima do ano. A inflação de 0,14% em abril renovou apostas de que o Banco Central vai intensificar ainda mais o ciclo de cortes na taxa Selic, também contribuindo para valorização nos títulos da dívida soberana local (gráfico no blog).

O dólar contra real segue congestionado no curto prazo, mas oscilando próximo da principal linha de sustentação localizada na região psicológica dos R$ 3,00, sinalizando otimismo do mercado com a gestão Temer.

A bolsa de valores segue bullish, ganhou novo impulso ao conseguir se sustentar acima da linha de apoio dos 62,5k e hoje está muito próxima de retestar a máxima registrada este ano aos 69,5k, ainda com gordura para ser queimada antes de atingir nível de sobrecompra elevado (gráfico no blog).

A trajetória compradora no mercado de câmbio, juros e bolsa começou bem antes da posse de Michel Temer, não porque o impeachment era totalmente esperado, mas sim por conta do desconto observado nos ativos brasileiros à época frente às condições macro globais.

Players globais entraram no Brasil ainda em 2015 para aproveitar oportunidades generalizadas e sentiram segurança em alongar posições com a posterior evolução do processo de impeachment e formação da nova equipe econômica. O viés reformista e os nomes pró-mercado deixaram o clima mais tranquilo no mercado local, ainda que os resultados práticos continuem decepcionantes. É como num jogo de poker onde o blefe sustenta ganhos de uma mão fraca. Enquanto os investidores estrangeiros sentirem que há espaço para essa estratégia, continuarão mantendo posições.

Ásia

A China se prepara para realizar uma conferência internacional com objetivo de criar uma grande zona econômica que ligará a Ásia à Europa. A iniciativa, que partiu da China, é conhecida como “Fórum Um Cinturão, Uma Rota para a Cooperação Internacional”, terá duração de dois dias e contará com representantes dos Estados Unidos.

A presença dos Estados Unidos na conferência é resultado de um acordo entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente norte-americano, Donald Trump, no encontro de cúpula realizado no mês de abril. Trump se comprometeu em promover esforços para a cooperação econômica bilateral em troca de um plano de 100 dias para redução do déficit comercial dos Estados Unidos com a China.

Ainda assim, a participação dos representantes norte-americanos tende a ser apenas simbólica, como forma de depositar certo crédito a Xi Jinping para tocar o plano de 100 dias. Os dois principais players econômicos mundiais tendem a continuar jogando suas próprias cartas. A China em busca de maior abertura comercial e os Estados Unidos em rota contrária.

Trump não quer voltar atrás na decisão de abandonar a Parceria Transpacífico, mas seu principal aliado na Ásia está articulando votos dos demais membros para que o pacto entre em vigor sem os americanos. Shinzo Abe, premiê japonês, vai à Nova Zelândia na semana que vem para garantir apoio na reunião de ministros de comércio exterior dos 11 países membros da Transpacífico a ser realizada no dia 21 de maio no Vietnã.

Na Coreia do Sul, o liberal Moon Jae-In, presidente eleito na última terça-feira com 41,1% dos votos, parece não ter o mesmo punho firme de Trump em se tratando de Coreia do Norte. Moon Jae-In é filho de refugiados norte-coreanos e quer pacificar as relações com o regime de Pyongyang.

Oriente Médio

O mundo acompanhará de perto a eleição presidencial do Irã, no próximo dia 19 de maio. Companhias estrangeiras que desejam realizar negócios com o País estão otimistas, mas segurando o passo por conta da indefinição política.

Caso o atual presidente, Hassan Rouhani, consiga se reeleger, o País tende a se consolidar como opção de rota ao venture capital e roubar atenção ocupada hoje por algumas economias em desenvolvimento. Rouhani é um conservador moderado que busca mais diálogo com a comunidade internacional. Seus dois principais concorrentes, o ex-procurador geral Ebrahim Raisi e o governador de Teerã, Mohammad Bagher Ghalibaf, são conservadores linha-dura e não querem aproximação com o ocidente.

Europa

Os mercados seguem animados com a vitória tranquila do ex-banqueiro de investimentos Emmanuel Macron no segundo turno da eleição presidencial francesa. Macron quer implementar uma agenda de reformas na tentativa de tirar a economia do atoleiro da baixa competitividade, desemprego elevado e longo período de crescimento frustrante.

Suas propostas agradam investidores e trazem alívio aos líderes europeus, mas o clima político interno joga contra. Muitos franceses votaram com medo no segundo turno contra a radical Le Pen, mas não endossam as reformas de Macron. A campanha eleitoral revelou que quase metade do País prefere um papel maior do Estado na economia e não menor, como propõe Macron.

O novo presidente da França precisa vencer uma importante batalha já no próximo mês. Além de torcer para seu partido conseguir quantidade relevante de assentos nas eleições legislativas, Macron terá de formar maioria numa casa muito polarizada para conseguir apoio do Parlamento e tocar sua agenda.

Como de costume, nenhum receio tem abatido o humor nas praças europeiais, que seguem renovando máximas do ano. Mercados seguem bullish, mas em níveis de sobrecompra elevados.

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