O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu cortar a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual, de 11,25% para 10,25% ao ano. Este é o menor nível desde janeiro de 2014, quando os juros subiram para 10,50% ao ano. A decisão foi unânime e veio dentro do esperado pelo mercado financeiro.
Esta também foi a sexta baixa seguida da Selic. A redução dos juros começou no fim do ano passado, com dois cortes de 0,25 ponto percentual, derrubando a taxa de 14,25% para 13,75% ao ano.
A decisão mostra que o BC decidiu manter a aceleração no ritmo de redução da taxa de juros em meio às previsões de que a retomada do crescimento da economia brasileira pode demorar mais para acontecer e aos sinais de desaceleração da inflação.
Antes da crise política gerada pela delação de executivos da J&F, empresa que controla o frigorífico JBS, e que levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a autorizar a abertura de inquérito para investigar o presidente Michel Temer, parte do mercado financeiro apostava em um corte maior na Selic, de 1,25 ponto percentual.
Porém, após o início da nova crise política, os analistas ajustaram suas apostas e passaram a prever, em peso, uma redução menor, de 1 ponto percentual, o que se confirmou nesta quarta-feira.
A previsão do mercado financeiro é que a taxa básica de juros da economia continue a recuar nos próximos meses e chegue a 8,5% ao ano no final de 2017.
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Entretanto, o BC sinalizou que deve promover reduções menores de juros no futuro por conta do aumento das tensões políticas, incorporadas ao chamado “cenário básico”.
“Em função do cenário básico e do atual balanço de riscos, o Copom entende que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado hoje deve se mostrar adequada em sua próxima reunião“, informou o Banco Central, em nota.
“Naturalmente, o ritmo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação“, completa o documento.
Ainda de acordo com o BC, o “aumento recente da incerteza associada à evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira dificulta a queda mais célere das estimativas da taxa de juros estrutural e as torna mais incertas. Essas estimativas continuarão a ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo“.
Mantida em 7,25% ao ano, no menor nível da história, entre outubro de 2012 e abril de 2013, a Selic foi reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Somente em outubro do ano passado que o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia.
O objetivo do corte da taxa básica é estimular a economia. A taxa Selic é usada nas negociações de títulos públicos Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros do mercado. Ao aumentar o índice, o Banco Central torna o crédito mais caro e segura o excesso de demanda dos consumidores. Com juros menores, os níveis de produção e consumo em um cenário de baixa atividade econômica podem ser retomados, já que o crédito fica mais acessível, mas o controle da inflação fica enfraquecido.