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Um presidente que escuta o relato de crimes de obstrução de justiça, pagamento de propina, sinaliza concordância e não denuncia. Um senador escala o primo para levar propina porque pode matá-lo para não ser delatado. Um ex-deputado que continua a receber mesada em troca de silêncio, pois suas palavras podem ser devastadoras. As revelações da JBS na noite de quarta-feira parecem mais uma novela mexicana em que se fala de milhões como se fosse troco de bala. Na quinta-feira, antes das gravações virem à tona, muitos esperavam, a renúncia de Temer, que afirmou veementemente sua decisão de se manter no poder. Até quando e como? É a pergunta.

O vazamento da delação premiada do presidente da JBS não foi suficiente por ora para derrubá-lo, mas o deixam acuado, pois a governabilidade foi mais que afetada. Lembra das tentativas de Dilma para reverter o déficit público? Nada passava no Congresso, para desespero do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, que tentava retomar a ortodoxia fiscal. A aposta do ruim comigo, pior sem mim, gera instabilidade suficiente para que os agentes tomem qualquer decisão acreditando no país. Obviamente, o fluxo de investimentos estrangeiros deve cair consideravelmente, vide o comportamento do mercado financeiro na última quinta-feira, quando o dólar só não registrou alta mais forte devido às intervenções do Banco Central. Ao mesmo tempo, novos investimentos do setor produtivo também serão estancados, ao menos até que haja uma maior clareza sobre a situação do país.

Nada se pode prever dentro do imbróglio político que o país se encontra. No início da semana, comemorava-se o possível fim da recessão. O IBC-br, indicador do Banco Central que mede a atividade econômica e é uma espécie de prévia do PIB, registrou crescimento de 0,21% no primeiro trimestre em relação aos mesmo período do ano passado. A expectativa era de que ocorresse o aquecimento da economia ao longo do ano, de forma a fazer o PIB anual a registrar um leve crescimento e deixar o fantasma recessivo no passado. Além disso, com a inflação controlada, o Banco Central contava com o cenário perfeito para novos cortes de juros, o que ajudaria a impulsionar o movimento. Tudo mudou.

Em comunicado, a agência de classificação de risco Fitch afirmou que a crise deflagrada com delação de Joesley Batista piora a perspectiva de crédito do Brasil, devido à possibilidade de interrupção das reformas, vistas como críticas para a melhora da força fiscal do país. A mesma postura foi adotada pela Moody´s, segunda a qual há uma ameaça de paralisação ou reversão do momento político e econômico observado recentemente. No comunicado, a agência afirma que ainda é muito cedo para avaliar os desdobramentos das revelações. No entanto, as consequências políticas das alegações provavelmente comprometerão o ímpeto da reforma. Os fatores que podem ameaçar a perspectiva estável do rating do Brasil são os mesmos destacados na avaliação anunciada em março pela agência, como “um ressurgimento da desarticulação política” e “especialmente atrasos na aprovação da reforma da Previdência”.

As delações não obstruem apenas o cenário político, mas também afetam a credibilidade institucional. Segundo sua delação, Batista pede favores ao presidente Temer para seus pleitos junto ao CADE, e foi orientado a procurar o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolução do problema. Ele solicitou apoio no processo contra a Petrobras no Cade e ofereceu 5% do negócio em propina. O Cade foi alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal e do Ministério Público.

Se Aécio Neves tivesse ficado fora dessa, estaria na frente do Diretas Já, pois tudo começou com seu sonho de virar presidente, nem que fosse derrubando a eleita. A primeira parte, conseguiu. Mas, como o mundo dá voltas, as ações escusas do senador afastado e  ex-presidente do PSDB vieram à tona. Ele aparece como um dos grandes articuladores para impedir o andamento das investigações da Lava Jato, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de controle de indicação de delegados de polícia. O mais grave, entretanto, é a gravação da conversa do senador com Joesley, ao pedir R$ 2 milhões ao empresário, ele afirma: “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu.” Seu primo, Frederico Pacheco de Medeiros, foi um dos coordenadores da campanha do tucano a presidente em 2014, está preso e não precisou ser morto por Aécio para se manter calado. Ufa! Dilma caiu por pedaladas, Temer se mantém em pé com corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa. Aécio nem à cadeia chegou em primeiro.

Ana Borges é diretora da Compliance Comunicação

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