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Temer tenta se segurar no poder, mas próximas semanas serão decisivas; ordem é manter a calma

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O presidente Michel Temer dá todos os sinais que vai lutar para permanecer no cargo, apesar da forte reação da imprensa e de setores da sociedade pedindo sua saída após a divulgação do diálogo entre ele e o dono da JBS (BOV:JBSS3), Joesley Batista. Temer pediu perícia na fita ao Supremo Tribunal Federal (STF), o que foi aceito pelo ministro Edson Fachin hoje, e a própria Polícia Federal admitiu que foi um erro aceitar a denúncia sem antes checar se a fita foi editada. Mas a expectativa é que as medidas apenas servem para Temer ganhar tempo para tentar reconquistar o apoio político para se manter no poder. E o fato de o jantar organizado pelo grupo de Temer na noite de domingo com representantes de partidos da base no Palácio do Alvorada é um sinal de que o presidente está muito enfraquecido, mesmo com todas as explicações sobre a fita.

Apesar de a gravação não mostrar claramente Temer pedindo R$ 500 mil para calar a boca de Eduardo Cunha, preso em Curitiba, como “O Globo” inicialmente publicou, o restante da gravação revela o presidente ignorando confissões de crimes graves feitas por Joesley, conhecido por manipular políticos e construir um império mundial às custas de crédito oficial e favores do governo. A reação de Temer diante das afirmações do empresário, que estava pagando juízes que cuidavam do seu caso envolvendo investimentos de fundos de pensão em um companhia de celulose, e que tinha um procurador como informante na investigação, caracteriza pelo menos crime de responsabilidade.

OAB decide pedir impeachment

Foi o que concluiu o conselho pleno da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que aprovou, na madrugada de hoje, por 25 votos a 1, entrar na Câmara dos Deputados com pedido de impeachment do presidente Michel Temer. A comissão especial da entidade disse que ele deve ser afastado por ter cometido crime de responsabilidade. Em nota, o presidente da OAB, Carlos Lamachia, lembra que a instituição cumpre seu papel, “mesmo que com tristeza, porque atua em defesa do cidadão”. De acordo com a OAB, Temer faltou com o decoro ao se encontrar com um empresário alvo de diversas investigações em curso, sem registro em sua agenda e prometido agir em favor de interesses particulares.

Mais importante que uma entidade como a OAB apoiando o impeachment é o fato de que há sinais de que a base política de Temer está se desintegrando. Além do jantar, grupos dentro dos partidos da base já pedem a saída do governo, com receio do desgaste que o presidente terá nas próximas semanas.

A seu favor, Temer tem o argumento de que quem o acusa cometeu vários crimes e não tinha ligação direta com ele, mas com o governo anterior. O fato de Joesley e boa parte da família Batista ter deixado o país às pressas para viver luxuosamente em Nova York também pesa em parte da opinião pública, que se sente desapontada agora também com a Justiça brasileira, e não só com os políticos. O fato de os protestos marcados para este domingo pedindo a saída de Temer terem reunido o número habitual de manifestantes, em geral ligados a partidos de esquerda, também deve dar esperança ao presidente de tentar virar o jogo, com o argumento de que sua saída jogaria o país no desastre econômico outra vez.

A expectativa, porém, é que a situação de Temer se resolva nas próximas semanas, de uma maneira ou de outra. Se ele não conseguir apoio para levar adiante as reformas, deve perder o apoio do mercado e dos empresários, que não morrem de amores por ele, mas o toleram por manter as políticas de ajuste fiscal e modernização que defendem. Já surgem propostas de substituir Temer pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o que eliminaria intermediários na condução das propostas, mas é um risco pois o presidente é um dos mais hábeis negociadores políticos do país. As próximas semanas levarão o mercado a decidir se é melhor insistir em tentar salvar Temer ou pular de barco. E aí poderia haver maior influência para que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vote pela cassação da chapa Dilma Temer no próximo dia 6 de junho.

Será o tempo também para que as forças políticas articulem uma saída organizada da crise, com ou sem Temer. Será preciso, por exemplo, votar as regras para a eleição indireta do presidente temporário, e garantir que ele manterá o esqueleto da política econômica atual.

Investidor deve manter a calma

Para o investidor, as próximas semanas serão, portanto, de forte tensão, com o pior cenário, de saída de Temer, podendo se transformar no melhor caso as reformas sejam garantidas. Por isso, qualquer reação mais afobada pode trazer perdas desnecessárias. Quem sacou de fundos multimercado ou de renda fixa longo prazo na quinta-feira, auge da turbulência, perdeu dinheiro, já que os mercados voltaram a se acalmar na sexta-feira. Em geral, o investidor menos experiente aplica no momento da euforia e saca na primeira turbulência, e paga a conta.

No quadro abaixo, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), é possível ver a recuperação dos títulos prefixados na sexta-feira, retratados no índice IRF-M, de prazo até um ano ou mais de um ano (1+), e dos papéis indexados à inflação (IMA-B), especialmente os de maior prazo, acima de cinco anos (5+). Os fundos de renda fixa devem refletir essas flutuações, de acordo com os papéis de cada tipo e prazo que há em suas carteiras. O mesmo acontece com os multimercados, que apostavam firmemente na queda maior dos juros. Quem escapou das perdas, mostradas na variação mensal da tabela, foram os fundos DI e títulos indexados ao juro diário, como mostra o IMA-S, que reflete as LFT, ligadas ao juro Selic.

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Essas flutuações criam oportunidades, como ações que despencam mais de 20% em um dia ou juros reais que voltam a 6% ao ano. Mas ninguém sabe se o ajuste já terminou ou se ainda há novos desdobramentos. Por isso, aumentar posições de risco é perigoso e só deve ser feito se o investidor tiver uma carteira muito conservadora e com uma parte pequena dos recursos. Quem não quer correr riscos pode optar, para o dinheiro novo, em aplicações indexadas à taxa Selic ou CDI. Já quem está investindo em ações ou multimercados deve avaliar o risco de sacar agora e perder uma eventual recuperação, mesmo que parcial, ou seguir em frente com a aplicação, que deveria fazer sentido na carteira mesmo com risco de perdas.

Primeiras reações do mercado

Será importante ficar de olho nos indicadores de mercado, como no relatório Focus do Banco Central, que vai mostrar a primeira reação dos analistas ao “cisne negro” que passou pelo Brasil. Ao longo da semana, importantes bancos e consultorias também devem rever suas estimativas, que estavam bastante otimistas, para algo pior. Mas uma parte das melhoras pode ser mantida. A inflação ainda está em queda, como deve mostrar o IPCA-15 de maio, que sai esta semana, na terça-feira, mantendo a expectativa de corte dos juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no fim deste mês. Mas a redução não deve ser tão forte quanto o 1,25% esperados, e nem o processo de corte total no ano, que poderia levar a Selic dos atuais 11,2% para 7,5%, tão expressivo.

Atuação do BC e do Tesouro

A atuação do Banco Central (BC) no mercado de câmbio, segurando o dólar, e do Tesouro, acalmando os juros dos títulos públicos com leilões de recompra, deve dar o tom da semana. É fundamental que o dólar não dispare para que a inflação continue caindo e o BC possa reduzir os juros. A semana terá ainda os resultados fiscais do governo, a ata da reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e a primeira prévia do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no primeiro trimestre.

Tudo isso sem contar os desdobramentos da investigação contra o presidente americano Donald Trump no Congresso após denúncias de que ele tentou interferir nas investigações contra assessores dele por ligações com autoridades russas. Trump  está em viagem pelo Oriente Médio e Europa, o que pode reduzir um pouco a pressão política nesta semana.

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