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Moody’s vê risco de contágio com crise política na JBS e rebaixa ratings do Banco Original

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A agência de classificação de risco Moody’s Investors Service rebaixou hoje os ratings de  depósito de longo prazo  em moeda local e estrangeira na escala global atribuídos ao Banco Original e ao Banco Original do Agronegócio por conta do impacto da crise política nos negócios do grupo a que pertencem os bancos, o JBS, após as denúncias feitas pelos controladores Joesley e Wesley Batista contra políticos, admitindo corrupção e pagamentos de propinas.

As notas dos bancos passaram de B1 para B2. A agência alterou ainda as perspectivas da nota para ambos de estável para negativa. Ao mesmo tempo, também rebaixou os ratings de depósito de curto e longo prazo em escala nacional brasileira (NSR) para Ba2.br/BR-4, de Baa1.br/BR-2, respectivamente.  O perfil de crédito individual foi rebaixado de b1 para b2, e a avaliação de risco de contraparte de longo prazo foi reduzida de Ba3(cr) para  B1(cr). O rating Not Prime para depósitos de curto prazo em moedas local e estrangeira foi afirmado, bem com a avaliação de risco de contraparte de curto prazo de Not Prime(cr).

Para o investidor em papéis do Original, nada muda. O banco continua operando normalmente, mas provavelmente terá de pagar juros mais altos para captar recursos no mercado. As aplicações em poupança, CDB, LCI e LCA até R$ 250 mil continuam garantidas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Risco de contágio

Em seu comunicado, a Moody’s explica que o rebaixamento reflete os riscos de contágio para o Banco Original e para o Banco Original do Agronegócio derivados das investigações relacionadas a práticas de corrupção que envolvem vários executivos da companhia afiliada ao banco, a JBS (cujo rating Ba3 está em revisão para rebaixamento, observa a agência), e da holding do grupo, a J&F Investimentos.

Joesley, sócio e principal executivo da empresa, gravou clandestinamente uma conversa com o presidente da República, Michel Temer, falando de pagamentos ao ex-deputado Eduardo Cunha e suborno a juízes e agentes públicos para acobertar acusações contra a empresa dentro das investigações da Operação Lava Jato.

Impacto das investigações da CVM

A Moody’s destaca que, embora as atividades bancárias  do grupo não tenham sido diretamente implicadas nas recentes alegações relacionadas à corrupção, o banco é objeto de um processo administrativo aberto pela Comissão de Valores Imobiliários (CVM) para analisar recentes operações no mercado de derivativos. Novas revelações ou desenvolvimentos deste caso – mesmo que não especificamente relacionados ao banco – podem fazer com que os investidores percam a confiança na entidade financeira e, por sua vez, exercer impacto negativo sobre a liquidez e os custos de captação do banco.

Liquidez alta e prazos de captação longos

Atualmente, os dois bancos têm um nível relativamente alto de recursos líquidos – os ativos líquidos sobre ativos bancários tangíveis consolidados equivaliam a 23% em dezembro de 2016. Além disso, a natureza de curto prazo da maior parte da carteira de crédito – em dezembro de 2016, 32% dos empréstimos tinham vencimentos em 90 dias ou menos – ajudará a reforçar a liquidez de modo relativamente rápido, caso necessário. Enquanto apenas 7% dos depósitos do banco possuem cláusula de liquidez diária, o banco continua altamente dependente de depósitos oriundos de corretoras, o que na visão da Moody´s, é semelhante à captação de atacado, apesar da alta pulverização e cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Vulnerável à confiança do investidor

Embora o banco venha tentando reduzir lentamente sua dependência de depósitos via corretoras por meio da nova plataforma digital destinada a clientes do varejo (que já responde por 12% dos depósitos totais), os depósitos via corretoras ainda respondem por aproximadamente dois terços da captação total. Em consequência, o banco fica particularmente vulnerável a uma potencial deterioração na confiança do investidor. Além disso, não está claro se os novos clientes digitais  permanecerão comprometidos com o banco diante das atuais circunstâncias.

Custos de captação

Se os custos de captação do banco aumentarem por conta dos eventos recentes, a tensão sobre os resultados já pressionados aumentará. O lucro líquido do Original caiu para apenas 0,5% dos ativos tangíveis em 2016, de 1,78% no ano anterior. Além disso, excluindo um ganho extraordinário com a venda da marca do banco para os acionistas no final de 2016, o Original teria registrado um prejuízo equivalente a 1,84% dos ativos tangíveis.

Plataforma reduziu lucros

Os lucros foram significativamente impactados pelos custos elevados associados à nova plataforma digital, lançada no começo do ano passado. Apesar de alguns desses custos serem extraordinários, como os de investimento em tecnologia, muitos deles, especialmente os relacionados à administração e pessoal para apoiar o crescimento da franquia e da nova plataforma de negócios, devem ser permanentes, observa a Moody’s.

Inadimplência alta

Os custos de crédito do banco também aumentaram significativamente devido a um forte crescimento na inadimplência, que passou de 2,19% no fim de 2015 para 4,5% dos empréstimos no final de 2016. Apesar da capitalização elevada do banco – o capital tangível equivalia a 22,06% dos ativos ponderados pelo risco em dezembro de 2016 – continuar provendo uma significativa capacidade de absorção de perdas, a Moody’s observa que o indicador recuou fortemente nos últimos três anos, quanto era de aproximadamente 65% no final de 2013, devido ao rápido crescimento da carteira de crédito, e provavelmente continuará caindo à medida que a carteira se expandir.

O que significam os ratings pelo risco de default

Segundo a Moody’s, o rating de depósitos de longo prazo em escala NSR em Ba2.br é o rating mais baixo na escala local a ter correspondência com um rating B2 na escala global, refletindo a perspectiva negativa para o rating na escala global. O rating B2 está historicamente associado com frequências de default de 13,1% e 21,5%, respectivamente, para horizontes de investimentos de 3 a 5 anos em comparação a 9,7% e 17,3%, respectivamente, para emissores com rating B1.

A perspectiva negativa para os ratings do Original incorpora a possibilidade de que os riscos possam se materializar levando a um aumento nos custos de captação e a uma piora na posição de liquidez do banco.

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