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Renda fixa pré tem espaço para ganhos, vê BNP Paribas; dólar cairá para R$ 3 e juro para 7%

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Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini

O Banco Central (BC) deve desacelerar o corte dos juros básicos nos próximos meses, de 1 ponto percentual na reunião da semana passada para 0,75 ponto, mas há espaço para que a Selic chegue a 8% no fim deste ano e para 7% em 2018, afirma Marcelo Carvalho, economista-chefe para Emergentes e América Latina do banco francês BNP Paribas. “O BC vai cortar com menos intensidade por conta da crise política e das incertezas com relação às reformas, e muita coisa pode acontecer até a próxima reunião em setembro, mas a inflação continua muito baixa, inferior a 4% ao ano, e a atividade muito fraca, e juntando esses elementos vejo espaço para grandes cortes na taxa”, afirmou, em entrevista hoje.

Segundo ele, mesmo com a queda dos juros, a renda fixa vai continuar representando uma oportunidade boa para os investidores, especialmente nas taxas prefixadas hoje pagas pelo mercado, e que estão acima do que o BNP projeta. “Se o juro cair bastante, o investidor tem a oportunidade nas aplicações prefixadas, que estão projetando uma queda menor hoje”, observa. “Imaginamos que o juro brasileiro vai cair mais do que o mercado espera, pois estamos passando por uma mudança importante na estrutura do juro brasileiro por conta da inflação, da atividade econômica e das reformas”, explica. Isso envolve tanto títulos públicos prefixados, como as LTN do Tesouro Direto, quanto CDBs, LCIs ou LCAs.

As estimativas do BNP para o juro brasileiro levam em conta um cenário internacional favorável para os mercados emergentes e para o Brasil, com juros ainda baixos nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. Nos EUA, a previsão de Carvalho é de mais duas altas neste ano, mas em um ritmo bastante suave. Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) deve anunciar o fim dos incentivos monetários para a economia no terceiro trimestre, mas o corte só deve ocorrer no ano que vem. E, no Japão, a tendência é de manutenção dos incentivos ainda por muito tempo. A inflação baixa, graças aos preços das commodities comportados, e a atividade econômica em recuperação suave ajudarão a manter os juros favoráveis aos emergentes.

Os EUA devem crescer mais de 2% este ano, enquanto a Europa e o Japão devem ter aumentos entre 1% e 2%. Já a China deve continuar crescendo entre 6% e 7%, garantindo assim a estabilidade dos preços das commodities. “E com inflação baixinha, os juros não precisam subir muito, garantindo a liquidez mundial”, explica.

Falando de Brasil, Carvalho analisa o cenário político e diz que hipótese mais provável é de uma solução ordenada para questão envolvendo a saída ou não do presidente Michel Temer. “Para o mercado, importa pouco o nome de quem está no governo, mas sim a política com um todo e o avanço das reforças”, diz. E acrescenta que independentemente do nome do presidente, o banco vê um quadro mais amplo em que há preservação da defesa das reformas, um comprometimento que deve continuar. “Depois há também a coalizão no Congresso, que não muda muito e que tem se posicionado favoravelmente às reformas e à manutenção da equipe econômica, e do Banco Central e da política econômica”, afirma.

Com isso, Carvalho acredita que o crescimento da economia continuará, mas em ritmo moderado. Ele destacou o crescimento do primeiro trimestre deste ano, que interrompeu uma série negativa de oito trimestres, na maior recessão da economia brasileira deste século. “Foi uma queda impressionante de 9 pontos na economia, nunca vista”, disse. Ele acredita que o crescimento pode ter alguma oscilação no curto prazo, por conta da crise política, que afeta as expectativas dos agentes econômicos, mas o PIB deve seguir em recuperação nos próximos trimestres, mesmo que de maneira mais fraca. O banco estimava 1% de crescimento para este ano, mas reduziu o percentual para 0,5% diante da instabilidade política.

Carvalho lembra que a agricultura não ajudará tanto o crescimento nos próximos trimestres e que a retomada virá mais dos serviços e da indústria. Ele espera crescimento perto de zero no segundo trimestre e recuperação nos seguintes graças à retomada da confiança e à queda dos juros. “Devemos ter um rebalanceamento dos motores do crescimento, com a agricultura perdendo espaço para serviços e para a indústria”, diz. Já para 2018, a expectativa é de crescimento maior.

No dólar, o economista do BNP diz que segue otimista também, estimando que a moeda americana vai cair até o fim deste ano dos atuais R$ 3,20 para R$ 3,00. “Estamos mais otimistas que o consenso do mercado”, admite, citando como justificativa a balança de pagamentos favorável, o cenário externo mais calmo e a expectativa de solução para a crise política.

Ele também está otimista com a inflação, que deve chegar o ano em 4% pelo IPCA, referência das metas de inflação do BC. E os juros cairiam então para 8% no fim deste ano e 7% no próximo. “É uma projeção mais agressiva que a do mercado, que trabalha com 8,5%, mas vemos um ambiente de crescimento moderado e inflação baixa que permitem isso”, explica.

O emprego, porém, ainda deve demorar a parar de cair. “Normalmente o desemprego é o último item que melhora na economia, depois que as empresas se recuperaram elas param de demitir e só então voltam a contratar”, diz o economista, que espera níveis próximos de 14% ainda no segundo semestre. “No ano que vem deve reduzir”, diz.

Para o cenário de curto prazo, Carvalho diz que é inevitável falar de política e cita três cenários possíveis. O primeiro, de Temer continuar no poder, reaglutinando as forças políticas, com capacidade ainda de aprovar as reformas. O segundo é de o presidente continuar, mas sem força política e o terceiro cenário é de troca por um presidente eleito indiretamente até 2018.

Dos três cenários,  o menos sustentável é o segundo, de Temer continuar muito enfraquecido, e acabaria desembocando no primeiro ou no terceiro. E, nestes, o cenário de aprovação das reformas no Congresso e continuidade da equipe econômica continua diante da expectativa de que as forças políticas atuais mantenham a superioridade no Congresso.

Já a questão da eleição de 2018 ainda está fora do radar do mercado, afirma Carvalho. “A impressão é que haverá maior dispersão de candidatos na próxima eleição e uma grande renovação depois das denúncias todas da Lava Jato, e isso pode criar uma incerteza maior, mas é algo que o mercado vai começar a se preocupar mais no fim deste ano ou no começo do ano que vem”, acredita.

Sobre a reforma da Previdência, Carvalho reconhece que ela sofrerá atrasos. “Mas ainda pode haver tempo para aprovar, talvez até outubro, ou mais para o fim do ano”, afirma. Ele acredita que o mais importante para o mercado é que a reforma passe na Câmara. “Se os deputados votarem até o terceiro trimestre deste ano, ela pode ser aprovada no Senado até outubro e isso está de bom tamanho”, afirma. “Temos de lembrar que essa reforma é alto para 10, 20 anos, então se houver atraso de alguns meses isso não tira o Brasil desse trilho”, explica.

Ele admite também que a proposta terá mudanças em relação à proposta original e que a economia prevista com a reforma vai ser menor. “Já houve uma diluição em relação à proposta original, que permitiria uma economia de 2 pontos percentuais do PIB em 10 anos, para 60% ou 70% disso, mas o importante é que o país aprove alguns pontos, como a idade mínima, mesmo com regras de transição”, observa. “Até pela possibilidade de isso ajudar a fechar as contas públicas”, afirma.  Segundo o economista, a aprovação da idade mínima é fundamental para a Previdência no longo prazo. “E é inevitável, se não viera agora, neste governo, não tem como escapar no próximo governo, seja quem for eleito em 2018”, alerta.

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