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Economia: "passarim" que não voa

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“Se oferecessem emprego na minha terra, voava que nem passarim de volta pra minha família. Ia feliz da vida. Mas a realidade é outra. Lá, eu como mal e, mesmo assim, não consigo comprar nada. Não tem trabalho, não tem o que fazer. Emprego, só com cargo político ou de concursado. Aí preciso ficar aqui, em São Paulo. Ao menos consigo comer melhor, comprar roupa e até ter uma casinha.”

A crise econômica que atinge as capitais é mais grave ainda no interior, onde algum dia já houve esperança de desenvolvimento. A depender da lenta recuperação da economia, histórias como a apresentada acima, do garçom piauiense varrendo as últimas bitucas da frente do bar à meia-noite, serão cada vez mais comuns. O leve crescimento de 0,2% no PIB do segundo trimestre do ano, nada muda. Das 27 unidades da Federação, 20 demonstram renda per capita mensal abaixo da média em 2016, de R$ 1.226. Todos os Estados que têm renda acima de R$ 1.000 estão nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste.

A situação é crítica. De acordo com as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), o país precisa crescer pelo menos 3,5% para que haja distribuição da renda. Porém, a previsão é de um crescimento inferior a 2% até 2021, e a média das projeções para 2017 é de 0,5%. Nesse quadro, somente em 2022 o PIB per capita voltará aos níveis de 2014. Isso ocorre porque a recuperação da economia é lenta demais e a população continua crescendo. De 2014 ao final de 2016, a queda acumulada é de 9,1%.

Os dados do IBGE, divulgados nesta sexta-feira, demonstram que o rendimento médio real de todas as pessoas ocupadas ficou em R$ 2.106 no trimestre de maio a julho de 2017. A taxa de desocupação foi de 12,8% no mesmo período – queda de 0,8 ponto percentual ante os três meses anteriores. Entretanto, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior (11,6%) houve alta. As comparações demonstram que o país permanece no mesmo lugar.

Apesar de ser apregoado aos quatro cantos por economistas e pelo próprio governo que a recuperação é uma realidade, a variação do PIB é insignificante: 0,2% na comparação do segundo com o primeiro trimestre de 2017, na série com ajuste sazonal. Em relação ao segundo trimestre de 2016, o PIB aumentou 0,3%. O cenário não é mais recessivo, mas falar em crescimento é outra história. Tecnicamente, só se denomina recuperação econômica quando o incremento fica acima de 0,5%. No acumulado de quatro trimestres, o PIB caiu 1,4%. Em valores correntes, o PIB alcançou R$ 1,639 trilhão. O indicador permanece praticamente igual ao de junho do ano passado.

Ajudou o desempenho da economia o aumento do consumo das famílias – crescimento de 0,7% na comparação com mesmo período de 2016. Esse resultado compensou, em parte, a forte queda dos investimentos das empresas (6,5%), o décimo terceiro recuo consecutivo. A perspectiva é de que os investimentos se mantenham baixos devido à incerteza política, o que tornará também lenta a retomada do emprego. Ao mesmo tempo, não há como o governo lançar mão de incentivos para a retomada dos investimentos, pois no momento cada centavo conta.

Por enquanto, a redução da taxa básica de juros e a desaceleração da inflação, que levam ao crescimento, em termos reais, da massa salarial, junto com a liberação das contas inativas do FGTS, compensam o cenário adverso enfrentado pelas famílias.

A falta de políticas desenvolvimentistas em um país em plena crise de endividamento agrava as diferenças sociais e regionais. A fase é de vender o que dá lucro e ficar com o prejuízo, o que agravará a situação a ser enfrentada pelos próximos governos. A postura atual lembra o Feijão com Arroz do passado e o consequente calote do governo Collor. No momento, o objetivo é sanear as contas públicas por meio do corte de gastos, penalizando programas sociais que garantem o mínimo de sobrevivência para aqueles que não conseguiram migrar e permanecem em seus lugares de origem, que nem “passarim que não avoa”.

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