O Índice Bovespa entrou em uma tendência de alta após a reviravolta no cenário político, que enfraqueceu o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e beneficiou o presidente Michel Temer. Com a revelação de gravações do sócio da JBS Joesley Batista que podem comprometer as denúncias contra o presidente Temer e revogar o acordo de delação premiada do empresário, o mercado passou a ver com mais otimismo as chances de aprovação da reforma da Previdência. Além disso, novas denúncias contra Luiz Inácio Lula da Silva feitas pelo ex-ministro Antonio Palocci podem dificultar ainda mais as chances de reeleição em 2018 do ex-presidente, que se coloca contra as propostas de ajuste fiscal e as reformas apoiadas pelo mercado.
Alta no exterior
Com isso, o Índice Bovespa atingiu na quarta feita 73.607 pontos durante o pregão, superando o recorde de 73.516 pontos de 20 de maio de 2008. No fechamento, porém, o índice recuou e encerrou o dia em 73.412 pontos, bem perto portanto do recorde histórico. E como, depois do fechamento do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que os juros podem cair mais, para perto dos 7% ao ano, novas altas podem vir, impulsionando o Ibovespa para novos recordes. Hoje, feriado do Dia da Independência, o mercado não funcionou, mas os papéis brasileiros estavam em alta no exterior, com Índice Titãs de ADRs (recibos de ações) subindo 0,57%.
O Ibovespa acumula alta nos últimos 30 dias de 9,74%, dos quais 2,07% apenas nesta semana. No ano, a alta do índice até quarta-feira era de 21,89%. Os estrangeiros seguem puxando o mercado brasileiro, com um saldo de R$ 2,987 bilhões em compras líquidas de ações em agosto e R$ 324 milhões em setembro apenas até dia 4. E as pessoas físicas voltaram a comprar, como mostra o aumento da fatia de mercado neste mês, para 22,7% do volume negociado, ante 18,6% em agosto e 16,9% na média do ano.
A alta nos últimos 30 dias mês é liderada por Estácio ON, com alta de 51,43%, seguida das ações da Usiminas PNA, 51,18%, Eletrobrás ON, 33,82%, CSN ON, 25,38% e Fibria ON, 24,26%.
Mercado ainda pode avançar
Sobre o futuro, o índice ainda pode andar mais, acredita José Pena, economista-chefe da Porto Seguro Investimentos. “Estou ficando mais otimista, temos uma nuvem grande na política, mas a combinação de inflação benigna no curto prazo ajudando salários reais, surpresas recentes com atividade, varejo, atividade, indústria, criam um caldo favorável para melhora dos resultados das empresas”, afirma Pena.
O custo financeiro das companhias vai cair com o juro menor, a estabilidade do cambio ajuda devedor em moeda estrangeira e começa a ter agora, antes do que se esperava, uma melhora da atividade que aumenta o volume de vendas das empresas. “Antes melhorava a margem, mas eu esperava demora maior para o volume aparecer”, admite.
Outro ponto é que a melhora as surpresas positivas estão se disseminando e esse é o melhor sinal, não o tamanho da surpresa, mas sua disseminação, destaca Pena. E isso para a bolsa é muito favorável. Os prêmios da renda fixa também já estão magros, o mercado já antecipou a queda da Selic, enquanto a bolsa, em termos relativos, andou menos que os juros nos últimos tempos. “O índice está num patamar aparentemente altoa, mas se tivermos uma visão construtiva, ele ainda tem espaço para andar.”