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Juros seguem ‘extraordinariamente altos' no Brasil, diz fundador do Plano Real

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O economista André Lara Resende, ex-diretor do Banco Central (BC) e um dos criadores do Plano Real, avalia que os juros no Brasil seguem “extraordinariamente altos” não apenas por causa da questão fiscal, com baixa poupança pública e do setor privado, mas porque a teoria monetária que pautou o BC no País estava equivocada, disse durante palestra em evento da Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta terça-feira, 12.

André Lara Resende começou sua apresentação destacando que os juros no Brasil são “extraordinariamente altos”, especialmente desde a estabilização do Plano Real. “São tão altos que geram perplexidade em toda parte. Qualquer analista que é informado sobre os juros no Brasil fica completamente perplexo.”

“O problema todo é essencialmente fiscal, de falta de poupança privada e pública”, disse Lara Resende ao ser questionado pelo economista e professor da FGV, Luiz Carlos Bresser-Pereira, dos motivos do juro tão elevado no Brasil.

“O Brasil tem baixa taxa de poupança. O Estado é profundamente ineficiente”, afirma Lara Resende. Mas há outro elemento para explicar as taxas elevadas, disse ele, ressaltando que a teoria monetária que pautou a política monetária do BC no Brasil estava errada.

Em livro publicado este ano, “Juros, Moeda e Ortodoxia”, o ex-diretor do BC argumenta que os juros elevados não só agravam o desequilíbrio fiscal, mas também mantém a inflação elevada no longo prazo.

No evento de hoje, Lara Resende ressaltou que a crise de 2008 mostrou que tanto a velha como a nova ortodoxia da política monetária estavam erradas. Os juros nos países desenvolvidos caíram para perto de zero e a inflação seguiu comportada. “Isso contradiz frontalmente os resultados da nova ortodoxia”, disse na FGV.

A crise colocou em cheque a nova ortodoxia da política monetária, baseada em metas para a inflação e a regra de Taylor, que defende uma elevação dos juros em porcentual maior que a alta da inflação para fazer com que os preços convirjam para a meta do BC.

No Brasil, a recessão desde 2015 foi um “fator acachapante” de que havia algo “profundamente errado” com os juros no Brasil. “Não é possível você manter uma taxa real de juros, que agora está caindo, acima de 7% ao ano com 9% de queda acumulada do PIB (Produto Interno Bruto (PIB), 14 milhões de desempregados e colapso completo das taxas de investimento.”

A crise de 2008, destacou Lara Resende, foi uma “oportunidade extraordinária” perdida pelo Brasil para baixar os juros. Por opção política, o governo do PT acabou elevando os juros naquele momento.

O economista usou uma analogia com a medicina para falar dos persistentes juros no Brasil e de que este remédio pode ser o errado. O paciente tem uma doença crônica e usa um remédio há 30 anos em doses cavalares, disse Lara Resende. O paciente não curou da doença e agora está ameaçando morrer dos efeitos secundários do remédio. Além disso, existem novos estudos falando que este remédio pode não funcionar.

“Você continua aplicando doses cavalares do remédio ou você diminui? É uma questão de bom senso.”

André Lara Resende também foi questionando durante sua apresentação sobre a Taxa de Longo Prazo (TLP), que vai ser o referencial para os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Indiretamente, o economista defendeu a nova taxa. “A combinação de taxa de juros básica muito alta com crédito subsidiado é extremamente perversa, porque isso é indutor de um déficit fiscal enorme.” O razoável, argumentou o economista, é ter a taxa básica em nível de equilíbrio e ser desnecessário ter crédito subsidiado.

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