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O que interpretar sobre o crescimento do PIB

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O crescimento de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), no segundo trimestre deste ano anunciado hoje pelo IBGE veio um pouco acima do esperado pelos economistas, que trabalhavam com estabilidade e até ligeira queda da economia. E não seria surpresa, diante da crise política que explodiu em maio, com as denúncias de Joesley Batista, da JBS ameaçando derrubar o governo de Michel Temer e enterrar as reformas estruturais e o ajuste fiscal, observa Sérgio Vale, da MB Associados. Nesse sentido, 0,2% foi um resultado muito bom.

Mas, mais do que o percentual em si, o resultado do segundo trimestre confirmou o fim da recessão técnica do país, com o segundo crescimento sobre o mês anterior. No primeiro trimestre, houve crescimento de 1% sobre o último de 2016.

Merece destaque ainda o crescimento de 0,3% sobre o mesmo trimestre do ano passado. Foi o primeiro aumento trimestral em relação ao mesmo período do ano anterior após 12 trimestres, ou seja, após três anos de queda contínua, destaca a Rosenberg Associados. “Definitivamente, vamos deixando a recessão para trás”, conclui a consultoria.

Os destaques positivos do trimestre foram ainda a agropecuária, com a safra recorde, bem como o comércio e outros serviços, ajudados pela liberação do FGTS inativo e pela discreta melhora do crédito e do mercado de trabalho. A queda da inflação, puxada pelos alimentos, ajudou a ampliar a renda real dos trabalhadores, assim como uma ligeira melhora também do emprego. E juros mais baixos favoreceram o crédito, destaca a Rosenberg.

Diante do resultado e do impacto menor que o esperado da crise política, Sérgio Vale, da MB, revisou a estimativa de crescimento do PIB brasileiro neste ano de 0,3% para 07%. Mas a economia não passou incólume ao efeito Joesley. A crise de maio afetou os investimentos das empresas, a chamada taxa bruta de formação de capital, no trimestre passado. “Nesse sentido, é semelhante ao impacto da crise política do Mensalão em 2005, que acabou por afetar negativamente o investimento no terceiro trimestre daquele ano”, lembra. Com a estabilidade política, o investimento voltou a acelerar, o que pode voltar a acontecer agora, espera Vale.

Recuperação representa reversão de 4,5 pontos

O economista-chefe da MB observa que 0,7% de crescimento no ano parece pouco, mas não é. O número representa uma reversão de quase 4,5 pontos percentuais de um ano para o outro, o que é comparável com outras saídas de recessão que o país já teve, como o da queda no governo de Fernando Collor em 1992. “Naquele ano, o PIB caiu 0,5% e subiu 5% no ano seguinte, lembrando eu estávamos em plena hiperinflação e em reversão da política monetária contracionista do ministro Marcílio Marques Moreira no primeiro semestre de 1992”.

Instrumentos limitados

Desta vez, Vale observa que o país sai da crise sem possibilidade de uso mais efetivo de políticas monetárias e fiscal, como na crise mundial de 2008, por exemplo,  porque foram elas as mais afetadas no governo de Dilma Rousseff. Da mesma forma, a inflação de dois dígitos no ano passado obrigou o Banco Central a gastar tempo coordenando as expectativas e agora pode reduzir mais os juros. “A partir de agora que a política monetária poderá ser mais efetiva na recuperação”, afirma. “Dados esses condicionantes, crescer 0,7% é absolutamente razoável e esperado”, explica Vale.

Troca de salários altos por baixos limita consumo

A situação poderia ser melhor se o consumo, que responde por 65% de peso na economia, também estivesse mais acelerado. Para Vale, o problema é a recuperação da massa real de renda, que está sendo reduzida pela troca de funcionários com salários mais altos por outros de menor remuneração. No caso da indústria, a relação é mais grave e acaba anulando parte dos ganhos com a recuperação do emprego, já que a renda cai com os novos contratados de salários mais baixos. Mas a tendência é que 2018 essa situação seja compensada pelo aumento dos empregados.

Reformas ou recessão de volta em 2019

E, se um candidato reformista for eleito em 2018, as expectativas seguirão positivas e podem levar a um crescimento do PIB de 3%. “Isso não significa que não há problemas o maior deles a reforma da Previdência, que deverá ser aprovada apenas em 2019”, avalia Vale. “Dizemos que deverá ser aprovada porque o cenário alternativa significa desmontar tudo que foi feito agora com a efetiva volta à recessão em 2019”.

Até gato morto pula

Mas nem consideram o resultado do segundo trimestre tão positivo. “Até um gato morto pula quando é arremessado de grande altura”, lembra a economista Monica De Bolle em sua conta no Facebook. Para ela, o PIB brasileiro do segundo trimestre cresceu 0,2% impulsionado pelo consumo das famílias. Ainda que seja favorável o crescimento do consumo depois de 9 trimestres consecutivos de queda, o gato não é Lázaro, diz. “O consumo cresceu pois, com a inflação em queda acelerada, houve alguma recomposição salarial”, analisa.

A queda acelerada da inflação, por sua vez, deve-se aos efeitos da recessão e à atuação do Banco Central — há controvérsias sobre o quanto da queda dos preços é de responsabilidade de um ou outro fator. De todo modo, continuamos: (1) sem investimento, que ainda não parou de encolher; (2) sem atividade industrial, que continuou a cair; (3) com receitas do governo que não param de surpreender negativamente, o que não dá qualquer alento à frente, afirma Mônica.”Essa é minha interpretação dos dados de hoje. Mas, o PIB é como o gato de Schrödinger: dentro da caixa fechada (e preta) que é o Brasil, ele pode estar morto e vivo ao mesmo tempo.”

Mônica se refere ao paradoxo descrito pelo físico austríaco Erwin Schrödinger, segundo o qual um gato dentro de uma caixa pode estar não apenas vivo ou apenas morto, mas morto-vivo, usando princípios da mecânica quântica.

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