A velocidade das cotações em nada se assemelha ao dia-a-dia das empresas, como gostam de atestar os gestores, notadamente aqueles dedicados à análise fundamentalista dos negócios. A carapuça também serve quanto à política, mas as incertezas inerentes à agenda de reformas em prol do equilíbrio fiscal teimam em colocar a eleição de 2018 no radar do mercado.
Depois da polarização entre PT e PSDB evidenciada em 2014, a corrida eleitoral municipal de 2016 trouxe a figura do “não-político” que emergiu diante dos escândalos de corrupção. Agravada a situação crítica da trajetória da dívida pública em meio à recessão, a reforma da Previdência virou assunto cotidiano sob a égide de um eleitorado mais propício a nomes de direita.
A mais de um ano do primeiro turno da eleição ao Planalto, os financistas já elegeram dois queridinhos para conduzir um governo mais amigável ao mercado: o prefeito de São Paulo, João Doria, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Qualquer notícia envolvendo essas possíveis candidaturas pode afetar os preços, embora se reconheça que as reformas estruturais propostas pela gestão Michel Temer contemplam uma agenda de País, não isolada à figura do presidente.
Tanto que, mesmo sob os riscos em torno de nova denúncia contra Temer, o principal índice de ações da B3 rompeu sua máxima histórica amparado por indícios consistentes de retomada econômica, e certa confiança com o avanço da pauta no Congresso. Na quarta-feira (13), o Ibovespa chegou a finalizar em novo recorde (74.787 pontos), desta vez com ajuda de Meirelles.
O PSD apresentou um convite para que o titular da Fazenda seja o candidato à Presidência da República pelo partido na disputa de 2018. A Bolsa agradeceu. “Eu não sou pré-candidato à Presidência da República (…) Fiquei muito honrado com as palavras de todos os deputados do PSD (…) Seguirei debatendo a política econômica com todos os parlamentares”, respondeu Meirelles em sua conta no Twitter na própria quarta-feira.
O ministro da Fazenda foi novamente consultado sobre o assunto nesta quinta-feira (14) durante evento em São Paulo. “A realidade é que estou 100% do tempo concentrado como ministro da Fazenda. Depois da recessão enorme, estamos começando a crescer. É muito importante um foco absoluto e total, primeiro na recuperação e aprovação das reformas fundamentais da economia. Este é o meu foco e, na minha vida, não fico pensando no futuro e hipóteses.”
No caso de Doria, a candidatura encontraria o obstáculo do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em tese, hoje o primeiro da fila no PSDB. No jogo declarações do noticiário político, até mesmo uma eventual desfiliação do prefeito já tingiu as páginas dos jornais. A consultoria Eurasia já apontou Doria como o possível nome necessário para o Brasil em 2018.
Em entrevista à InfoMoney, Doria admitiu ficar feliz com tal afirmação, mas ressalvou que esta visão precisa ser compartilhada na sociedade. “Quem elege o presidente é o povo, não o mercado.” Em declaração na edição desta quinta-feira no jornal O Estado de S. Paulo, o prefeito de São Paulo mostrou estar ligado nas preferências para a corrida ao Planalto.
“Espero que Meirelles continue com o bom trabalho à frente do ministério e não se contamine pela questão política (…) Não é hora (para esse debate). Acho que o final do ano ou o início de 2018 será um bom momento para manifestação final do PSD”, afirmou ao Estadão ao participar de um congresso do Movimento Brasil Competitivo, na capital paulista.
Independentemente de, se, na mesma lógica, Doria deveria focar exclusivamente na Prefeitura de São Paulo, o fato é que ambos vão se tornando os candidatos do mercado.
Fonte: Money Times