As exportações de café do Brasil devem fechar 2017 cerca de 5 por cento abaixo do inicialmente previsto, refletindo uma colheita comercializada lentamente por produtores à espera de preços mais atrativos, disse o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do país (Cecafé), Nelson Carvalhaes.
Segundo ele, os embarques neste ano devem variar de 30 milhões a 31 milhões de sacas de 60 kg, ante uma expectativa de cerca de 32 milhões de sacas em 2017.
“Isso não chega a impressionar… Houve menor oferta neste ano. A produção não entrou agressivamente, porque o produtor segurou (o café). Havia a expectativa de preços maiores, o que não se concretizou”, disse Carvalhaes à Reuters na noite de quarta-feira, no intervalo do Encafé, maior evento da indústria de café do país, realizado na Bahia.
No acumulado do ano até outubro, as exportações totais de café somam 24,75 milhões de sacas, queda de 10,7 por cento na comparação com o mesmo período de 2016.
Isso significa dizer que as exportações totais do maior exportador global deverão somar pelo menos cerca de 5,6 milhões de sacas nos dois últimos meses do ano –em outubro, atingiram 2,75 milhões de sacas.
Do total de café verde, os embarques de arábica estão dominando este ano, somando quase 22 milhões de sacas até outubro.
As exportações neste ano, porém, têm sido limitadas, uma vez que os produtores não estão dispostos a comercializar nos preços correntes a safra recém-colhida.
“Em novembro e dezembro, (as exportações) devem se manter nesta faixa (de outubro), em torno de 2,8 milhões de sacas”, avaliou Carvalhaes, nos bastidores de evento da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) em Mata de São João (BA).
Segundo ele, os exportadores de café do Brasil “reagem bem” quando as cotações do arábica na Bolsa de Nova York estão entre 1,30 dólar e 1,40 dólar por libra-peso.
O segundo contrato na ICE, para março, está cotado atualmente em torno de 1,27 dólar por libra-peso.
Brasil lidera patentes de café
Um relatório elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU), intitulado Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), destaca que um terço do valor dos produtos industriais vendidos em todo o mundo corresponde ao chamado “capital intangível”. Entre esses itens está o café brasileiro.
O documento destaca o Brasil como produtor que protege a propriedade intelectual para capitalizar ativos intangíveis. O país lidera em termos de patentes para o café, tanto na proteção jurídica de propriedade intelectual quanto nas marcas coletivas. O estudo cita a imagem de marcas, de design e de tecnologia com maior destaque entre as cadeias de valor global.
Em 2014, cerca 5,9 trilhões de dólares foram faturados em capital intangível, que contribui duas vezes mais que edifícios, máquinas e outras formas de capital tangível para o total dos produtos manufaturados. Para a OMPI, isto reforça o “crescente papel da propriedade intelectual, que é frequentemente usada para proteger bens imateriais e a eles relacionados na economia mundial”.
Segundo o relatório, ao melhorar as capacidades de processamento do café, o Brasil concorre com nações mais desenvolvidas, que produzem o café torrado e solúvel. Assim como China e México, o país procura proteger suas patentes para invenções relacionadas ao café.
Fonte: Reuters e Datagro