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Moody’s: próximo presidente terá de tomar medidas duras para reequilibrar economia

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O próximo governo brasileiro terá de tomar duras decisões políticas e continuar os ajustes do governo atual, por isso o próximo ano, de eleições, será muito importante para definir o futuro do país, avalia Mauro Leos, vice-presidente sênior de crédito para América Latina da unidade de risco soberano da agência americana Moody’s Investors. Segundo ele, há fatores necessários, mas não suficientes, para mudar a perspectiva de risco do país, entre eles, o crescimento da economia de maneira sustentável, a manutenção do teto de gastos e a reforma da Previdência. “Os fatores de risco do Brasil são fiscal, fiscal e fiscal”, ironizou, durante apresentação no 12º Seminário Internacional da Acrefi, em São Paulo.

O principal risco do Brasil é o déficit fiscal, avalia Leos, um déficit que nem seria tão alto, assim como a dívida pública. O problema, diz, é a tendência de ambos, que não indica desaceleração. Além disso, a estrutura de gastos do governo impede um ajuste rápido, jáque 55% das transferências do governo federal são obrigatórias, constituídas especialmente por pensões. Na América Latina, a média dessas transferências é de 26%. As despesas com juros representam 25% das transferências, para 10% da América Latina.

Leos diz que para o Brasil estabilizar a relação dívida-PIB seria preciso manter um superávit primário de 2% do PIB por ano e um crescimento de 2% ao ano. “Mas o que o governo estima para os próximos anos é déficit, o que faz a projeção de dívida sobre o PIB aumentar”, diz.

Segundo ele, a situação de incerteza política não é exclusiva do Brasil. Outros países como Chile, Colômbia e México também estão elegendo seus presidentes. “No caso da Colômbia, há 15 candidatos presidenciais, mas mesmo assim a incerteza é maior no México, onde há três, mas quem está liderando as pesquisas é um candidato de esquerda contrário às reformas estruturais promovidas pelo governo atual”, diz. Ele diz que as incertezas políticas são normais, e que a preocupação da agência não é com quem ganha a eleição, mas seu impacto nos fatores que podem mexer com a nota de crédito do país.

No Brasil, a preocupação é que o próximo candidato continue com o ajuste fiscal e as reformas, em especial a da Previdência. Leos lembra que Moody’s deve voltar ao Brasil em março para avaliar as condições do país e definir se muda ou não a nota brasileira de crédito.

Para Leos, o cenário internacional segue favorável para o Brasil no médio prazo. “Os problemas do Brasil são domésticos, tanto econômicos quando políticos”, diz. Mas são parecidos com os de outros países da América Latina. Na economia, o crescimento deve ser mais baixo que o dos anos recentes. E  sentimento dos investidores privados também piorou. Na parte fiscal, a situação mais delicada reduz o espaço para incentivos e cria a necessidade de ajustes. E no campo social, há os problemas com a pobreza e com a classe média, que cresceu nos últimos anos, demandando mais medidas anticorrupção. “Isso acontece tanto no Brasil como no Chile ou no México”, afirma Leos.

Na avaliação da Moody’s, todos os países emergentes tendem a crescer nos próximos dois anos, graças ao aumento do comércio global e das taxas de juros baixas. A expectativa é de um crescimento de 3,4% para o mundo, e entre 2% e 3% para o Brasil. Mesmo com um ritmo menor de crescimento por conta da desaceleração da China, o cenário mundial é positivo. “A Índia vai crescer mais que China, mas mesmo assim sua economia não vai compensar o peso menor da China”, diz Leos. “E é importante também ver que a China, apesar de demandar menos matérias-primas, o que influencia as economias emergentes, está ocupando espaços importantes nas economias da América Latina, comprando empresas, ou seja, sua influência sobre essas nações são se dá só como compradora de commodities”, explica.

Os riscos para a América Latina, assim como para outros emergentes, está na normalização das taxas de juros americanas e nas políticas comerciais dos EUA. “Há também a desaceleração chinesa e os riscos geopolíticos”, afirma, acrescentando, porém, que “a Coreia do Norte é um risco importante, mas as eleições nos países latino-americanos são mais”.

Já o protecionismo americano terá impactos diferentes de acordo com a importância dos Estados Unidos em sua pauta de exportações, lembra Leos. “No caso do México, que exporta 27% do PIB para os EUA, o impacto será muito maior do que para o Brasil, que exporta 4%, 5% do PIB”, explica. “A boa notícia para o Brasil é que o país não será tão afetado pelo protecionismo americano” diz.

Leos destaca o aumento da percepção da corrupção na América Latina nos últimos anos. “Não creio que a corrupção aumentou, mas sim que ela se tornou mais conhecida”, explica. Segundo ele, um fator que aumenta os riscos políticos na região é a Odebrecht, que vem denunciando esquemas de pagamento de propinas a autoridades de vários governos latino-americanos.

No caso do Brasil, o país tem fatores que reduzem o impacto das crises, entre eles um déficit externo reduzido e que vem sendo coberto pelos investimentos estrangeiros diretos. O volume de reservas também é elevado, equivalente a duas vezes os compromissos do país no exterior, bem mais que países como a Turquia, que tem apenas metade do total a vencer.

Além disso, o Brasil tem baixa exposição ao mercado externo já que 15% de sua dívida inter apenas está nas mãos de estrangeiros, e quase toda em reais: apenas 4% do débito é corrigido por outros moedas. “Isso protege o país de uma oscilação mais forte da moeda, que poderia elevar demais a dívida interna”, diz. Na Colômbia, 32% da dívida está indexada a outras moedas.

 

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