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Analistas preveem volatilidade no mercado de câmbio e dão dicas para quem pensa em aplicar em dólar

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Incertezas diante de fatores internos que agitam o noticiário – como rumo das eleições presidenciais, ritmo de andamento da reforma da Previdência e possíveis reflexos do recente rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de risco Standard&Poor’s – chamam a atenção dos investidores neste início de ano. Somadas a dados externos, como chances de alta mais rápida e acentuada dos juros americanos, e de acirramento do conflito entre EUA e a Coreia do Norte, envolvendo Coreia do Sul e Japão, tais dúvidas levam muita gente a questionar se em 2018 não seria indicado começar a investir ou reforçar reservas em dólares.

Volatilidade será marca de 2018, pelo menos até as eleições

Analistas consultados pelo Portal Arena do Pavini acreditam que será um período de grande volatilidade. Mas destacam a necessidade de não definir ou trocar de investimentos sem considerar e acompanhar os diferentes cenários que ainda irão se desenhar na economia e na política. “No curto e no médio prazo, está muito difícil apostar se o dólar vai cair muito ou subir muito; mas certamente teremos volatilidade, pelo menos até as eleições”, diz Bruno Foresti, gerente de câmbio do Banco Ourinvest.

Pontos de partida devem ser os objetivos e perfil do investidor

Os analistas lembram ainda a pequenos e médios investidores, muitos deles também buscando alternativas que sinalizem rendimentos melhores que os da renda fixa, que assim como ocorre em qualquer outra aplicação, a decisão de aplicar em dólar ou produtos atrelados à variação cambial deve levar em conta quais são os objetivos, tolerância a risco e perfil de cada investidor.

Também é preciso ter claro que o dólar em si e outras moedas estrangeiras são ativos de renda variável, assim como o mercado de ações e, portanto, não dão ao investidor garantias contra perdas ou de obtenção de retorno. Outra orientação é não investir sem procurar informações previamente, que permitam entender o funcionamento das diferentes opções de aplicações, se possível com ajuda de um planejador financeiro.

Mais proteção ou reserva de valor que investimento

É consenso também entre os especialistas consultados que ainda é muito cedo para tentar fazer previsões sobre o comportamento da moeda em 2018. Além disso, na avaliação de Foresti, o dólar hoje é muito mais reserva de valor do que investimento propriamente dito, estando neste momento mais indicado para operações de médio e longo prazo, a partir de seis ou sete meses.

A principal função das aplicações em moeda americana, muitas vezes, acaba sendo justamente diminuir a volatilidade ou risco da carteira de investimentos, dando proteção contra uma eventual elevação no preço da divisa. Ou seja, o dólar é usado para fazer o chamado hedge, principalmente em momentos de crises econômicas ou políticas.

Foresti lembra que o dólar também enfrentou volatilidade em 2017, chegando a valer R$ 3,05 em fevereiro e batendo R$ 3,39 em meados do ano, por ocasião das delações da JBS. Mas acabou fechando o período quase que empatando com 2016, a R$ 3,26, ou seja, quem apostou na moeda não ganhou quase nada.

O cenário de queda dos juros, da inflação e de retomada gradual da economia estimulou a bolsa no ano passado — também investimento de risco — e continua estimulando. Mas o dólar se manteve relativamente contido, refletindo em boa medida as condições favoráveis das contas externas do país, que podem, por sua vez, funcionar como amortecedores para notícias negativas que venham a pressionar maiores altas da moeda americana ao longo deste ano.

Apostar contra o real pode custar caro

Para o perfil de pequenos e médios investidores, alerta Foresti, “apostar contra o real, aplicando em dólar e não em juros, pode ficar caro”. Ele lembra que mesmo com a forte queda da Selic e o menor rendimento nas aplicações de renda fixa, quem apostou no dólar ano passado, por exemplo, “não perdeu dinheiro, mas deixou de ganhar”. Vale comparar o fraco desempenho da moeda (ganho abaixo de 2%) com altas de 26% na bolsa ou 9,95% no CDI.

Ambiente externo favorável à queda da divisa

“Vemos as mais diferentes projeções, mas temos, no momento, um ambiente externo muito favorável para a queda do dólar, que já vem ocorrendo desde meados de dezembro”, observa José Raymundo Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos. Ele ressalta que a divisa americana tem caído inclusive em relação a moedas de países emergentes (Brasil, México) e ligadas às commodities e até contra moedas fortes, como euro, libra, yen e mesmo o ouro.

De olho na trajetória dos juros nos EUA, Europa e Japão

Entre diversos fatores econômicos externos que poderão mexer com a moeda americana, Faria destaca as expectativas com a trajetória dos juros nos EUA (quanto mais subirem, mais tende a subir o dólar), com o Federal Reserve (Fed – Banco Central americano) falando em três altas no ano, enquanto alguns analistas apostam em duas e outros em até quatro elevações.

Lembra ainda que precisam ser acompanhadas políticas monetárias do Japão e de países da Europa, pois afetam a liquidez dos mercados, e quanto menor for essa liquidez, maior pressão de alta haverá sobre o dólar nos países emergentes.

Rebaixamento e mercados de risco

Em relatório com foco nos mercados de risco locais, principalmente a bolsa, divulgado no último dia 12 de janeiro, o economista-chefe do Home Broker ModalMais, Alvaro Bandeira, destaca que a redução da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco S&P refletiu a demora em produzir reformas e incertezas políticas. Mas, para ele, os mercados reagiram a isso com moderação, apesar de prejudicar um pouco o quadro econômico. “Ao mesmo tempo, isso pode estimular políticos a votarem reformas e medidas de ajuste”, avalia, ponderando que o maior comprometimento de não se fazer reformas ocorreria em 2019.

Candidaturas, pesquisas eleitorais e batalhas jurídicas sinalizam turbulência

Do ponto de vista interno, Faria Júnior vê no cenário político e eleitoral elemento-chave para as variações do câmbio ao longo do ano e avalia que “o mercado segue otimista com as expectativas de condenação do ex-presidente Lula (no próximo dia 24), no TRF-4, mas nem tanto com o rápido encaminhamento da reforma da Previdência”.

“Ainda é cedo demais para fazermos estimativas”, afirma o analista. “As chances de aprovação da reforma (da Previdência) em fevereiro talvez estejam em torno de 20%, 25%; e, mesmo que condenado, o ex-presidente Lula tende a se candidatar em seguida, sem que esteja definido até agora um candidato de centro; o provável é que, a partir daí, teremos o mercado sendo balizado cada vez mais por pesquisas eleitorais e decisões judiciais, gerando turbulência”.

Espaço para queda no curto prazo

Num intervalo de 10 a trinta dias, Faria ainda vê espaço para queda de 2% a 3% nas cotações da moeda americana, abrindo oportunidade de compra em nível melhor. Mas, daí para frente, acredita que a única coisa certa é que 2018 “será um ano difícil para o câmbio”.

Fatia de 5% a 10% em dólar na carteira pode ser interessante para quem não tem planos ou dívidas na moeda

Aos que não têm projetos como viagens ao exterior, cursos ou intercâmbio, nem dívidas ou obrigações em moeda estrangeira, Foresti indicaria “ter uma pequena parte da carteira de investimentos em dólares, não superior a 5% ou 10%, e mais como forma de diversificação ou um pequeno seguro para o caso de uma valorização futura da moeda americana”.

Faria Júnior, da Wagner Investimentos, faz um alerta. “Para as pessoas que estão buscando montar uma reserva de emergência, não incluiria aplicações em dólar, ações e nem renda fixa de longo prazo.” Nessa situação, que exige baixo risco, baixo custo e alta liquidez, ele sugere opções como Tesouro Selic, CDB (pagando perto de 100% do CDI) e fundos de renda fixa com taxas baixas de administração, todas alternativas “melhores que a caderneta de poupança”.

Já para quem tem dívidas em dólar ou está se programando para atividades no exterior, a situação muda e também há várias alternativas além da compra direta da moeda nas casas de câmbio. “Se a pessoa estiver, por exemplo, esperando ter gastos equivalentes a U$$ 7 mil, US$ 8 mil, pode também ser interessante ir fazendo alguma aplicação atrelada ao dólar”, diz Foresti.

Busca de diversificação é importante para o brasileiro

Diversificação também é o foco da orientação de Carlos Nunes, analista-chefe da GS Research, quando se fala da importância de possuir ou iniciar alguma aplicação atrelada ao dólar.

“Acho importante lembrar que o Brasil detém menos de 1% da soma de todos os ativos mundiais e que, portanto, quando se limita a ativos em moeda local, o brasileiro já está restringindo expressivamente seu campo de aplicações”, diz Nunes, para quem é interessante que as pessoas busquem ampliar suas possibilidades de negócios e melhorar seu perfil de risco, seja em outra moeda ou em estruturas que representem essas moedas.

Posicionamento em ativos globais e operações estruturadas

Na visão de Nunes, todo grande investidor (private) com mais de R$ 100 mil deveria ter pelo menos uma parte dos recursos posicionados em ativos globais, mesmo que optando por aplicar em reais, mas com a variação atrelada a outras moedas, como o dólar. “Hoje é possível montar diferentes estruturas de opções flexíveis de dólar, com capital protegido, com alavancagem (baixa ou alta, com menor ou maior risco), com descontinuidade e várias outras características, o que o interessado pode fazer consultando os operadores das corretoras”, explica.

Opções vão da moeda física a fundos cambiais, COEs e ETFs

Entre as alternativas de alguma forma ligadas à renda variável, como câmbio e ações, mencionadas pelos analistas, estão desde a compra direta da moeda física até aplicação em fundos cambiais, além de mecanismos que permitem investir no mercado internacional, como COEs (Certificado de Operações Estruturadas), fundos de BDRs (Brazilian Deposit Receipt – Certificado de Depósito Brasileiro) e ETFs — (Exchange Traded Funds – Fundos de Índices) internacionais.

O COE, de acordo com informações da Cetip, é um título parecido com as Notas Estruturadas, muito populares nos EUA e na Europa, que em uma só aplicação proporciona diversificação e acesso a novos mercados. Flexíveis, eles mesclam elementos de renda fixa e renda variável, e trazem o diferencial de serem estruturados com base em cenários de ganhos e perdas selecionadas de acordo com o perfil de cada investidor. O papel é garantido pelo banco que o emite.

“O interessante é que há opções (de COE) que oferecem proteção do capital investido, entregando, por exemplo, toda valorização em determinado período ou, se houver desvalorização, garantindo o valor principal ou um percentual do principal”, explica Foresti. “A partir de R$ 5 mil ou R$ 10 mil já é possível acessar esse tipo de operação”. Mas será preciso abrir conta em uma corretora, pesquisar valores, prazos e principalmente custos, que ficam mais interessantes na medida em que são feitas aplicações de maior valor.

Para quem pode programar o investimento em datas fixas, explica Foresti, costuma ser mais interessante a aplicação no COE, que não tem liquidez (os valores só podem ser resgatados na data contratada). Já o fundo cambial é bem mais flexível, com regras que variam de acordo com o administrador, sendo mais indicado para quem pode precisar de liquidez e prefere fazer aportes periodicamente, mensais, por exemplo. Mas os fundos cambiais aplicam em títulos no exterior, que podem ter perdas caso os juros lá fora subam, reduzindo o ganho com a variação da moeda.

ETFs buscam replicar carteira de um índice de referência

Os ETFs são fundos de ações que buscam replicar a carteira de um índice de referência no mercado, conhecidos também como fundos de índices ou fundos passivos. São negociados em bolsa, do mesmo modo que as ações. Podem ser constituídos por ações, títulos de renda fixa, commodities, opções, contratos de swap e moedas, por exemplo. A indicação ‘passivo’ sinaliza que o fundo não buscará resultados acima da média do mercado, mas apenas acompanhar o seu respectivo índice. Apesar de já existirem dezenas de opções de ETFs no Brasil, eles ainda têm pouca liquidez, com exceção do BOVA11 e o PIBB11, que seguem mais de perto a bolsa e possuem liquidez maior. E há um ETF que segue o índice Standard & Poor’s 500, da Bolsa de Nova York, e é cotado em dólar. No caso, o risco é a bolsa cair e também anular o ganho com a alta do dólar em relação ao real (ver abaixo).

De olho em ações no mercado externo

Quem tem vontade de investir em ações de fora e, assim, diversificar um pouco a carteira com ativos em dólar, também pode comprar, por aqui mesmo, via home broker, ações de empresas como Apple, Google, Amazon, entre outras.  A aplicação pode ser feita por meio de fundos de BDRs, sem burocracia e sem precisar abrir conta no exterior. “Isso pode ser interessante, mas só se a pessoa estiver buscando se proteger da variação cambial. Se ela decidir comprar porque realmente acredita na valorização da empresa, deve ter horizonte de médio e longo prazo e muita consciência dos riscos”, alerta Foresti, lembrando que se dependerá em parte da valorização (ou queda) do papel lá fora, e também de eventual valorização do dólar contra o real.

Outra alternativa para investir no mercado americano é fazer isso comprando o ETF IVVB11 — opção que antes era limitada a grandes investidores, com capacidade de aplicações acima de R$ 1 milhão, mas foi aberta, em 2016, para o público em geral. Trata-se de um fundo com exposição ao S&P500,  o principal índice de ações dos EUA. O investidor pode fazer as operações no Brasil, em reais, sem precisar ter dólares nem encaminhar recursos ao exterior. Ele vai ganhar (ou perder) com a valorização do índice — composto por ações nas mais diversas áreas como tecnologia, indústria automobilística, petróleo — e com a variação do dólar.

Todas essas opções representam, portanto, mais do que simplesmente comprar dólar, pois envolvem outros ativos, como ações de empresas. Mas podem ser de grande valia para diversificar as carteiras com outras moedas e outros mercados.

Ações dolarizadas no Brasil

Outra forma de se proteger de eventuais disparadas do dólar é comprar ações de empresas exportadoras. Companhias que têm no mercado externo sua maior receita se beneficiam da alta da moeda americana pois recebem mais reais por seus dólares recebidos do exterior. É o caso das exportadoras de celulose, como Klabin, Fibria, ou da Embraer ou a própria Vale. Mas, novamente, fatores específicos de cada setor podem atrapalhar a proteção, como a queda dos preços das commodities. Já se o fator da turbulência for interno, elas terão os ganhos da desvalorização do real.

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