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Selic menor deve melhorar custo e condições do crédito para micro e pequenas empresas nos próximos meses

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O movimento de queda da taxa Selic para um dos menores níveis da história, de 6,75% ao ano, e a retomada gradual da economia tendem a reduzir as taxas de juros na ponta, para o consumidor final e as micro e pequenas empresas, mas o processo pode demorar ainda alguns meses, diz Alan Ghani, professor de economia da Saint Paul Escola de Negócios.

Para ele, a redução do juro dos empréstimos não deve ocorrer na mesma proporção da Selic, mas terá algum efeito, e num período em torno de nove meses, no setor real da economia. “Como em 2017 ocorreu uma série de reduções, esse efeito já deve ser sentido no segundo trimestre de 2018”, avalia. O economista também acredita que haverá maior interesse e apetite das empresas em tomar recursos, mesmo levando em conta que, em um ano eleitoral, os empresários tendam “a ficar mais apreensivos para investir”.

Selic mais baixa e queda na inadimplência estimulam concorrência

Na avaliação do diretor de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, os sinais mais positivos da economia — com inflação e juros (Selic) baixos, crescimento econômico estimado entre 2,50% e 3% para este ano, recuperação nos índices de emprego e menores riscos de inadimplência — tendem a tornar os bancos menos restritivos e seletivos no crédito. Assim, diferentemente do que fizeram nestes últimos três anos, eles passariam a buscar mais intensamente clientes para emprestar.

Para ele, a recuperação dos níveis de emprego e renda vai possibilitar às empresas venderem mais, o que demandará mais crédito, tanto das pessoas físicas para consumo como das pessoas jurídicas para produção. “Neste ambiente de melhora do quadro econômico, cai o risco da inadimplência, que é outro fator que estimula os bancos a emprestarem”.

Ganhos menores com operações de tesouraria

Além disso, destaca Oliveira, frente a uma Selic baixa, que acaba de passar de 7% para 6,75% ao ano, reduz-se expressivamente o ganho dos bancos em tesouraria e nas aplicações em títulos do governo. “Isso também os empurra para operações de crédito, como forma de melhorar sua rentabilidade e, com isso, deve crescer a competição no sistema financeiro na disputa por estes clientes”, analisa.

Taxas ainda serão elevadas e exigem cautela

Do lado dos empresários, diz o executivo da Anefac, a tendência é de aumento na demanda de crédito para ampliação de produção, compra de máquinas e equipamentos, para atender ao crescimento da demanda. No entanto, recomenda, estes clientes/empresários precisam prestar atenção especial ao custo do crédito. Pois mesmo com a competição maior entre os bancos e a queda das taxas de juros, os custos dos empréstimos ainda vão se manter em patamares elevados, exigindo cautela e moderação, alerta.

Retomada para famílias e empresas menores

O mercado de crédito registrou ao longo de 2017 movimentos diferentes para empresas e pessoas físicas. Dados do Banco Central mostram que enquanto o crédito às famílias apresentou recuperação (+8,4% nas concessões e +5,6% no saldo) sobre o ano anterior, os financiamentos a pessoas jurídicas, ao contrário, recuaram 7%, refletindo efeitos combinados da retração de 2,6% nas concessões e das liquidações de contratos. Para este ano, as previsões de analistas são de melhora, tanto para pessoas físicas como para empresas, principalmente as de menor porte.

Análise do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do Bradesco ressalta que, se no ano passado,  as pessoas físicas ampliaram seu consumo diante da estabilização do mercado de trabalho, menor temor do desemprego e aumento da renda real, a carteira de pessoa jurídica respondeu ainda de forma mais defasada à retomada da atividade econômica e à redução dos juros.

Redução dos juros dará alívio de R$ 54 bi para renda das famílias

“Os últimos indicadores, contudo, sinalizam que o crédito às empresas começa a ganhar tração. Projetamos para 2018 um crescimento de 5,0% no estoque total de crédito, impulsionado por expansão de 6,5% na carteira de pessoa física e 3,4% na de pessoa jurídica”, dizem em relatório os analistas do banco.

Na visão da equipe do Depec-Bradesco, uma combinação entre diminuição do endividamento e redução da taxa de juros continuará tendo papel importante no alívio do comprometimento de renda neste ano. “No caso das empresas, alguns financiamentos são atrelados ao CDI, e a redução da Selic automaticamente produz alívio direto na despesa financeira. Sob a ótica das famílias, nossas estimativas apontam que a menor despesa com amortização e o repasse dos juros para o tomador final trarão alívio de R$ 54 bilhões à sua renda em 2018, ou 0,8 ponto percentual do PIB, contribuindo positivamente para o consumo”, destaca o relatório.

Para esses analistas, o mercado de crédito “contribuirá de forma positiva para a retomada do crescimento em 2018”, e deverá ser canal importante de transmissão da queda dos juros ocorrida em 2017 para a ponta final do consumo e dos investimentos.

De olho nas micro, pequenas e médias empresas

Representantes de bancos como Bradesco, Itaú e Santander já sinalizaram, por ocasião da divulgação de seus balanços, a percepção de que as operações de crédito devem continuar criando valor de forma sustentável nos próximos trimestres, diante da melhora gradual no ambiente econômico.

Haveria, portanto, perspectivas mais positivas no crédito para pessoa física e, se não para as grandes empresas — muitas ainda amargando problemas como queda de faturamento e elevada capacidade ociosa –, para as de menor porte, em especial as Micro e Pequenas Empresas  (MPEs) que, por sua vez, tendem a reagir mais rapidamente ao aquecimento de demanda no mercado doméstico.

Empréstimos seguem caros, na média 63% ao ano

Segundo a última pesquisa de juros da Anefac, relativa a dezembro, das três linhas de crédito para pessoa jurídica pesquisadas, todas reduziram suas taxas de juros no mês, mas elas ainda se mantêm bastante elevadas. A taxa de juros ( média geral ) para pessoa jurídica apresentou redução de 0,05 ponto percentual no mês (0,95 ponto percentual no ano), passando de 4,22% ao mês (64,22% ao ano) em novembro/2017 para 4,17% ao mês (63,27% ao ano) em dezembro — o menor patamar desde outubro/2015.

Capital de giro, conta garantida e desconto de duplicatas

Por segmento, nas operações de capital de giro, houve redução de 3,15%, passando a taxa de juros de 2,22% ao mês (30,15% ao ano) em novembro, para 2,15% ao mês (29,08% ao ano) em dezembro. Nos descontos de duplicata, a queda foi de 0,77%, passando a taxa de 2,59% ao mês (35,91% ao ano) para 2,57% ao mês (35,60% ao ano). Já na conta garantida, os juros, bem mais elevados, recuaram 1,02%, passando da média de 7,86% ao mês (147,93% ao ano) para 7,78% ao mês — ou 145,73% ao ano.

Forte descompasso entre queda da Selic e custos dos empréstimos

Ainda de acordo com levantamento da Anefac, considerando todas as elevações e reduções da taxa básica de juros (Selic) promovidas pelo Banco Central desde março de 2013 até dezembro de 2017 (portanto, ainda sem considerar o último corte, para 6,75% ao ano), houve no período uma redução da Selic de 0,25 ponto percentual (- 3,45%) de 7,25% para 7,00% ao ano. Já nas operações de crédito para pessoa jurídica houve uma elevação de 19,69 pontos percentuais (+ 45,18%), de 43,58% ao ano em março/2013 para 63,27% ao ano em dezembro/2017.

Eleições, juros nos EUA e dúvidas na reforma Previdenciária

Portanto, antes de decidirem ampliar suas produções para atender a provável demanda, diz Oliveira, é fundamental para os pequenos empresários avaliar a real necessidade de crédito, bem como a elevação de seus custos com tomada de crédito.

“Também exigem atenção outros riscos, como as eleições presidenciais, alta dos juros nos EUA e falta de aprovação da reforma da Previdência, que poderão, em algum momento, trazer intranquilidade aos mercados mundiais e ao brasileiro”, completa.

Cooperativas de crédito e fintechs: boas alternativas aos bancos tradicionais

Outra orientação dos especialistas para os empresários é ficarem alertas a diferentes possibilidades de financiamento para os pequenos negócios, como as cooperativas de crédito e as chamadas fintechs.

“São boas alternativas, apesar de ainda se tratar de um mercado pequeno, incipiente (em relação à dimensão dos bancos)”, avalia Oliveira. “De qualquer forma, a médio prazo, poderão trazer a tão sonhada competição no sistema financeiro, pela rapidez na aprovação das operações e, principalmente, pela redução dos custos dos empréstimos”, afirma.

Oliveira não vê, a princípio, riscos específicos em tais canais de crédito. “No entanto, como naturalmente não trabalham com volumes de créditos tão expressivos, é importante os empresários manterem suas politicas de parceria com os bancos, para não terem que, em algum momento, ficar sem estes parceiros”, pondera.

Mas acrescenta que, com estas opções, ganha-se alguns parâmetros de custos, até para barganhar com seus bancos. “De qualquer forma, acredito que as fintechs, cooperativas de crédito e Fundos de Investimento em Direito Creditórios (Fidcs, fundos que compram créditos de empresas) serão grandes alternativas para competir e reduzir os custos das operações de crédito no sistema financeiro”, completa.

“Com certeza (cooperativas e fintechs) são opções bem interessantes, e geralmente é possível encontrar taxas mais competitivas”, afirma  Alan Ghani, da Saint Paul Escola de Negócios.

Soluções online: mais agilidade e menos burocracia

Alexandre Góes, diretor de meios de pagamento da TrustHub, fintech de antecipação de recebíveis, acredita que a retomada da economia já é uma realidade e que o ano promete ser positivo para tais empresas.”O micro e pequeno empresário precisa de capital de giro para operar”, diz. “Porém é preciso cautela, escolhendo os agentes certos – sejam bancos, fintechs ou outras instituições financeiras; há boas empresas ofertando crédito a juros justos”, avalia.

“Estamos vendo a Selic caindo há um certo tempo, e esperávamos que isso refletisse na queda dos juros dos bancos, mas não é o que está acontecendo”, diz Góes, citando como exemplos os juros do cheque especial (pessoa física) na casa dos 300% ao ano, e do cartão de crédito, na casa dos 400% ao ano, cenário em que ele não espera mudanças no curto prazo. “Acreditamos por isso que as fintechs ganharão cada vez mais espaço”, afirma.

Atenção ao perfil e histórico das empresas

Segundo Góes, empresas com sua situação fiscal regularizada terão total chance de obter esse crédito mais barato. “As fintechs hoje estão ocupando um espaço importante frente aos bancos tradicionais pelas plataformas digitais e serviço desburocratizado que oferecem”.

Mas o executivo alerta, também, para a necessidade de se estar atento a empresas mal intencionadas. “O empresário deve buscar sempre informações sobre a fintech, fazendo perguntas como: a qual grupo pertence? Há quantos anos está no mercado? Pois, infelizmente, na contramão das oportunidades, existem os que se aproveitam para aplicar golpes”, completa.

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