O IPCA, indicador oficial usado pelo Banco Central (BC) em suas metas de inflação, foi influenciado em 2018 especialmente pelas despesas com produtos e serviços dos grupos Habitação, com alta de 4,72% e impacto de 0,74 pontos percentuais (p.p.) no índice, Transportes, com alta de 4,19% e 0,76 p.p. e Alimentação e Bebidas, com alta de 4,04% e 0,99 p.p.. Segundo o IBGE, juntos, estes três grupos somam 2,49 p.p., responsáveis por 66% do IPCA de 3,75% no ano.
Estes grupos, por sua vez, refletiram os aumentos das tarifas de energia elétrica no caso de Habitação, combustíveis nos Transportes e da safra menor nos Alimentos. Outro custo que pesou na inflação deste ano foi o dos Planos de Saúde, com alta de 11,17%, o maior impacto individual no índice e no item Saúde e Cuidados Pessoais.
A tabela a seguir mostra os resultados de todos os grupos de produtos e serviços.
IPCA – Variação acumulada e impacto por grupos – 2018 e 2017 | ||||
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Grupo | Variação (%) | Impacto (p.p.) | ||
2017 | 2018 | 2017 | 2018 | |
Índice Geral | 2,95 | 3,75 | 2,95 | 3,75 |
Alimentação e Bebidas | -1,87 | 4,04 | -0,48 | 0,99 |
Habitação | 6,26 | 4,72 | 0,95 | 0,74 |
Artigos de Residência | -1,48 | 3,74 | -0,06 | 0,15 |
Vestuário | 2,88 | 0,61 | 0,17 | 0,04 |
Transportes | 4,10 | 4,19 | 0,74 | 0,76 |
Saúde e Cuidados Pessoais | 6,52 | 3,95 | 0,76 | 0,48 |
Despesas Pessoais | 4,39 | 2,98 | 0,47 | 0,33 |
Educação | 7,11 | 5,32 | 0,33 | 0,26 |
Comunicação | 1,76 | -0,09 | 0,07 | 0,00 |
Bandeiras tarifárias pressionaram a conta de luz
Ficando atrás apenas do grupo Educação (5,32%), cujo destaque ficou com os cursos regulares (5,68%), Habitação, com 4,72%, foi o grupo que apresentou a segunda maior variação, com impacto de 0,74 p.p. Neste grupo, a principal influência veio do item energia elétrica, com variação acumulada no ano de 8,70% e 0,31 p.p. de impacto.
Em 2018, a variação acumulada da energia elétrica (8,70%) ficou pouco abaixo da registrada no ano anterior (10,35%). As regiões apresentaram variação entre -3,62% em Fortaleza e 17,67% em São Luís. Na primeira, o reajuste de 3,80% nas tarifas foi o menor dentre as áreas pesquisadas. Em São Luís, por sua vez, houve reajuste de 16,94%. Além disso, ao longo do ano, entraram em vigor as bandeiras tarifárias, acarretando em cobrança adicional, conforme apresentado na tabela abaixo:
IPCA – Energia elétrica – bandeiras tarifárias mês a mês | ||
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Mês | Bandeira tarifária | Cobrança adicional |
Janeiro | Verde | – |
Fevereiro | Verde | – |
Março | Verde | – |
Abril | Verde | – |
Maio | Amarela | R$ 0,01 por kwh |
Junho | Vermelha 2 | R$ 0,05 por kwh |
Julho | Vermelha 2 | R$ 0,05 por kwh |
Agosto | Vermelha 2 | R$ 0,05 por kwh |
Setembro | Vermelha 2 | R$ 0,05 por kwh |
Outubro | Vermelha 2 | R$ 0,05 por kwh |
Novembro | Amarela | R$ 0,01 por kwh |
Dezembro | Verde |
Gasolina puxou Transportes com alta de 7,24%
Nos Transportes (4,19%), que detêm cerca de 18,5% do IPCA, os destaques foram: passagem aérea (16,92%), gasolina (7,24%) e ônibus urbano (6,32%).
Alimentos sobem com safra menor e greve dos caminhoneiros
Após apresentar variação negativa (-1,87%) no ano de 2017, impulsionado pela safra recorde, o grupo Alimentação e bebidas encerra 2018 com uma taxa acumulada de 4,04%. Esse grupo responde por cerca de 1/4 das despesas das famílias e foi o principal impacto no ano com 0,99 p.p. A safra de 2018 ficou cerca de 5% abaixo da do ano anterior, sendo a segunda melhor da série histórica.
O IBGE lembra que, no fim de maio, a paralisação dos caminhoneiros provocou um desabastecimento que impactou os preços de diversos produtos, levando o grupo a apresentar variação de 2,03% em junho, a segunda maior para um mês de junho desde a implantação do Plano Real.
Comer em casa ficou mais caro com tomate como vilão
Os preços dos alimentos para consumo em casa, cujo peso é 15,7%, subiram 4,53%, enquanto a alimentação consumida fora de casa, que pesa 8,8% no índice, apresentou variação de 3,17%,
Entre os produtos que mais pressionaram a inflação em 2018, o destaque voltou a ser o tomate, que havia puxado os preços em 2016 e perdeu forçam em 2017, mas subiu 71,76% no ano passado. Frutas e refeições e lanches fora de casa também ficaram mais caros. Cebola, com alta de 36,71%, e batata-inglesa, com 23,76% de aumento, também pressionaram, mas seu peso é menor. O pãozinho subiu 6,46%, por conta da alta do dólar durante o ano, que pressionou o preço do trigo importado.
IPCA – Alimentação – Principais altas em 2018 | |||
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Item | 2017 | 2018 | |
Variação (%) | Variação (%) | Impacto (p.p.) | |
Tomate | -4,23 | 71,76 | 0,13 |
Frutas | -16,52 | 14,10 | 0,13 |
Refeição fora | 3,91 | 2,38 | 0,12 |
Lanche fora | 3,81 | 4,35 | 0,09 |
Leite longa vida | -8,44 | 8,43 | 0,07 |
Pão francês | 1,24 | 6,46 | 0,07 |
Carnes | -2,50 | 2,25 | 0,06 |
Batata-inglesa | -3,91 | 23,76 | 0,04 |
Cebola | -0,72 | 36,71 | 0,04 |
Arroz | -10,86 | 5,31 | 0,03 |
Macarrão | -2,90 | 10,53 | 0,03 |
Cerveja fora | 4,35 | 3,71 | 0,03 |
Hortaliças | 0,88 | 10,79 | 0,02 |
Frango em pedaços | -5,13 | 6,44 | 0,02 |
Queijo | -2,61 | 4,17 | 0,02 |
Refrigerante | 2,97 | 2,66 | 0,02 |
Frango inteiro | -8,67 | 4,08 | 0,02 |
Refrigerante fora | 2,00 | 4,70 | 0,02 |
Farinha de trigo | -11,53 | 18,10 | 0,01 |
Iogurte | 0,37 | 5,56 | 0,01 |
Doces | 4,67 | 4,27 | 0,01 |
Pescado | 2,67 | 2,94 | 0,01 |
Leite em pó | -9,56 | 4,10 | 0,01 |
Feijão-carioca | -46,06 | 4,55 | 0,01 |
Cafezinho | 2,56 | 8,64 | 0,01 |
Margarina | 3,02 | 3,97 | 0,01 |
Cenoura | 18,24 | 12,59 | 0,01 |
Enlatados | 2,98 | 3,43 | 0,01 |
Já as principais quedas no grupo Alimentação foram de café moído, com 8,22%, Farinha de mandioca, 13,26%, açúcar cristal, 6,26%, alho e ovos.
IPCA – Alimentação – Principais quedas em 2018 | |||
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Item | 2017 | 2018 | |
Variação (%) | Variação (%) | Impacto (p.p.) | |
Café moído | 6,59 | -8,22 | -0,03 |
Farinha de mandioca | -3,93 | -13,26 | -0,02 |
Açúcar cristal | -22,32 | -6,36 | -0,02 |
Alho | -22,50 | -10,81 | -0,01 |
Ovos | 2,94 | -4,03 | -0,01 |
Açúcar refinado | -18,21 | -5,93 | -0,01 |
Feijão-fradinho | -32,42 | -16,73 | -0,01 |
Sorvete | -4,45 | -4,07 | -0,01 |
Alta dos planos de saúde
Saúde e cuidados pessoais fechou o ano com variação de 3,95%. Neste grupo, a pressão veio das mensalidades dos planos de saúde, que ficaram em 11,17%, maior impacto individual no índice anual.
Eletrodomésticos, doméstica e vestuário em alta no ano
Além dos grupos anteriores, contribuíram de forma positiva no índice do ano: Artigos de residência (3,74%), onde sobressaem os eletrodomésticos (6,28%); Despesas pessoais (2,98%), com destaque para o item empregado doméstico (3,84%) e Vestuário (0,61%), com variação de 1,28% na roupa feminina. Apenas o grupo Comunicação (-0,09%) apresentou taxa negativa, destacando-se o telefone fixo (-1,28%).
Porto Alegre lidera inflação no ano com 4,62% e Recife tem 2,84%
Entre os índices regionais, Porto Alegre (4,62%) teve a maior variação, onde destacaram-se as altas nas frutas (46,15%) e na energia elétrica (17,58%). Apesar de Aracaju (2,64%) e São Luís (2,65%) terem apresentado variações menores que a de Recife (2,84%), esta computa integralmente os 12 meses do ano, haja vista que as duas outras, juntamente com Rio Branco (3,44%), foram incorporadas nos índices de preços a partir de maio de 2018. Assim, no índice de Recife (2,84%), as quedas da farinha de mandioca (-23,83%) e do item higiene pessoal (-2,08%) ajudaram a conter a taxa. Os índices acumulados, por região pesquisada, são apresentados na tabela a seguir:
IPCA – Variação anual por região | |||
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Região | Peso Regional (%) | Variação anual (%) | |
2017 | 2018 | ||
Porto Alegre | 8,40 | 2,52 | 4,62 |
Rio de Janeiro | 12,06 | 3,03 | 4,30 |
Vitória | 1,78 | 2,55 | 4,19 |
Salvador | 6,12 | 2,14 | 4,04 |
Belo Horizonte | 10,86 | 2,03 | 4,00 |
São Paulo | 30,67 | 3,63 | 3,68 |
Rio Branco* | 0,42 | – | 3,44 |
Curitiba | 7,79 | 3,42 | 3,38 |
Goiânia | 3,59 | 3,76 | 3,14 |
Brasília | 2,80 | 3,76 | 3,06 |
Belém | 4,23 | 1,14 | 3,00 |
Campo Grande | 1,51 | 2,11 | 2,98 |
Fortaleza | 2,91 | 2,27 | 2,90 |
Recife | 4,20 | 3,31 | 2,84 |
São Luís* | 1,87 | – | 2,65 |
Aracaju* | 0,79 | – | 2,64 |
Brasil | 100,00 | 2,95 | 3,75 |
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