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De 354 ações da B3, só 21 estão no azul – e é mais sorte que oportunidade

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A B3, a bolsa de valores brasileira, possui atualmente mais de 350 empresas listadas. Com o choque nos mercados que a crise deflagrada pela pandemia de coronavírus causou, praticamente a totalidade dessas ações – 94,1% do total, mais precisamente – está no vermelho em 2020. Quer dizer, o preço de todas elas, agora, está menor do que no primeiro dia do ano.

Nos 5,9% restantes, está um punhado de apenas 21 papéis que conseguiram chegar até essa altura de março de 2020 com os preços em alta. Em alguns deles, inclusive, o ganho não é desprezível – a Dasa, por exemplo, dona de laboratórios como o Delboni e o Lavioisier, acumula alta de 31,2% nos três meses do ano até aqui. O grupo Dimed, da rede de farmácias Panvel, subiu 30,9%.

O levantamento foi feito pela consultoria Economatica a pedido do CNN Business e verificou a rentabilidade de 354 ações listadas na B3, considerado o período acumulado do início do ano até o encerramento da última semana, em 27 de março (veja a lista completa mais abaixo). Neste período, o Ibovespa, o índice de referência da bolsa de valores que reúne as maiores empresas listadas, acumulou perdas de 36,5%.

O que a esmagadora maioria do seleto grupo de companhias no azul tem em comum é o fato de serem minúsculas dentro da B3, quer dizer, pouquíssima gente compra ou vende suas ações. O baixo volume faz com que uma venda realizada por um único acionista, a depender do tamanho do lote, tenha poder de mudar completamente a cotação – e daí ser comum essas “micro caps” terem variações bruscas e muito fortes de preço, tanto para cima quanto para baixo.

Além disso, são em geral empresas pouco conhecidas, caso da fabricante de peças de caminhões WLM ou da produtora de tecidos Têxtil RenauxView. Das 21, apenas uma – a fabricante de equipamentos Weg – faz parte do Ibovespa. Outras vêm ainda de tentativas mal sucedidas de fechamento de capital, caso da distribuidora Comgás, da fabricante de açúcar e etanol Biosev e da produtora de papel e celulose Irani. Esse conjunto atabalhoado de características faz com sejam opções arriscadas como alternativas de investimento.

“Como são empresas com baixíssima liquidez, com pouca negociação, as variações têm pouca correlação com os fundamentos do negócio, e acontecem mais por uma disfunção do mercado”, explica o chefe de renda variável da Eleven Financial, Carlos Daltozo.

Do lado dos investidores conservadores, isso significa que, mesmo com as altas, essas são ações das quais fugir, e não opções para investir, já que têm um alto grau de imprevisibilidade. “Assim como podem subir muito em um dia, podem cair muito no outro”, diz Pedro Galdi, analista da corretora Miraê Asset. Do ponto de vista do mercado, elas apenas confirmam uma das piores crises por que as bolsas de valores globais já passaram em sua história: na B3, só 6% das empresas segurou a alta após um mês de coronavírus, e isso pode ter acontecido muito mais por acaso do que por alguma resiliência nos negócios.

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No Ibovespa, só uma alta

Olhando apenas para o Ibovespa, a visão é ainda mais desoladora: das 72 ações do índice, apenas uma – a Weg, com alta de 2,5% – chegou a 27 de março com saldo positivo em 2020. E isso, na verdade, já foi resultado de uma queda forte após o choque do coronavírus, que começou a devorar o valor de mercado da bolsa brasileira na volta do Carnaval, em 26 de fevereiro.

“A Weg é uma empresa de qualidade e que tinha subido muito rápido no começo do ano”, conta Daltozo. “A alta dela de janeiro até 21 de fevereiro era de 44%. Basicamente, de lá para cá, ela perdeu esses 44%.”

Na outra ponta, companhias ligadas a turismo – como Smiles, Azul, Gol, e CVC – lideram as perdas no ano, com quedas superiores a 60%. A Petrobras, que sofreu ainda com um dos piores choques no preço do petróleo das últimas décadas, e a seguradora IRB Brasil, que já minguava em meio a contestações sobre seus balanços, também figuram entre as piores de 2020.

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Baixa liquidez é risco para o investidor

Os riscos de se investir em empresas com poucos acionistas, poucas ações emitidas ou pouco volume de negociações são dois: o da imprevisibilidade, por conta das oscilações que podem ser bruscas, e o da falta de liquidez, que é a dificuldade de o investidor conseguir achar comprador caso queira se desfazer de seus papéis.

É um problema especialmente ruim para quem mexe com altos valores, e é por isso que grandes investidores e fundos de investimentos olham pouco para essas empresas. “Alguém que queira vender R$ 60 mil de uma ação que movimenta só R$ 20 mil por dia vai demorar três dias ou mais para conseguir achar comprador para tudo”, diz Daltozo, da Eleven.

Não há um recorte oficial que defina o que é uma empresa de alta ou baixa liquidez, mas o consenso de mercado é de um piso entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão em negócios por dia. É a partir dessa faixa que começa a ficar mais fácil operar com as ações de uma determinada empresa.

A Dasa, por exemplo, que lidera a lista de altas da B3 no ano, tem atualmente uma média de negociações de apenas R$ 18 mil por dia, de acordo com o levantamento da Economatica. A Comgás recebe R$ 31 mil em ofertas por dia. Os papéis preferenciais da siderúrgica Panatlântica acumulam um ganho de 4% em 2020, mas quem quiser comprar mais de R$ 2.000 deles de uma vez – sua média diária de negociação – vai ter dificuldade de achar.

São valores que nem se comparam às cifras das grandes conhecidas. Petrobras, Vale e Itaú, as três mais negociadas de toda a B3, movimentam mais de R$ 1 bilhão por dia. A média de negociação diária das empresas que estão no Ibovespa é de R$ 280 milhões por dia. O volume da Dasa, por exemplo, representa 0,006% disso.

“Há perfil de investidor para tudo, e escolher empresas de risco não deixa de ser uma estratégia”, diz Galdi, da Miraê. “Mas liquidez é um fator fundamental de segurança. Não serve de nada ter uma ação que sobe 10% e que você não consegue vender, e é por isso que a grande maioria dos investidores continua olhando para as maiores.”

Por Juliana Elias Do CNN Business, em São Paulo

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