A Via Varejo (BOV:VVAR3), controladora da Casas Bahia e do Ponto Frio, está solicitando a suspensão de aluguéis de mais de 1.020 lojas físicas fechadas em todo país diante da queda de sua receita por conta das medidas restritivas impostas pela pandemia.
Além de solicitar a suspensão temporária do pagamento dos aluguéis das lojas fechadas, a Via Varejo também postergou o pagamento de fornecedores indiretos.
Mais cedo, o BB Investimentos analisou o Setor de Varejo e apesar da preocupação com o impacto do covid-19, manteve a recomendação neutra e cortou o preço-alvo para R$ 7,80 com Upside de 26,21%.
As ações da empresa subiram 4,4%, encerrando o dia em R$ 6,36 após oscilar entre R$ 5,66 e R$ 6,57. No ano, a empresa está perdendo 42,97%.
A empresa também teve o segundo melhor volume do dia com mais de 114 milhões de ações negociadas e um volume financeiro de R$ 712 milhoes.
Segundo informações da agência Reuters, a medida reduziria as despesas em cerca de R$ 80 milhões se todos os proprietários aceitarem o pedido de suspensão de aluguéis, o que ajudaria a companhia a enfrentar a queda de 50% de sua receita. A empresa já conseguiu acordo com alguns proprietários e espera fechar um acordo coletivo com outros lojistas para não pagar aluguéis de suas lojas em shopping centers.
O principal acionista da empresa, Michael Klein, que também é dono de dezenas de lojas alugadas pela Via Varejo, também recebeu o mesmo pedido e está sendo tratado como todos os outros proprietários, afirmaram as fontes.
A medida visa melhorar a saúde financeira da companhia com a receita caindo em até 70% no início da quarentena, apesar de conseguir minimizar a queda de receita e vendas atualmente 50% abaixo das metas estabelecidas antes da pandemia com o lançamento de uma plataforma para vendedores de lojas trabalharem de casa.
Se a Via Varejo conseguir a adesão de proprietários, a posição de caixa de 4 bilhões de reais em dezembro deve durar mais meses do que o inicialmente previsto.
BB Investimentos analisa impacto da covid-19 e corta preço-alvo
Ainda, o fato de a companhia ter ficado para trás na corrida do e-commerce em comparação aos seus pares (Lojas Americanas e Magazine Luiza) conta desfavoravelmente no momento mais crítico do coronavírus. Em um momento em que as lojas físicas se encontram fechadas e o fluxo de pessoas restrito, as companhias que possuem uma plataforma online robusta, com milhares de SKUs de diferentes categorias à disposição dos consumidores, bem como uma estrutura de TI e de logística apta e plugar novos sellers e a entregar os produtos em um leadtime adequado, acabam tendo uma vantagem competitiva significativa. Como a Via Varejo ainda está trabalhando sua plataforma de marketplace, que ainda roda por um sistema antigo, ela não deve aproveitar em todo o seu potencial o crescimento do e- commerce neste período.
O que vem pela frente?
Durante o ano de 2020, a companhia seguirá empenhada no crescimento de sua plataforma online, cuja prioridade é ampliar a capacidade operacional para atrair mais sellers, aumentar o sortimento de produtos e o número de visitas/conversão de vendas.
Além disso, a Via Varejo continuará investindo no canal físico, com manutenção dos investimentos em reformas das lojas existentes e abertura de lojas nas regiões Norte e Nordeste e em regiões com potencial de crescimento, escoamento logístico e onde ainda não estão presentes.
A abertura de novas lojas, aliada à abertura de mais 60 mini-hubs e à aceleração do número de mercadorias expedidas desses mini-hubs permitirá uma evolução da logística omnicanal e, consequentemente, dos prazos de entregas, da melhor adequação de estoque e da otimização do capital de giro.
Vale lembrar que, ao final do ano de 2019, foi aprovado o exercício da opção de compra de 80% da Airfox (parceiro de tecnologia baseado em Boston, EUA), cuja parceria criou o BanQi, a carteira digital da Via Varejo. Com essa aquisição, a companhia traz para dentro de casa um laboratório digital, que desenvolver novas soluções tecnológicas para todas as áreas da companhia.