Grande safras de milho normalmente sinalizam ração barata e margens elevadas para produtores de frango no Brasil. Mas não neste ano. Com as fortes exportações e a crescente demanda da indústria de biocombustíveis, os preços do grão dispararam.
Apesar de seguidas safras recordes de milho, os preços domésticos do grão deram um salto de 68% neste ano, para uma máxima histórica, segundo o Cepea, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada ligado à Universidade de São Paulo. Como a ração responde pela maior parte dos custos da produção de aves, as margens de produtores evaporaram diante da impossibilidade de repassar as despesas extras aos consumidores.
Neste mês, as margens de exportação de frango do país atingiram o pior resultado desde 2016, segundo César de Castro Alves, do Itaú BBA. A situação levou o Credit Suisse a cortar a recomendação para a BRF nesta semana para o equivalente a manutenção.
“Esta nova dinâmica está afetando as indústrias de frango e suína, que foram obrigadas a planejar suas compras de milho com mais cuidado”, disse Lodi.
Além dos preços recordes do milho, produtores de frango no Brasil, o maior exportador, também enfrentam custos maiores de outro ingrediente usado em rações. Os preços do farelo de soja quase dobraram neste ano com a baixa oferta, segundo o Cepea.
Já os preços de exportação do frango caíram com a menor demanda de compradores tradicionais, como os países árabes, apesar do aumento dos embarques para a China. Embora os preços domésticos tenham subido na esteira dos ganhos das carnes bovina e suína, isso não foi suficiente para compensar os crescentes custos de ração. As fortes exportações de carnes suína e bovina elevam os preços dessas proteínas no mercado interno.