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O Quebra-Nozes da bolsa: as ações que quebraram muita gente em 2020

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Embora você possa não conhecer a história de O Quebra-Nozes, certamente já viu o ícone dela por aí: o boneco da imagem desta matéria, um dos símbolos do Natal. A história dele, ao mesmo tempo, tem tudo a ver com este ano que nós vivemos e que as empresas nas quais você investe também passaram, cada uma a seu modo.

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Estamos no dia 18 de dezembro de 1892. A Rússia vive as últimas décadas sob o Czar, mas ainda não sabe. Neva. Lá fora, os cavalariços tentam aquecer os animais atrelados às carruagens, enquanto admiram os poucos exemplares daquela estranha invenção, o automóvel. Aqui dentro do teatro, a nobreza e a burguesia se ajeitam nas poltronas e nem desconfiam que estão prestes a testemunhar algo que vai marcar a história: a estreia do balé O Quebra Nozes, que, mais de um século depois, continua a ensinar sobre o Espírito do Natal mundo afora – e que também pode ensinar algumas coisas sobre a bolsa para nós, investidores. Acompanhe.

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Vamos te contar essa história de um jeito bem diferente, ao mesmo tempo em que revelamos muito sobre o 2020 da bolsa, afinal de companhias que “quebra” carteiras neste ano o mercado está cheio e os prejudicados somos “nozes”, isto é, “nós”, os investidores delas.

O “nós”, aqui, refere-se aos investidores que acabaram tendo suas carteiras prejudicadas pela desvalorização das ações no ano. Você fez parte disso? Descubra na sequência.

O Quebra-Nozes se passa na época de Natal, tão aguardada por todos.

No nosso caso, também. Afinal, nunca se contou tanto os dias para encerrar um ano como este: foram 366 para os governos enfrentarem as adversidades, a população entender a importância do isolamento e as empresas superarem os prejuízos. Enfim chegou dezembro!

Clara é uma garotinha que ganha de seu padrinho um boneco de madeira “quebra-nozes”, cuja função é justamente esta: quebrar nozes com a boca, que está sempre aberta em um largo sorriso.

No nosso caso, ele representa as ações das empresas, que no começo de 2020 esbanjavam alegria para dar as boas-vindas aos sócios, mostrando os dentes através de boas perspectivas de desempenho futuro. Sorrindo junto delas estava você, investidor – ou quem sabe um primo ou amigo.

Alguns setores estavam em alta e prometiam em 2020, principalmente o varejo. Só a MGLU3 encerrou em 2019 uma sequência de 3 anos que renderam 18.000% de valorização dos papéis. O segmento de aluguel de carros também estava na onda, com as ações da Movida (MOVI3) rendendo mais de 200% em apenas um ano. As estreantes da bolsa estavam com tudo: o Banco Inter (BIDI4), em apenas um ano, teve mais de 300% em valorização dos seus papéis.

Porém, diferente do boneco de Clara, a bolsa “não é brinquedo, não”!

Eis que o irmão de Clara, Fritz, pega o brinquedo e quebra o quebra-nozes.

Bem parecido com a pandemia, que “fritztou” a felicidade de muitas companhias de um momento para outro. As mais impactadas, é claro, foram as que dependem exclusivamente da mobilidade urbana, do fluxo de pessoas em lojas e estabelecimentos.

Além destas, todas as outras acabaram precisando rever suas operações, afinal, com as pessoas isoladas e com o recurso financeiro escasso, poupar se tornou mais uma característica de 2020 do que comprar – embora as projeções econômicas para 2020, até dezembro de 2019, também não fossem tão otimistas assim, com uma previsão de PIB enfraquecido. Apesar disso, empresas já consolidadas e com experiência em crises se mostravam positivas. Aquelas que já estavam quebradas, entretanto…

Triste, Clara acaba dormindo e sonha que seu Quebra-Nozes agora se torna um soldado de verdade. Com seu exército, ele precisa lutar contra ratazanas gigantes que ameaçam seu espaço.

Pelo Horóscopo Chinês, 2020 é justamente o Ano do Rato, um animal que adora movimento. Em meio à pandemia, a maioria das empresas precisou se movimentar muito também e lutar de diversas formas, a fim de combater os reflexos da crise de saúde mundial e garantir sua sobrevivência. Saiu na frente quem investiu no e-commerce e nas mídias digitais, coisa de “jovenzinho”, mas que se tornou a única alternativa até mesmo para empresas antigas da bolsa de valores, que precisaram aderir a isso para reverter – ou pelo menos minimizar – prejuízos.

De acordo com o estudo “We are Social”, de 2019, 57% da população mundial já estava conectada à internet. A pesquisa feita pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm) revela que, até agosto deste ano, o comércio eletrônico cresceu 56,8% no comparativo com o mesmo período de 2019. Portanto, as pessoas podem até ter ficado isoladas, mas a internet, com que já estavam acostumadas, acabou as integrando ainda mais ao mundo do offline.

As empresas tiveram que se reinventar através de estratégias como o omnichannel, que é a entrega da mesma experiência física que os clientes possuem nas lojas e no ambiente presencial, mas agora também no meio digital.

Clara se despede do soldado, acorda e encara a realidade: foi tudo um sonho – mas o Quebra-Nozes ainda está lá.

O mesmo também com nossa bolsa de valores. As ações seguiram em movimentos de alta e baixa no ano todo, conforme as notícias de pacotes de estímulos econômicos e esperança de vacina contra o vírus. Somente no dia 15 de dezembro é que o Ibovespa conseguiu recuperar as perdas no ano (o índice teve queda de mais de 45% em 2020), ao bater os 116 mil pontos e registrar um ganho acumulado de 0,43% no ano.

Enquanto todos querem pensar que 2020 foi apenas um sonho, ao abrir os olhos nos deparamos, assim como Clara, com o Quebra-Nozes, o boneco cara de pau. Mas, no nosso caso, as ações da bolsa de valores que encantaram no começo, mas se tornaram galhos secos no ano. Quem são as empresas que deram uma quebrada na carteira dos investidores que se mantiveram comprados nelas em 2020? Estas são as companhias, participantes do Ibovespa, cujas ações mais desvalorizaram no ano:

IRB Brasil (IRBR3) – Percentual de desvalorização da ação no ano: 81,69%

O IRB é o maior ressegurador do Brasil. Ou seja, ele é o seguro das seguradoras. Em janeiro de 2020, as recomendações de compra para as ações IRBR3 não paravam, sustentadas pelos diferenciais quanto a retorno de dividendos, ROE e valorização da ação no comparativo com seus pares internacionais, o que impulsionaria não apenas a compra dos papéis por investidores brasileiros, mas também estrangeiros.

Entretanto, em fevereiro veio a informação que mudaria o rumo da empresa neste ano: inconsistências no balanço. Os números foram questionados pela gestora Squadra, que acusou a empresa de inflacionar os lucros de 2019. No mercado, a informação fez os investidores saírem de mancinho dessa ação. A empresa revisou todos os balanços de 2018, de 2019 e o referente ao primeiro trimestre de 2020 só saiu em junho – e todos com prejuízos expressivos.

O IRB também deu uma mentida de leve sobre outro fato: Warren Buffett, o maior investidor do mundo, teria triplicado a participação acionária na empresa. O próprio Buffett desmentiu a informação, e o que já estava ruim ficou ainda pior, com mais investidores saindo desse papel.

Depois disso, teve mudança da gestão da empresa; ex-CFO sendo acusado de corrupção e tendo que responder tudo à Polícia Federal; fiscalização da Susep (Superintendência de Seguros Privados) sobre insuficiência em provisões técnicas e, consequentemente, da liquidez regulatória; dispensa do diretor de controladoria por possíveis fraudes em contratos. E muito mais.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é claro, precisou bater na mesa e pedir explicações, abrindo inquéritos contra a resseguradora, que revelou fraudes em sua diretoria anterior. Investidores também pediram indenização pela queda das ações. Agências de risco rebaixaram o rating da companhia. O único prêmio que as ações da empresa levam neste ano é de mais especuladas.

Cielo (CIEL3) – Percentual de desvalorização da ação no ano: 57,28%

Como uma empresa que depende do varejo para operar, a Cielo, assim como muitas varejistas, despencou a performance neste ano. No segundo trimestre de 2020, a companhia marcou sua história de um jeito negativo: foi a primeira vez que teve um prejuízo. A perda foi de R$ 75 milhões no 3T20, contra um lucro líquido positivo de R$ 166,8 milhões no mesmo período de 2019.

Entretanto, como cada mês se tornou um tombo em 2020 sobre dados de queda no varejo, a Cielo pretendeu se reinventar e ir para as mídias sociais igual a muitas outras empresas. Nisso encontrou o Facebook, que já realiza parcerias lá fora com companhias de pagamentos e transferências. Como o mercado do Brasil ainda não tinha esse tipo de cobertura, juntou-se ao grupo o Banco do Brasil e as bandeiras Visa e Mastercard para realizar as transações via aplicativo.

Não deu nem muito tempo de o WhatsApp Pay (como ficou conhecida a plataforma de pagamentos e transferências proveniente da parceria) ser sequer divulgado direito e o Banco Central suspendeu a operação pedindo mais informações e dando um puxão de orelha nos participantes da ação, já que tomaram a liberdade de sair realizando os negócios sem uma supervisão do órgão regulador. A plataforma foi lançada em junho, parada em julho e até hoje ainda não recebeu a permissão para voltar a funcionar.

Cogna Educacional (COGN3) – Percentual de desvalorização da ação no ano: 57,23%

Em um ano no qual as pessoas não podem sair de casa devido ao isolamento social, quem também não pode sair são os estudantes. Portanto, as companhias ligadas à educação, com operações sobretudo ligadas ao presencial, tiveram as maiores quedas. É o caso da Cogna Educacional.

Entretanto, o que mais pesou sobre as ações da companhia foram as incertezas da retomada da mobilidade urbana. Houve diversos anúncios durante o ano de que as aulas seriam retomadas, porém logo em seguida vieram negativas, mantendo os estudantes em casa. Apesar da perspectiva da vacina, que já vem sendo aplicada em vários países do mundo, no Brasil o governo prevê que a campanha comece possivelmente apenas em fevereiro. Assim, o volta às aulas pode demorar ainda mais.

Ao mesmo tempo, também não se sabe como será essa retomada estudantil: se apenas via on-line ou semipresencial, ou ainda no formato tradicional presencial. Enquanto o cenário fica nebuloso, as companhias ligadas à educação são penalizadas.

Apesar disso, o que também pesou sobre as ações da Cogna foi a IPO da sua subsidiária, a Vasta, que se lançou no mercado dos EUA (na bolsa de Nasdaq) em julho deste ano. Os investidores da companhia, após verem os resultados do balanço do segundo trimestre de 2020, sentiram-se enganados pela empresa e exigiram investigações, alegando possíveis omissões de informações da Vasta. De certa forma, os papéis daqui também sentiram os efeitos desses estresses de lá.

Embraer (EMBR3) – Percentual de desvalorização da ação no ano: 56,18%

A Embraer fabrica aviões. Em 2020 as fronteiras foram fechadas pelo mundo e as companhias aéreas ficaram “a ver navios”, sem clientes, sem operações, sem receitas. A Embraer fabrica aviões. Entendeu?

Ela é uma empresa que depende do bom desempenho também de tantas outras, porém acabou impactada pelo ano que manteve as pessoas cada uma no seu quadrado – ou na sua casa. O guidance para 2020 foi o primeiro a ir para os ares. Com o início da pandemia, a empresa preferiu deixar para projetar desempenhos apenas quando o cenário se mostrasse mais favorável.

No primeiro trimestre do ano, o reflexo da crise de saúde mundial já foi sentido: as entregas de jatos despencaram 82% nos primeiros três meses de 2020. No segundo trimestre, não houve lucro líquido atribuído aos acionistas, e sim um prejuízo líquido de R$ 467 milhões. No mesmo período de 2019, o valor havia ficado positivo em R$ 200,9 milhões.

Ao mesmo tempo, a parceria prevista com a Boeing também minguou. Da união das empresas, seria criada a Boeing-Brasil Comercial, que poderia movimentar até US$ 150 milhões ao ano. Entretanto, a Boeing afirma que a Embraer descumpriu obrigações contratuais, o que motivou a ruptura. Já a Embraer pede a multa da rescisão. De qualquer modo, ambas as empresas perderam muito com a pandemia e, mesmo que juntas, seria difícil se recuperar nesse cenário de incertezas.

CVC Brasil (CVCB3) Percentual de desvalorização da ação no ano: 54,64%

Mais uma empresa da leva: sem pessoas na rua, sem receita. Assim como não há clientes das companhias aéreas, também não há pessoas turistando por aí. Nesse caso, a CVC, empresa do setor de turismo, acaba fazendo parte do grupo das abandonadas em 2020. Entretanto, as “bad vibes” da companhia já estavam pairando muito antes de a pandemia chegar.

De 2015 a 2019, a CVC revelou balanços com erros contábeis expressivos, o que chegou a ser encarado como fraude interna e como manipulação dos resultados. Houve mudança na direção devido a isso, criação de área específica para assegurar que a companhia siga todas as regulamentações corporativas e muito mais.

Em dezembro de 2020, quando houve anúncio do surgimento da vacina, diversas ações de empresas que estavam no limbo do radar dos investidores tiveram alta expressiva, entre elas a CVC e suas companheiras Azul (AZUL4) e GOL (GOLL4). Entretanto, não durou muito, com as notícias da Europa de uma variante da doença à espreita e novas ondas de infecções pelo mundo.

CVC (CVCB3): vale apenas ser turista dessa ação?

Como visto, 2020 não poupou e o Ano do Rato movimentou demais o mundo todo e em vários sentidos. Porém, 2021 é o Ano do Touro, e você sabe o que isso significa na bolsa, não é mesmo?

2021 é o ano do Touro: quem vai ganhar? As tendências e os setores que podem ser mais beneficiados no ano que vem

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Comentários

  1. ANTONIO DA ROCHA MARMO diz:

    É interessante como empresas com PATRIMONIO LÍQUIDO negativo, que ha muito anos nao distribui nada, nadinha para os seus acionistas, sao comercializadas e até indicadas a preços elevados. Começa que para distribuir qualquer beneficio (dividendos, bonificações, etc…) a empresa tem que compensar todos os prejuizos acumulados. Como que uma empresa com valor de R$.3,57 de valor patrimonial pode valor R$.57,00 ou 31,00,. Empresas com Patrimonio negativo, sendo negociadas em torno de R$.25,00 ou mais? O que ela teem para oferecer aos seus acionistas? Sendo que quem adquire estas ações, estão comprando D I V I D A S! A empresa funciona com o capital de terceiros! É muito estranho as cotações de certos papéis para nós leigos…

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