A Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4), acaba de fechar a venda de mais sete fundos de participação, no valor de R$ 86 milhões. O desinvestimento é parte do processo de reciclagem da carteira de private equity da fundação – um movimento iniciado após imbróglios no passado entre fundos de pensão e FIPs, o que acabou reduzindo substancialmente a participação desses investidores na classe de ativos.
O comprador é a Spectra, gestora de fundos de fundos que tem sido a mais ativa no mercado secundário de FIPs no país. A Spectra já tinha comprado, há dois anos, outras sete posições em FIPs da Petros na maior transação do tipo, de R$ 186 milhões.
Na atual transação, a Spectra comprou a posição da Petros nos fundos Brasil Equity, CRP VII, Jardim Botânico Investimentos, Brasil Agronegócio, Brasil Sustentabilidade, Industrial Parks e Brasil Mezanino, que somam 40 companhias investidas.
“Alguns investimentos no passado deram uma má fama injustamente ao veículo FIP. Essa não é a nossa variável decisória, mas sim a reciclagem da carteira e da melhor distribuição de tempo e análise”, diz Alexandre Mathias, diretor de investimentos da Petros.
Quando a fundação começou a reavaliar a carteira, tinha posição em 28 FIPs com 92 companhias investidas, somando R$ 1,1 bilhão em cotas. “Era pouco mais de 1,5% da carteira da fundação, mas ocupava 15% da área de investimentos, com avaliação de cada laudo de cada uma das investidas, com acompanhamento até de lançamento de nota fiscal de táxi pelo custo de atendimento regulatório que temos”, afirma Mathias.
Essa transação é diferente da que foi feita em 2019, quando a Spectra comprou um pacote de risco mais disseminado entre os ativos – a gestora já teve retorno de metade do capital investido.
Na carteira da nova transação, há ativos com boas perspectivas e ativos com poucas chances de rentabilidade. “Tem três ativos muito bons, todos em fase de IPO, que até chegaram a registrar as ofertas, mas reviram os planos por momento de mercado: a Guararapes, de painéis de madeira, e a Vittia Fertilizantes, ambas geridas pela BRZ, e a Librelato, de implementos rodoviários”, diz Rafael Bassani, sócio da Spectra.
Nos ativos de maior risco estão as cotas de fundos que foram alvo de operações da Polícia Federal, que estão em litígio ou com riscos de execução de dívida. “É um pacote de ativos bons e ativos ruins, que é formato necessário para viabilizar uma transação secundária desse tipo. Não adianta colocar à venda só os ativos de maior risco, como tentaram algumas fundações, que aí não sai venda”, emenda.
A Petros até tentou buscar outros compradores – foram 65 gestoras chamadas para o processo, das quais oito se interessaram, cinco assinaram acordo de confidencialidade e a Spectra fez a melhor proposta. “É difícil avaliar FIPs em transação secundária porque precisa entender as perspectivas para cada companhia para projeção de fluxo de caixa de ativo por ativo e entender como cada gestor trabalha”, diz Bassani, sobre a razão de poucas gestoras tomarem o risco.
A Petros permanece com sete FIPs na carteira, que somam R$ 280 milhões em 17 investidas – o que o diretor considera razoável para acompanhamento. Mas a reciclagem pode continuar, com a venda de mais três dessas posições.
Segundo Mathias, isso não significa que a fundação debandou de private equity de vez. “A CVM deve soltar no último trimestre a nova versão da instrução 555, de liberdade econômica, eliminando a insegurança jurídica para o cotista ao limitar sua responsabilidade ao valor aportado no FIP”, diz.
Informações Pipeline