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A turbulência no setor geral de criptomoedas após o colapso da FTX neste mês é bem conhecida. O que chamou menos atenção, no entanto, é o fracasso de projetos que tentaram usar a tecnologia de registro de criptografia subjacente em ambientes corporativos privados, o outrora badalado ecossistema conhecido coletivamente como blockchain empresarial.
Nesta semana, o TradeLens, um sistema blockchain construído pela empresa de software IBM (NYSE:IBM) e intimamente ligado à gigante marítima Maersk, anunciou que estava fechando, alegando falta de tração comercial. Cerca de duas semanas atrás, a Australian Securities Exchange (ASX) disse que estava descartando uma blockchain muito atrasada anunciada em 2016 que deveria substituir o sistema de compensação e liquidação que alimenta o mercado de ações.
A International Business Machines também é negociada na B3 através do ticker (BOV:IBMB34).
Nos primeiros dias de 2015 a 2016, uma onda de bancos e grandes empresas viu o potencial de levar a tecnologia blockchain – que, originalmente projetada para bitcoin e o restante da criptografia, é uma plataforma pública aberta a basicamente qualquer pessoa – em uma plataforma privada com firewall, onde grupos de empresas podem usar a tecnologia para rastrear ativos e distribuir um registro imutável de sua existência.
O espaço de blockchain corporativo, que não parece experimentar os mesmos ciclos de mercado de alta e baixa que a criptomoeda pública, agora está sentindo uma mudança no clima econômico mais amplo, particularmente em áreas como transporte marítimo. Esta é uma das razões pelas quais a TradeLens está fechando as portas, de acordo com Lars Jensen, CEO da Vespucci Maritime, uma empresa de consultoria para o setor de transporte de contêineres.
“A indústria de transporte de contêineres teve dois anos de lucros extremos, o que permitiu o acesso a todos os tipos de soluções tecnológicas”, disse Jensen em entrevista. “Agora, a maré virou e a indústria estará sob forte pressão. Isso significa que, para todas as soluções tecnológicas existentes, este é um momento crítico. Você fornece valor comercial acima e além do que são apenas esperanças e sonhos para o futuro?”
Falando especificamente do TradeLens, Jensen apontou que há muita concorrência de uma variedade de diferentes soluções de rastreamento no espaço de transporte de contêineres.
“A TradeLens basicamente queria fornecer tudo para todos”, disse Jensen. “Mas alguns dos outros provedores de visibilidade por aí são muito mais nichos. Eles se concentram em partes interessadas específicas ou em partes específicas do processo e têm muito mais sucesso comercial. Portanto, isso também pode ser uma indicação de que o mercado pode não ter apetite por uma solução completa que cubra tudo, mas seja mais receptiva a soluções mais específicas e direcionadas para problemas específicos.”
Richard G. Brown, diretor de tecnologia da R3, criadora da blockchain corporativa Corda e uma das primeiras startups no espaço, disse que, embora o fechamento da TradeLens e da blockchain ASX tenha ocorrido em rápida sucessão, os motivos são muito diferentes.
As falhas do projeto ASX têm mais a ver com o envolvimento entre as partes interessadas e as escolhas de tecnologia, disse Brown, referindo-se a um relatório da Accenture sobre o sistema.
“Quando se trata do TradeLens, não se trata de uma falha na tecnologia”, disse Brown em entrevista. “O fim do TradeLens pode ter algo a ver com a retração da IBM ou, em parte, com a ciclicidade na indústria naval, mas a tecnologia e o conceito parecem ser arquitetonicamente congruentes do lado de fora.”
Recuando, Paul Brody, chefe de blockchain da empresa de consultoria global Ernst & Young, acredita que toda a ideia de blockchains privados é fundamentalmente falha. Brody e sua equipe são adeptos de longa data da promoção da adoção corporativa do blockchain público Ethereum, que incluiu o uso de tecnologia como provas de conhecimento zero para tornar a tecnologia palatável para grandes empresas.
“Todos esses empreendimentos privados de blockchain têm o mesmo problema básico”, disse Brody. “É um modelo de negócios Web2, mas um pouco do pó mágico da Web3 polvilhado. E uma vez que o pó mágico desaparece, a proposta de valor não parece tão boa.”
Com informações de CoinDesk
