As bolsas asiáticas subiram em bloco com a reação das ações de tecnologia a mais um balanço trimestral estelar da Nvidia (+13,69% no pré-mercado de NY), que impulsionou a bolsa de Tóquio a um novo patamar histórico de alta, a 39.029 pontos, acima dos 38.915,87 estabelecidos durante a bolha de 1989.
Os papéis do SoftBank, controlador do desenvolvedor de chips britânico Arm, saltaram 6%. Os avanços se estenderam às ações do setor financeiro e de consumo, consolidando um avanço de 10% em 2024, após alta acumulada de mais de 25% no ano passado.
Na Coreia, a fabricante de chips de memória SK Hynix, fornecedora da Nvidia, avançou 5%. Hong Kong liderou os ganhos entre as chinesas, no patamar mais alto em sete semanas.
Já os avanços na China continental, sob as novas regras que limitam flutuações artificialmente e monitoram de vendas a descoberto, não foram suficientes para estancar a sangria no minério de ferro, que perdeu mais 1,49% em Dalian.
Recorde no Japão
O índice de ações referencial do Japão bateu, nesta quinta-feira, 22, a alta recorde de fechamento em mais de 34 anos, um marco na recuperação do país após uma bolha estourada que deixou a economia estagnada por décadas.
O Índice Nikkei de 225 ações subiu 2,2% e fechou em 39098,68 pontos, acima do recorde anterior de 38915,87, em 29 de dezembro de 1989. A máxima intradiária do Nikkei na quinta-feira de 39156,97 também foi um recorde.
Apesar do Japão ter recentemente entrado em recessão técnica e perdido o terceiro lugar nas economias mundiais para a Alemanha, as ações do país têm se recuperado, à medida que se tornou uma escolha principal entre os fundos globais.
O movimento acontece com a depressão dos mercados chineses. As bolsas chinesas, depois de terem sido as favoritas com o crescimento rápido da China, estão sendo preteridas por investidores estrangeiros, em meio à dúvidas sobre o cenário no gigante asiático depois de baques no mercado imobiliário.
Enquanto isso, reformas corporativas prometidas nos primeiros anos do governo do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe agora estão ganhando tração e tornado os papéis japoneses mais atraentes. Enquanto isso, os aumentos de preços inicialmente desencadeados por um iene mais fraco e preços de commodities em alta após a guerra na Ucrânia se mostraram mais fortes do que muitos esperavam. Isso está ajudando a alimentar um tão buscado ciclo de inflação saudável.
Investidores estrangeiros foram compradores líquidos de ações japonesas por sete semanas consecutivas até 17 de fevereiro, comprando um total de cerca de US$ 25,4 bilhões a mais do que venderam, de acordo com dados do Ministério das Finanças.
Mesmo após o rali, muitas ações japonesas ainda estão em níveis deprimidos, com 37% dos membros do Nikkei sendo negociados abaixo de seu valor contábil. Em teoria, isso significa que os investidores poderiam ganhar mais dinheiro vendendo todos os ativos da empresa do que mantendo o negócio em andamento.
Isso é equivalente a um voto de desconfiança na administração, mas também sugere potencial de valorização se as empresas forem administradas corretamente. Em comparação, apenas 3% das ações do S&P 500 são negociadas abaixo do valor contábil.
O longo período de fraqueza do iene – ele caiu para seu nível mais baixo em cerca de meio século em termos ajustados para o comércio – também tem apoiado os exportadores.
No entanto, ainda há motivos para cautela. Os fundos poderiam fluir rapidamente de volta para a China se o sentimento global em relação a esse mercado se recuperar, e a Índia está surgindo como um destino concorrente para investidores globais.
Ecos do passado
Na alta anterior, em 1989, o mercado japonês havia crescido a ponto de representar 37% das ações mundiais, superando 29% dos EUA, segundo o Banco Mundial. Estava supervalorizado, assim como os preços dos imóveis, ocasionando um colapso que arrastou a economia mais ampla junto, mergulhando o país em décadas de estagnação.
Depois que a bolha de ações e imobiliária do Japão estourou, a economia e o mercado de ações passaram pelo que se chamou de décadas perdidas. O crescimento foi lento, a população começou a diminuir na década de 2000, e muitos investidores estrangeiros evitaram um mercado visto como hostil aos interesses dos acionistas. Durante a crise financeira global de 2008-09, o Nikkei chegou a cair mais de 80% do pico.