O ano novo começou bastante desafiador no Brasil, principalmente para as companhias com forte dependência do mercado internacional, que também passa agora por uma complicada fase de desaceleração econômica, sob pressão da China.

Nesta primeira quinzena de 2016, o pior desempenho do Índice Bovespa foi puxado pelas ações ordinárias (ON, com voto) da Rumo Logística (BOV:RUMO3), com perdas de 51,92%, enquanto até o último dia 15, o Ibovespa registrou queda de 11,03%.

A companhia especializada em logística foi acompanhada na lista de cinco principais baixas do período pelos papéis preferenciais da série A (PNA, sem voto) da Usiminas (BOV:USIM5), 38,06%, Gerdau PN (BOV:GGBR4), 33,73%, Bradespar PN (BOV:BRAP4), 31,86%, e Vale PNA (BOV:VALE5), 28,88%, segundo dados da empresa de dados Economatica.

Rumo “fora dos trilhos”

O analista de investimentos da Coinvalores Daniel Liberato explica que a Rumo, que nasceu de uma parceria entre a Cosan e a ALL no fim de 2014, sofreu em 2015 e é afetada também este ano por conta de seu organograma pesado de investimentos.

Já no início da empresa foram apresentados planos ambiciosos para o negócio, com forte alavancagem financeira, e que agora preocupam os acionistas diante da fraca geração de caixa da empresa. “Temos visto uma piora do cenário macroeconômico que piora ainda mais a situação da companhia, que precisa garantir a rolagem do seu endividamento”, detalha.

Melhor evitar papel até 2018

Liberato diz que a companhia reconhece a importância da redução do seu endividamento e busca novas formas de financiamento, no entanto, o atual acionista passará por momentos difíceis até 2018, quando a situação das obrigações de dívida da empresa estará mais equilibrada. A partir disso, a recomendação é de “manter” para quem já tem a ação, sem aumento da exposição. Para quem está fora, a dica é permanecer longe do papel pelos próximos dois anos.

Na semana passada, o Conselho de Administração da Rumo recomendou o cancelamento do aumento de capital de R$ 650 milhões anunciado pela empresa no fim de 2015, cifra que daria fôlego às negociações de dívida da empresa. Agora, a companhia terá de montar uma nova estratégia para captar dinheiro. Outro problema é que, a partir de 2019, a empresa terá de considerar os contratos de leasing operacional como dívida, o que aumentará seu endividamento, hoje já elevado, de R$ 7,294 bilhões, para R$ 9,072 bilhões.

Apenas quatro avanços em 2016

Do lado positivo, ações de apenas quatro companhias listadas no Ibovespa tiveram valorização na primeira quinzena deste ano. Foram elas: RaiaDrogasil ON (BOV:RADL3), 7,53%, Cetip ON (BOV:CTIP3), 2,40%, Multiplan ON (BOV:MULT3), 2,24%, e BR Malls ON (BR:BRML3), 1,96%.