As bolsas de valores estão oscilando bastante hoje no
Brasil e no exterior, acompanhando os desdobramentos do
pronunciamento da presidente do Federal Reserve (Fed, o banco
central americano), Janet Yellen, sobre os juros nos EUA, e o
resultado do Produto Interno Bruto (PIB) americano. No Brasil, o
tumultuado julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff segue
concentrando as atenções, apesar de o resultado, a aprovação do
impeachment na semana que vem, já ser dado como certo.
Alta com Yellen, queda com Fischer
Às 12h55, o Índice Bovespa subia 0,78%, para 58.170 pontos,
depois de ter atingido 58.655 pontos, alta de 1,63%. O índice
ganhou força após o pronunciamento de Yellen, que falou em alta dos
juros, mas não indicou quando. O principal referencial do
mercado de ações brasileiro subiu acompanhando as bolsas
americanas e europeias. Pouco depois da fala de Yellen, porém,
declarações do vice-presidente do Fed, Stanley Fischer, afirmando
que os juros podem subir já em setembro, fizeram o mercado
americano virar e as bolsas caírem nos EUA, levando o Ibovespa a
perder força.
No Brasil, Os bancos, com maior peso no índice, sobem com força,
com Itaú Unibanco PN (papel preferencial, sem voto) ganhando
(BOV:ITUB4) 1,73%, Bradesco (BOV:BBDC4) 2,02%, Banco do Brasil
(BOV:BBAS3) 1,20% e a unit (recibo de ações) do Santander
(BOV:SANB11) 0,18%. Já Ambev ON segundo maior peso no índice,
recuava (BOV:ABEV3) 0,78%.
Petrobras também tinha ganhos com a alta do petróleo no
exterior. O papel ON da estatal subia (BOV:PETR3) 0,34% e o
(BOV:PETR4) 1,28%.Vale (BOV:VALE3) subia 0,88% e o
(BOV:VALE5) 0,52%.
Maiores altas e baixas
As maiores altas do dia no índice são de Usiminas PN, com 4,46%,
Metalúrgica Gerdau (BOV:GOAU4) 3,31%, Bradespar (BOV:BRAP4)
3,14% e JBS (BOV:JBSS3) 2,49%.
As maiores baixas eram de Cesp (BOV:CESP6) -3,38%, a unit da
Klabin (BOV:KLBN11) -2,34%, Cielo (BOV:CIEL3) 2%, e Pão de Açúcar
(BOV:PCAR4) -1,85%.
PIB americano mais fraco
Logo pela manhã, os números do PIB americano despertaram
preocupação, com a revisão do crescimento no segundo trimestre de
1,2% para 1,1%, já sem os efeitos da inflação. Pouco depois, porém,
veio o tão esperado pronunciamento de Yellen no encontro anual
promovido pelo Fed de Kansas, na cidade de Jackson Hole, que reúne
autoridades e representantes de bancos centrais de todo o
mundo.
Cenário para alta dos juros se fortaleceu, diz
Yellen
Em seu discurso, Yellen confirmou as expectativas ao afirmar que
os indicadores econômicos americanos reforçam a expectativa de um
aumento dos juros. Mas não deixou explícito quando esse aumento
deve ocorrer, abrindo espaço para um otimismo com a economia e a
esperança de que os juros subam de maneira mais gradual. Segundo
Yellen, “à luz da contínua performance sólida do mercado de
trabalho e nossa perspectiva para a atividade econômica e inflação,
eu acredito que o cenário para um aumento na taxa dos juros básicos
(federal funds) se fortaleceu nos últimos meses”, disse.
Economia do jeito que o Fed quer
Ela acrescentou que a economia está “próxima” dos objetivos do
Fed de pleno emprego e preços estáveis. E que, apesar de prever um
crescimento mais moderado da economia americana nos próximos meses,
ele deve fortalecer o mercado de trabalho, com a inflação
caminhando para a meta de 2% ao ano. Assim, disse Yellen, o Comitê
de Mercado Aberto do Fed julga apropriado um gradual aumento dos
juros para garantir um aumento sustentável do emprego e preços
dentro dos objetivos.
Apostas de 30% de alta nos juros neste ano
As declarações de Yellen de alta dos juros reforçaram as de
outros diretores neste início de mês, que alertaram que o mercado
não devia descartar a possibilidade de uma subida neste ano. O
mercado se ajustou durante as últimas duas semanas e agora projeta
30% de chances de alta dos juros nos EUA, provavelmente em
setembro.
A fala de Yellen, apesar de negativa para as bolsas, não chegou
a afetar o ânimo dos investidores em ações. As bolsas na Europa e
nos EUA reforçaram as altas e os juros longos, dos papéis de 10
anos, subiram ligeiramente. Pouco depois, porém, foi a vez de
Fischer falar e acabar com o otimismo dos mercados americanos.
Segundo ele, as declarações de Yellen deixam aberta a possibilidade
de uma alta dos juros em setembro.
Alta na Europa
As bolsas na Europa ainda resistem em alta. O Índice Stoxx 50,
que reúne os 50 papéis mais negociados na Europa, subia
0,78%. Já o Financial Times, de Londres, ganhava 0,39%, com
dados positivos do PIB do Reino Unido mesmo após o Brexit, o
referendo que aprovou a saída do país da União Europeia. Na
Alemanha, o DAX subia 0,53% e o CAC, de Paris, 0,85%, repercutindo
os dados do PIB da região.
Bolsas nos EUA e petróleo viram
Nos EUA, porém, os mercados viraram. O Índice Dow Jones, que
subia 0,36%, passou a cair 0,41%, enquanto o Standard &
Poor’s, que ganhava 0,54%, recuava 0,29%. O Nasdaq reverteu a alta
de 0,57% para queda de 0,24%.
No mercado de commodities, o petróleo estava em alta e também
passou a cair após, com o barril do tipo WTI, negociado em Nova
York, perdendo 0,08%, para US$ 47,29, e o Brent, de Londres, 0,19%,
para US$ 49,49.
Juros futuros longos sobem
No mercado de juros futuros da BM&FBovespa, as taxas para
prazos mais curtos estavam praticamente estáveis, enquanto as mais
longas subiam. O contrato para janeiro de 2017 projetava 13,99%,
mesma taxa de ontem, indicando que o mercado trabalha com talvez
apenas um corte nos juros neste ano. Hoje a Selic está em 14,25%. O
contrato para janeiro de 2018 projetava 12,72%, ligeiramente abaixo
dos 12,73% de ontem. Para 2019, a taxa caiu para 12,16%,ante 12,18%
ontem. Já para 2021, a projeção subiu, para 12,01%, ante 12,99%
ontem.
No mercado de câmbio, o dólar comercial abriu em queda
forte, chegando às 12 horas a perder 1,14%, vendido a R$ 3,195.
Porém, a virada do mercado americano reduziu a queda para 0,68%, ou
R4 3,21. O Banco Central manteve o leilão diário de 10 mil
contratos de swap cambial reverso, que equivalem à compra de US$
500 milhões, mas que não foram suficientes para dar sustentação à
moeda americana. No mercado de dólar turismo, de varejo, das
viagens e cartões de crédito, a moeda caía 0,29%, para R$ 3,35 para
venda.
SANTANDER BR (BOV:SANB11)
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