Mercado tende a um pregão positivo, porém cauteloso.
07 Dezembro 2016 - 10:34AM
ADVFN News
Mercados Globais
As bolsas da Ásia operam em alta, repercutindo o pregão de
ontem, que encerrou positivo em quase todos os mercados. Nos EUA,
as bolsas repetiram novos recordes e, independentemente do que se
avalie sobre política fiscal ou monetária, o fim de ano promete ser
de euforia acionária.
A produção industrial da Alemanha subiu 0,3%, bem abaixo das
expectativas, de 0,8%, após ter caído -1,8% em setembro. Começa o
quarto trimestre mais fraco, em um mundo que deve crescer menos do
que se esperava alguns trimestres atrás.
Apesar disso, as bolsas na Europa têm um pregão de fortes altas,
em função das renovadas certezas de que o BCE manterá os juros
inalterados e, mais importante, sinalizará a extensão do programa
de estímulos até o meio do semestre que vem. Com juros baixos e
liquidez ampla, o caminho para um rally está aberto. Aumenta
a confiança e a certeza de que o novo governo italiano correrá em
socorro do banco Monte dei Paschi, que está se arrastando há meses
e não seria socorrido pelo Primeiro Ministro renunciante Matteo
Renzi.
Com o reforço da confiança no resto do mundo, as moedas estão se
recuperando frente ao dólar, com destaque para o euro que está
negociado a US$ 1,0726. Com a desvalorização do dólar, é natural
que as commodities deem uma realizada no forte movimento de
alta.
O destaque do dia é a divulgação, às 13:30, dos estoques de
petróleo e derivados nos EUA.
Brasil
No Brasil, continua a se desenrolar a crise política. Ontem ela
apresentou um viés positivo para os mercados, produzindo um
resultado otimizado: Renan fica, com a ajuda do Planalto e de boa
parte do plenário do STF. Tomando as manchetes dos principais
jornais e pelas análises de seus principais colunistas, o que se
depreende é que se formou um consenso em torno da necessidade de
votar-se imediatamente a PEC do teto e a reforma previdenciária.
Estariam nesse esforço o presidente, as lideranças do Congresso e
os ministros mais importantes do STF. Se essa tese, de fato, é
real, então a euforia dos mercados está mais do que justificada.
Ontem o Ibovespa retomou os 61 mil pontos, fechando com alta de
2,10%.
Hoje será divulgado o IGP-DI que mostrará a forte queda dos
alimentos como principal fator do movimento recente dos preços e
ainda não sinalizará os impactos importantes da alta dos preços da
gasolina, diesel e derivados para o varejo e o atacado.
O momento político é surpreendentemente favorável ao governo e
suas propostas de votação e, a se valer pelas manchetes e notícias
dos principais diários, Marco Aurélio Mello teve a inesperada
capacidade de unir os três poderes, mesmo após as manifestações de
domingo. Renan Calheiros, da posição de inimigo número um, sai como
a estrela em ascensão na Praça dos Três Poderes. Isso depois de o
STF supostamente usurpar as prerrogativas do Senado (ao afastar
Renan) e o Senado responder ignorando solenemente essa ordem
judicial.
O que importa, ao menos por enquanto, é que os mercados estão
eufóricos com a possibilidade de votação no STF da manutenção de
Renan na presidência do Senado e, na terça que vem, do segundo
turno da PEC do teto.
Ações: drivers macro e corporativos
Os destaques no mercado acionário são, sem dúvida JBS
(BOV:JBSS3) e Braskem (BOV:BRKM5). A primeira, em cuja estrutura
acionária está o BNDES como sócio, foi indicada por várias casas e
pode ter revertido o enorme desconto que sofreu depois do
recrudescimento das ações judiciais contra seus principais
controladores e executivos e pela manutenção de uma postura
agressiva do BNDES contra a reorganização societária. O BTG Pactual
deu um call de compra para as suas ações, vendo um potencial
de alta de mais de 80%. Leve-se em conta, ainda, que as ações são
influenciadas positivamente pelo dólar, que está em alta há semanas
e vai impactar positivamente os seus resultados.
Braskem, por sua vez, está subindo fortemente após a assinatura
do acordo de delação premiada da Odebrecht. Ele diminui o
desgaste da imagem e da confiança que a empresa sofreu após as
denúncias sobre o grupo, e as prisões de seus principais
executivos. As perspectivas, a despeito de seus problemas
judiciais, continuam amplamente positivas para a empresa, dado sua
posição de mercado. O papel já subiu 22%, e pode continuar a subir,
à medida que o grupo Odebrecht avance em seus acordos com a
justiça.
Petrobrás (BOV:PETR4) continua a apresentar espaço para alta com
as perspectivas positivas para o petróleo, em termos globais, e com
a execução dos planos de ajuste da empresa. O petróleo opera em
ligeira queda no mercado global, mas a empresa continua a se
beneficiar do reajuste da gasolina, diesel e derivados.
Vale (BOV:VALE5) mantêm o viés positivo com a manutenção
dos preços do minério de ferro na faixa do US$ 75.
O mercado tende a um pregão positivo, acompanhando o resto do
mundo. Mas, por cautela, vale esperar pela votação, no plenário do
STF, da “questão Renan Calheiros”. Afinal, muitas vezes o que
parece um consenso claro e irremovível acerca de uma questão, pode
se mostrar o contrário. Na atual crise política dos poderes, não
vale a pena manter certezas e convicções.