Ofensiva audaciosa
29 Maio 2017 - 9:53PM
ADVFN News
Trocas relâmpago no BNDES e no
Ministério da Justiça na calada do fim de mais uma semana
conturbada relevam nova ofensiva audaciosa por parte do governo.
Não parece haver preocupação com impactos na opinião pública, ou
mesmo sobre a própria economia, mas sim buscar a qualquer custo
construção de uma base para manutenção do poder.
Michel Temer tirou Osmar Serraglio
do Ministério da Justiça e colocou no seu lugar Torquato Jardim,
que ocupava o Ministério da Transparência, Fiscalização e
Controladoria-Geral da União. Torquato é conhecido por ter bom
trânsito no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A troca de cargos
ocorre a menos de 10 dias da retomada do julgamento da ação que
pode resultar na cassação da chapa Dilma-Temer 2014.
Temer estava confiante num
julgamento favorável até o surgimento da delação da JBS, evento que
inverteu totalmente o jogo sobre a mesa. Numa frente, a entrada de
Torquato pode ser um movimento de defesa dos interesses do governo
no TSE. Em outro front, cresce o receio de que o novo ministro da
Justiça possa interferir de alguma forma na operação Lava Jato,
onde diversas figuras políticas (incluindo o próprio presidente
Michel Temer) estão entre os alvos de investigação.
Não menos chocante, a troca no BNDES
revela mais uma derrota do bom senso na administração dos recursos
públicos. A gestão de Maria Silvia Bastos Marques foi marcada por
uma excelente e criteriosa avaliação na concessão de crédito.
Repasses para vários projetos, especialmente de empresas ligadas à
Lava Jato, foram devidamente represados. A farra dos subsídios
estava sendo contida aos poucos, o que irritou grupos empresariais
e setores do governo.
Duramente pressionada, Maria Silvia
passou boa parte de seu 1 ano e 10 dias de gestão no BNDES
rebatendo críticas. Doutora em economia, reclamou diversas vezes da
falta de bons projetos para financiamentos. Mas a gota d’água de
sua saída pode ter sido a criação da CPI do BNDES no Senado.
Os fatos a serem investigados são da
gestão anterior, mas especula-se que Maria Silvia via a CPI como um
instrumento para impedir as mudanças que tentava fazer no banco. O
governo não fez nada para impedir a coleta de assinaturas para
abertura da CPI, desagradando Maria Silvia.
Com a “mão de ferro” fora do BNDES,
alguns segmentos já enxergam espaço para retomada da farra do
crédito subsidiado. O movimento também favorece a reaproximação do
governo Temer com certos grupos empresariais relevantes para
formação de apoio num momento extremamente delicado.
No mercado local, o Ibovespa
(BOV:IBOV) trabalhou movimento de correção saudável nesta
segunda-feira, consequência dos ganhos acumulados nos últimos
pregões. Mercado segue comprador a curtíssimo prazo, mas ainda
próximo de seu ponto de apoio, o que deixa espaço para abertura de
posições vendidas.
Europa
O presidente do BCE (Banco Central
Europeu) pediu mais uma vez que os bancos na zona do euro se
preparem para a saída do Reino Unido da União Europeia, admitindo
que o processo vai criar riscos para as instituições.
Draghi quer assegurar que todos os
bancos na zona do euro cumpram os padrões europeus de supervisão
bancária. O objetivo é manter o sistema sólido e solvente após o
Brexit. Há suspeita de que algumas instituições não estão
preparadas para enfrentar os esperados choques nos próximos
anos.
A primeira-ministra do Reino Unido,
Theresa May,tem afirmado que a Europa está adotando uma postura
agressiva para as negociações do Brexit. May pediu eleições
antecipadas para fortalecer sua liderança antes de dar
prosseguimento às conversas com a União Europeia. A
primeira-ministra britânica já afirmou que vai partir para o
embate.
As bolsas de valores na Europa
seguem alheias as esperadas tensões políticas e problemas locais.
Na Alemanha, o índice DAX, embora lateralizado no curtíssimo prazo,
segue colado na máxima histórica.
Índice Bovespa (BOV:IBOV)
Gráfico Histórico do Índice
De Mar 2024 até Abr 2024
Índice Bovespa (BOV:IBOV)
Gráfico Histórico do Índice
De Abr 2023 até Abr 2024