Abajo, pero no mucho
31 Maio 2017 - 9:29PM
ADVFN News
O Comitê de Política Monetária do
Banco Central do Brasil decidiu nesta quarta-feira manter o atual
ritmo de corte de 1 p.p. na taxa básica de juros. Com isso, a taxa
Selic recua para 10,25% ao ano, muito próxima de perder o
fantasmagórico patamar de dois dígitos.
A decisão não surpreendeu o mercado,
mas o comunicado deixou uma sensação de que a autoridade monetária
agiu a contragosto. Antes de a crise política estourar, muitos no
mercado apostavam num corte de 1,25 p.p. na reunião dos dias 30 e
31 de maio. Alguns também viam o ciclo de afrouxamento monetário
até mais extenso do que o esperado anteriormente.
A crise política apareceu e
arrebentou com as volumosas posições a favor da curva de juros
futuros. Taxas pré-fixadas, até então esticadas demais no curto
prazo, dispararam no pregão do circuit breaker na bolsa, sem deixar
espaço para uma liquidação honrosa. Mesmo com os alertas de
esgotamento técnico e divergências macro, muitos insistiram nas
posições e foram pegos de surpresa.
O pânico não se estendeu pelos dias
seguintes, pois a tese de redução do ritmo de afrouxamento
monetário não colou. Também se criou uma utopia de quadro favorável
para aprovação das reformas. Muito sonho e pouca lógica, mas ao
menos agradava certos interesses.
A ficha não caiu para todos e o
Banco Central não quer causar mais pânico neste momento
surpreendendo o mercado com uma decisão inesperada. Mas o fato é
que a deterioração do quadro doméstico demandava uma decisão menos
dovish já nesta reunião de Comitê.
Cortes agressivos podem deixar
nossas defesas desguarnecidas. Nós já não somos o campeão de juro
real no mundo, nossa dívida continua disparando e a economia não
cresce. Com a decisão de hoje, a Rússia passa ocupar o primeiro
lugar no ranking de juro real. Mais um corte agressivo e caímos
para a terceira posição, atrás da Turquia.
São praças emergentes, com seus
respectivos problemas domésticos, mas que pelo menos estão
crescendo e não possuem dívida tão alta quanto a nossa. São
altamente competitivas para atrair fluxo. Sem o bônus dos juros e
sem as reformas para embutir alguma esperança, o Brasil deixa de
ser competitivo, pois os nossos concorrentes simplesmente têm mais
a oferecer.
O próprio Banco Central mostra no
documento que está praticamente decidido uma redução no atual ritmo
de afrouxamento monetário, conforme trecho abaixo:
“Em função do cenário básico e do
atual balanço de riscos, o Copom entende que uma redução moderada
do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado
hoje deve se mostrar adequada em sua próxima reunião”.
É apenas lamentável observar uma
autoridade monetária supostamente sem força para agir de imediato
em conformidade com o seu diagnóstico. A frase destacada acima
revela uma conclusão relevante: é preciso reduzir o ritmo de
flexibilização monetária. E mais, a taxa Selic vai pra baixo, mas
não tanto quanto muitos esperavam.
Obviamente a crise política servirá
de bode expiatório para justificar o novo fracasso em atingir juros
de países civilizados, mas a realidade é que continuamos insistindo
nas rotas de atalho e, consequentemente, vamos continuar caindo nas
armadilhas.
O índice Bovespa (BOV:IBOV)
trabalhou formação de topo descendente na região aleatória dos
64,2k, mostrando contra-ataque de players posicionados na ponta
vendedora. O candle desta quarta-feira revela que haverá forte
disputa pelo importante ponto de pivot (mesma região da média móvel
simples de 200 períodos diária) nos próximos pregões, onde a
desvantagem, desta vez, está com a força compradora. Isso significa
que o mercado está voltando a ficar mais pesado para a venda, já
mirando o suporte na região dos 60,3k.
No mercado de câmbio também haverá
briga pela média móvel simples de 200 períodos diária. Mesmo com o
dólar enfraquecido contra as principais moedas globais, o real
ainda não tem demonstrado força para voltar a ficar abaixo da
média.
Índice Bovespa (BOV:IBOV)
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De Mar 2024 até Abr 2024
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