Privatizar Eletrobras como corporação não é melhor modelo, diz ex-CEO da estatal
16 Novembro 2017 - 6:40PM
ADVFN News
plano do governo federal de privatizar a Eletrobras
(BOV:ELET3) (BOV:ELET6) e transformar a elétrica em uma
corporação com controle pulverizado pode não ser o melhor modelo
para o negócio, alertou nesta quinta-feira o ex-presidente e
ex-presidente do Conselho de Administração da estatal José
Luiz Alquéres.
O executivo defende que a operação deveria contemplar as
controladas da companhia, como Furnas, Chesf,
Eletronorte e Eletrosul, que deveriam ser
privatizadas separadamente, e que o formato atualmente discutido
pelo governo pode desvalorizar a maior elétrica do Brasil.
Autoridades do governo têm dito que a União deve ficar com 40%
da Eletrobras após a desestatização, além de uma “golden
share” que permita poder sobre algumas decisões estratégicas. Além
disso, deve haver um limite de 10% do capital com direito a voto
para os investidores da companhia quando a gestão for privada.
Veja Mais: Eletrobras tem queda no lucro líquido, com R$550
milhões no terceiro trimestre
“Acho um equívoco. Grandes corporações no Brasil são as
Lojas Renner (LREN3) e a Embraer (EMBR3), empresas voltadas ao mercado
direto e que chegaram a esse estágio depois de anos de sucesso. A
Eletrobras é diferente, e um modelo alternativo pode funcionar
melhor, não só para a valorização do patrimônio público”, disse
Alquéres em e-mail à Reuters.
Com o atual modelo, uma emissão de ações poderia resultar em uma
arrecadação de R$ 12 bilhões pelo Tesouro, em 2018. A modelagem
será alvo de um projeto de lei a ser enviado ao Congresso
Nacional nos próximos dias.
Para ele, o limite de 10% de votos definido para a
desestatização é baixo e o governo ainda terá muita força na
companhia, o que pode afastar investidores que avaliariam a
elétrica por um valor maior e prejudicar a arrecadação esperada
pelo Tesouro com a operação.
“É algo ineficaz para ambos os propósitos. Não resolve o
problema do governo, dificulta a gestão, afasta compradores,
desvaloriza a companhia”, argumentou.
Segundo Alquéres, uma operação nos moldes atualmente em
discussão atrairia “investidores temporários, sem compromisso com o
futuro funcionamento do setor elétrico” e que buscariam apenas
“embonecar os números, visando passar adiante rápido”.
Na semana passada, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira
Jr., defendeu em entrevista à Reuters a modelagem prevista para a
desestatização e disse que o negócio atrai interesse no mercado.
Segundo o executivo, a privatização deve ter como participantes
fundos de investimento e de pensão, além de atuais acionistas da
companhia, como Banco Clássico, Citibank e fundos
da gestora 3GRadar.
Apesar das críticas à proposta do governo para a Eletrobras,
Alquéres defende que o caráter estatal da companhia gerou nos
últimos anos “extremas disfuncionalidades ligadas à politização no
preenchimento de cargos-chave”, além de casos de corrupção,
expostos na Operação Lava Jato.
Ele defendeu um modelo para a privatização em que o governo
ainda manteria uma Eletrobras estatal para controlar ativos como a
hidrelétrica binacional de Itaipu, as usinas nucleares de Angra e
futuros projetos elétricos internacionais, enquanto subsidiárias da
companhia poderiam ser vendidas em separado, até mesmo dentro do
modelo de corporação avaliado pelas autoridades.
“As controladas até poderiam ser corporations, mas sem golden
shares e outras condições que engessem seu funcionamento”,
defendeu.
Ex-presidente da Eletrobras entre 1993 e 1994, Alquéres foi
conselheiro da companhia em 2012, mas renunciou após a presidente
Dilma Rousseff prometer uma redução nas tarifas de
energia que impactou fortemente as finanças da estatal. No ano
passado, ele assumiu a presidência do Conselho da elétrica, cargo
ao qual renunciou em março, por razões pessoais.
ELETROBRAS PNB (BOV:ELET6)
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