O sinal vermelho do Ibama para a Petrobras avançar com
perfuração na Margem Equatorial brasileira, considerada uma nova
fronteira exploratória de petróleo, deverá levar a companhia a
olhar com mais afinco oportunidades no exterior, disseram fontes à
Reuters.
Esse movimento deverá ser reforçado caso persista a visão de que
o país não deve explorar novas bacias como a Foz do Amazonas e
Potiguar, já que a Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) vê o petróleo
inclusive como a principal fonte de recursos para financiar sua
busca pela transição energética e vai começar a lidar no futuro com
o declínio da produção de importantes campos do pré-sal.
O “plano A, B e C” da Petrobras ainda é Margem Equatorial, uma
extensa área que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá, com
importante potencial para petróleo, disse uma pessoa próxima às
discussões na empresa, que aguarda uma resposta do Ibama sobre um
recurso para exploração da Foz do Amazonas, após o órgão ambiental
negar um pedido.
A Margem Equatorial é vista como oportunidade única de a
Petrobras repor suas reservas de petróleo.
Empresa vai direcionar até 15% do capex total para baixo
carbono, que considera projetos em energias renováveis e em
descarbonização das operações
“Com toda essa discussão e com toda a exposição que a Petrobras vem
enfrentando na Margem Equatorial, muito provavelmente haverá uma
estratégia de potencializar o portfólio internacional”, disse a
fonte, na condição de anonimato.
A pessoa reiterou que a Petrobras nunca deixou de olhar as
oportunidades no exterior, “mas a luz dos pontos que estão sendo
elencados, é importante olhar com mais afinco”. Isso poderia
incluir, inclusive, áreas da Guianas e Suriname, com
características semelhantes à Margem Equatorial brasileira.
A Reuters informou anteriormente que a Petrobras avaliava lances
em leilão de áreas de petróleo na Guiana inicialmente marcado para
abril, mas cujas ofertas das petroleiras interessadas foram adiadas
para meados de julho. O país estima ter até 25 bilhões de barris de
petróleo e gás em sua costa, próxima da linha do Equador.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, confirmou em
entrevista recente ao jornal O Estado de S.Paulo, que, caso o
governo não aprove a exploração em áreas como a Foz do Amazonas, a
empresa poderia avaliar como alternativa a possibilidade de voltar
a se internacionalizar, incluindo áreas da Guiana e Suriname.
O avanço para fronteiras exploratórias, segundo especialistas
ouvidos pela Reuters, se faz necessário após o Brasil tardar em
relevar, até o momento, novas grandes descobertas a partir das seis
rodadas de partilha de produção do pré-sal, iniciadas há cerca de
10 anos, e que continham as maiores apostas do governo para manter
o país como um grande produtor de petróleo por mais tempo no
futuro.
A produção brasileira de petróleo somou em março 3,115 milhões
de barris por dia (bpd), sendo que 76% de origem em campos do
pré-sal, a grande maioria sob operação da Petrobras. A previsão, é
que esse volume siga crescendo para tocar um pico de 5,4 milhões de
bpd em 2029, antes que comece a declinar, segundo dados da Empresa
de Pesquisa Energética (EPE).
Procurada, a Petrobras não comentou o assunto.
INVESTIMENTOS
Atualmente, a petroleira já tem ativos exploratórios em
Colômbia, Argentina e Bolívia. Mas a maior parte dos seus
investimentos previstos está hoje destinada ao Brasil.
No caso da Colômbia, onde estão previstos dois novos poços em
2024, a empresa anunciou em julho do ano passado a maior descoberta
de gás do país.
A empresa também planeja continuar atividades já em curso na
Bolívia e na Argentina, disse uma fonte.
Em seu atual plano de negócios 2023-2027, que está em revisão, a
petroleira prevê 6 bilhões de dólares em exploração, considerando
16 poços na Margem Equatorial, 24 nas Bacias do Sudeste, onde
considera um potencial exploratório remanescente, principalmente no
pré-sal, além de dois em áreas contratadas na Colômbia.
Embora com um menor número de poços planejados, a Petrobras
deseja investir no período quase 3 bilhões de dólares nas
atividades exploratórias da Margem Equatorial, com elevado
potencial para novas descobertas, porém com enormes desafios
socioambientais.
Outros cerca de 2,7 bilhões de dólares estão previstos para o
Sudeste, enquanto o restante para outras áreas.
RENOVÁVEL NO EXTERIOR
A nova gestão da Petrobras, que tomou posse neste ano com a
eleição do governo Lula, está revisando o plano de negócios da
empresa, que manterá seu foco no petróleo, mas também buscará ser
uma protagonista no Brasil na transição energética, com uma visão
de mais longo prazo.
O novo diretor Executivo de Transição Energética e
Sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, disse
recentemente, inclusive, que o exterior é também uma opção para a
petroleira iniciar projetos de transição, como eólicas offshore, em
parceria com outras empresas, para ganhar experiência enquanto não
há ambiente regulatório no Brasil para isso.
Tal direção representa uma guinada na companhia, que sob a
gestão do governo anterior, de Jair Bolsonaro, estava vendendo uma
grande quantidade de ativos, também no exterior, para focar em
áreas altamente rentáveis do pré-sal, mantendo discussões sobre a
transição em grande parte nos departamentos de pesquisa.
Tolmasquim também tem destacado que investimentos em petróleo
ainda dão retornos superiores e que serão importantes para
financiar a transição energética. Nesse caminho, o executivo
ponderou que a empresa buscará elevar a produção de petróleo, mas
mantendo suas emissões baixas.
Para que novos projetos de produção sejam agregados no
portfólio, atualmente, a empresa exige que ele seja competitivo com
o barril do petróleo a 35 dólares e que não opere a intensidade de
emissões acima da atual média do “upstream” da Petrobras, que é de
15 kg de CO2/barril, contra uma média global de 18kg de
CO2/barril.
Informações Infomoney
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024