A Cyrela Brazil Realty apresentou lucro líquido de R$ 328
milhões no primeiro trimestre de 2025, aumento de 23% em relação ao
mesmo período de 2024, de acordo com balanço.
A receita líquida totalizou R$ 1,953 bilhão, crescimento de 24%
na mesma base de comparação anual.
O crescimento nos resultados está relacionado à expansão dos
lançamentos e das vendas de imóveis da Cyrela nos últimos
trimestres, contando com empreendimentos mais rentáveis.
Além disso, houve aumento na receita com juros, especialmente
vinda de financiamentos concedidos pela subsidiária CashMe. Outro
fator que contribuiu foi o aumento dos ganhos oriundos das
incorporadoras investidas Cury, Lavvi e Plano & Plano.
A margem bruta subiu 1,1 ponto porcentual, para 32,5%. A margem
bruta ajustada (excluindo juros apropriados no custo) teve alta de
1,3 p.p, indo a 34,4%%. Já a margem líquida teve leve contração de
0,2 p.p., para 16,8%.
As despesas comerciais atingiram R$ 201 milhões, expansão de 31%
acompanhando o aumento na quantidade de projetos. Da mesma forma,
as despesas gerais e administrativas foram de R$ 127 milhões, alta
de 19%.
O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas
financeiras) gerou uma receita de R$ 59 milhões, montante 4,5 vezes
maior na comparação anual, puxada pelas receitas de financiamentos
concedidos pela Cashme.
A linha de equivalência patrimonial (que apura os resultados
oriundos de empreendimentos feitos em sociedade e empresa
investidas) gerou ganhos de R$ 113 milhões, aumento de 12%.
A Cyrela reportou geração de caixa de R$ 71 milhões. A
incorporadora tem R$ 3,012 bilhões em caixa e outras
disponibilidades.
A dívida líquida ajustada no fim do trimestre era de R$ 917
milhões, um aumento de 24% em um ano. Por sua vez, a alavancagem
(medida pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido)
caiu 1,1 pp, para 9,3%.
Operacional
Em sua apresentação de resultados, a Cyrela observou que 2025
começou com um ambiente global de incertezas, com volatilidade,
gerando impactos nos mercados financeiros e nas expectativas de
crescimento.
No Brasil, a empresa de Elie Horn apontou que o ambiente
permanece desafiador, com taxas de juros em patamar elevado e
restritivo, exigindo maior prudência e seletividade por parte dos
agentes econômicos. “O ambiente de maior complexidade exigirá
decisões cada vez mais criteriosas”, afirmou a direção.
Apesar disso, a Cyrela avaliou que teve um desempenho positivo
no primeiro trimestre do ano, com evolução nas principais métricas
operacionais em relação ao mesmo período.
Conforme já divulgado, a incorporadora lançou 18 empreendimentos
no primeiro trimestre de 2025, o equivalente a um valor geral de
vendas (VGV) próprio de R$ 3,383 bilhões, montante 183% maior do
que no mesmo período de 2024. As vendas líquidas foram de R$ 2 112
bilhões, aumento de 34% na mesma base de comparação anual.
Os resultados da Cyrela (BOV:CYRE3)
referentes às suas operações do primeiro trimestre de 2025 foram
divulgados no dia 15/05/2025.
VISÃO DO MERCADO
Após uma série de resultados acima das expectativas, a Cyrela
reportou um conjunto fraco de resultados no primeiro trimestre.
O lucro líquido foi de R$ 328 milhões, 15% abaixo do consenso de
mercado, encerrando uma sequência de três trimestres consecutivos
com surpresas positivas.
De acordo com JPMorgan, o resultado foi impactado por uma
combinação de receita abaixo do esperado e aumento nas despesas
operacionais (SG&A).
Apesar do resultado fraco, o JPMorgan acredita que os números
decepcionantes parecem já estar precificados. As ações da Cyrela
ficaram praticamente estáveis no último mês, enquanto o Ibovespa
subiu 8% e os pares CURY e Direcional avançaram entre 10% e 14% no
mesmo período.
O retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês)
segue acima do custo de capital da empresa, rodando em torno de 18%
nos últimos 12 meses, o que justifica a atual valorização de 1,05
vez Preço/Valor Patrimonial. Além disso, o papel está barato em
termos de Preço/Lucro para 2025, negociando a 4,9 vezes, contra 7,4
vezes da EZTEC, 10,0 vezes da CURY e 8,6 vezes da Direcional.
O JPMorgan manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$
31.
Na avaliação da Genial Investimentos, a Cyrela apresentou
resultados razoáveis no 1T25, com destaque para a forte geração de
caixa de R$ 71 milhões — bem acima da sua estimativa —, o que levou
a uma nova redução na alavancagem, com a dívida líquida/patrimônio
líquido caindo para 9,3%.
Dada a atual deterioração da acessibilidade habitacional, a
Genial espera que a maioria das incorporadoras voltadas para a
média e alta renda enfrente uma desaceleração nos próximos
trimestres.
Embora a Cyrela não esteja imune aos desafios macroeconômicos —
como menor atividade econômica e aumento das taxas de financiamento
imobiliário —, a Genial acredita que ela está bem posicionada para
superar os concorrentes, devido a: (i) sua diversificação de
receitas e capacidade comprovada de atuar tanto nos segmentos de
baixa quanto de alta renda; (ii) sua flexibilidade para ajustar o
mix de lançamentos de acordo com as condições de mercado —
incluindo foco nos extremos da distribuição de renda; e (iii) uma
valoração pouco exigente, sendo negociada a 1,0 vezes Preço/Valor
Patrimonial e 5,8 vezes Preço/Lucro estimado para 2025.
Aos níveis atuais, a Cyrela apresenta um earnings yield
(rendimentos de lucro) de 20,0% nos últimos 12 meses segundo
estimativa da Genial — bem acima de seu custo de capital estimado
—, o que sustenta a recomendação de compra e preço-alvo de R$
34.
O Itaú BBA, por sua vez, não acredita que o resultado do
trimestre comprometa significativamente os números projetados para
o final do ano, uma vez que espera uma aceleração operacional nos
próximos trimestres.
O BBA manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 36.
Após um 4T24 recorde, o mercado local passou a projetar cerca de
R$ 2 bilhões de lucro para 2025, acima dos R$ 1,8 bilhão previstos
pelo do BBI. Apesar de uma forte valorização no ano (50% contra 16%
do Ibovespa), a ação ficou para trás no último mês (-0,6% ante 8%),
refletindo a expectativa de um 1T25 mais fraco.
O lucro 15% abaixo do consenso — devido à margem bruta mais
baixa e menor contribuição de renda variável — deve pesar
negativamente sobre as ações no curto prazo, ainda que o BBI não
altere suas projeções para o ano.
A Cyrela segue como referência de “beta de qualidade” no Brasil,
mas o desempenho das ações dependerá da continuidade da queda do
custo de capital. A participação do MCMV deve crescer de 30% dos
lançamentos em 2025 para 45% em 2026, o que é positivo por ser um
segmento mais defensivo. O BBI manteve recomendação de compra, com
preço-alvo de R$ 31.
Embora uma leve fraqueza na receita já estivesse no radar, o
Morgan Stanley acredita que a margem bruta e o mix de produtos
abaixo do esperado devem gerar questionamentos relevantes. Na visão
do banco, os comentários da administração sobre o ritmo de vendas
(SoS) da segunda fase do projeto Jockey, assim como as perspectivas
de rentabilidade para os próximos trimestres, terão um peso maior
na narrativa e na reação das ações.
O Morgan manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 23.
Já a XP avalia os resultados da Cyrela como positivo e em linha
com suas expectativas. A receita líquida aumentou para R$ 1,95
bilhão, impulsionada pelo robusto crescimento das vendas
líquidas.
A margem bruta aumentou para 32,5%, ajudada por (i) um mix de
receitas de maior margem e (ii) um efeito T/T mais suave dos
ajustes a valor presente. O EBITDA aumentou para R$416 milhões
(+15% A/A) devido (i) ao crescimento da receita e (ii) ao aumento
do resultado de equivalência patrimonial. No entanto, o aumento das
despesas comerciais causou uma ligeira queda na margem.
A XP acredita que a empresa continua a combinar um crescimento
operacional robusto com uma dinâmica de lucros resiliente. Na
opinião da corretora, a exposição bem equilibrada da Cyrela em
todos os segmentos de construtoras, juntamente com a sólida força
da marca, deve ajudar a empresa a manter um forte crescimento
operacional, apesar do ambiente macro desafiador. Com isso,
reiterou recomendação de compra.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão
CYRELA REALT ON (BOV:CYRE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2025 até Jun 2025
CYRELA REALT ON (BOV:CYRE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jun 2024 até Jun 2025